Quarto para você romance Capítulo 874

Ângela não tinha certeza do motivo, mas seus olhos ficaram embaçados enquanto ela falava. Desconcertada, olhou para baixo e desviou seus olhos do olhar intenso dele.

Richard estava sem palavras, atordoado por todas as perguntas que ela jogou nele. Não sabia por onde começar.

Ela esperou por sua resposta, mas quando não lhe deu nenhuma, um sorriso amargo se formou em seus lábios enquanto desafiadoramente perguntava: “Não é ciência de foguetes. Tudo o que você tem que fazer é responder sim ou não.”

“Não quero responder”, disse monotonamente, soltando-a e virando-se para continuar à frente.

Foi nesse momento que a mulher teve certeza de que não era nada mais do que um trabalho e que teria mostrado o mesmo nível de dedicação mesmo que fosse qualquer outra garota. Ela não era especial.

Nesse caso, ela não precisava se torturar e iludir a si mesma pensando que era diferente, que significava algo para ele.

Felizmente, a trilha ficou mais fácil à medida que se aproximavam do pé da montanha. Quando deu o último passo para encerrar a caminhada, Ângela pensou que suas pernas a trairiam. Rapidamente encontrou uma pedra grande e plana para se sentar, então chamou o homem à sua frente: “Ei, você pode continuar! Vou ficar aqui e recuperar o fôlego por um tempo.”

Richard a olhou por um tempo e saiu sem dizer mais uma palavra.

A entrada da base estava bem próxima mesmo. Não havia motivo para perder tempo aqui cuidando dela. Foi o que ela disse a si mesma enquanto observava sua figura se afastando, mas por algum motivo, as lágrimas surgiram em seus olhos mais uma vez. Fungou para aliviar a sensação de picadas no nariz. Droga, o que há de errado comigo? Se recomponha. Você foi quem pediu para ele ir embora, e agora está chorando como uma criança abandonada em um parquinho? Se recomponha! Você é apenas um trabalho para ele. Apenas alguém que tem que proteger. Você não é a namorada dele. Lembre-se disso.

Ela deu um tapinha na cabeça como se quisesse se sacudir. Odiava ser tão sentimental, porque nada de bom saía disso. No passado, havia sido tão enganada pela bondade ocasional de David que ficou cega para seus outros defeitos. Agora, Richard estava sendo gentil com ela porque era seu dever protegê-la, mas estava lendo muito nas entrelinhas, a ponto de começar a se apaixonar por ele.

Ela odiava estar tão desesperada por se sentir amada.

Fechando os olhos, Ângela respirou fundo e limpou a mente. Quando os abriu novamente, não havia lágrimas brilhantes nem emoções confusas.

“Pobre Sra. Ângela. Vai ficar desolada!”, disse Thiago preocupado.

Richard franziu a testa. Não tinha o direito de esconder isso dela, o que significava que era obrigado a contar a ela a verdade.

Enquanto isso, quando ela havia organizado seu quarto, sentou-se no sofá e deixou sua mente vagar. Disse que estava vagando, mas na verdade ficava revivendo a cena na trilha onde havia acontecido o beijo. Tinha sido apenas um momento fugaz, mas deixou uma sensação de formigamento no fundo do seu estômago que não desaparecia.

Quanto mais pensava, mais profundo era seu rubor e mais rápido seu coração batia. Aquela fora a primeira vez que beijou um homem por iniciativa própria, mas o fato de que ele estava impassível com isso a fazia sentir-se uma perdedora patética.

No momento em que estava se afogando em seu próprio constrangimento, uma batida veio da porta.

Ela se levantou e estendeu a mão para abrir a porta, e foi recebida por Richard, que parecia tão bonito quanto impassível. O ar ao seu redor de repente parecia fino, e ela piscou enquanto perguntava perplexa: “O que foi?”