Rainha das Lágrimas: A Última Batida do Coração romance Capítulo 5

Orelia não disse nada, apenas levantou-se silenciosamente e saiu da cama.

"Hoje você recebe alta, né? E seu marido? Como não veio te visitar?" A paciente do leito ao lado era uma irmã mais velha muito prestativa, que havia perdido seu segundo filho, mas mantinha uma atitude positiva.

"Só você pode falar tanto." O marido da irmã mais velha resmungou, sem realmente repreendê-la, enquanto massageava suas pernas.

Orelia observava calmamente, seus olhos involuntariamente se enchendo de lágrimas.

Esse era provavelmente o tipo de casamento que ela invejava...

Simples, aconchegante.

Sentindo um calafrio nas costas, Orelia apertou mais o casaco.

...

Cidade Oceano, Vila Azul.

"Presidente Ramos, Hedy é uma novata cheia de potencial, pode ter certeza. Com o senhor cuidando dela em Cidade Oceano, o futuro dela é promissor."

Na mesa, Osíris olhava para seu celular, aparentemente desanimado.

Seu assistente havia enviado uma mensagem dizendo que Orelia precisava receber alta hoje.

Hedy, sentada ao lado de Osíris, sorriu timidamente, um pouco envergonhada. "Osíris, eu bebo por você".

"Hedy é como uma irmã para mim, vou precisar que vocês, diretores, cuidem bem dela de agora em diante." Claramente, todos ali haviam entendido mal o relacionamento entre ele e Hedy.

A mão de Hedy segurando a taça travou por um momento, ela sorriu para aliviar o constrangimento. "Osíris sempre cuida muito bem de mim."

"Nosso Presidente Ramos está fazendo um grande sacrifício pela popularidade de Hedy." O agente de Hedy sorriu, incentivando-a a brindar com Presidente Ramos. "Hedy, vamos, brinde com o Presidente Ramos."

Osíris franzia a testa levemente, lembrando-se do rosto sem vida de Orelia na cama do hospital.

Massageando a testa, Osíris acendeu um cigarro. "Bebam sem mim, tenho assuntos para resolver."

Ele não podia simplesmente não ir até Orelia após sua alta.

"Osíris..." Hedy parecia nervosa, hoje era seu aniversário e ela havia feito questão de chamar as pessoas importantes para ela na Cidade Oceano, se Osíris fosse embora agora, seria uma situação constrangedora para ela.

Quando ela chegou ao corredor, Hedy falou baixinho, aproveitando o fato de que não havia ninguém por perto. "Foi a cunhada que entendeu errado?"

Osíris hesitou por um momento, claramente não acostumado com a referência à "cunhada".

"Hoje é seu aniversário, divirta-se." Osíris olhou para o relógio e saiu apressado.

Hedy se sentiu desapontada, baixando os olhos, que já estavam vermelhos.

Ela estava magoada, queria que Osíris ficasse com ela, mas sabia muito bem que Osíris não era só dela.

Ele tinha uma esposa oculta.

"Droga!" Osíris socou com raiva o vidro do banheiro, respirando com dificuldade.

Orelia estava mesmo levando tudo a sério?

No banheiro, onde deveria haver espaço para duas escovas de dente, agora restava apenas a dele.

Osíris sentia uma estranha mistura de emoções, mas simplificava esse sentimento de perda como algo relacionado ao hábito.

Haviam se passado três anos desde que ele e Orelia haviam se casado secretamente. Até criar um cachorrinho criaria laços afetivos.

Ele não amava Orelia, mas sempre soube o quanto ela significava para ele.

Afinal de contas, ele, Osíris, não precisava de amor em sua vida. Orelia era sua esposa.

Uma parte essencial e, ao mesmo tempo, insignificante de sua existência.

Lavando o sangue das costas de sua mão, Osíris não conseguia entender... por que ele havia ficado tão irritado?

Seria porque Orelia, sempre tão dócil e compreensiva, havia se rebelado?

Osíris preferia pensar que Orelia estava apenas fazendo birra, afinal, ele podia entender, considerando o aborto espontâneo e a cirurgia a que ela havia sido submetida.

Deixá-la se acalmar na casa de Calina por alguns dias talvez fosse melhor. Talvez ela voltasse ao normal.

Mas quando ele abriu a porta do quarto, Osíris congelou no lugar.