Diante da pergunta de Victoria, Ramires arqueou levemente as sobrancelhas e respondeu num tom lânguido: “Ficou quente demais cozinhando, então tirei.”
Victoria olhou para o avental de tecido grosso e depois para a camisa leve sobre o encosto da cadeira, com uma expressão de dúvida no rosto.
Se estava com calor, por que ainda usava o avental?
Por que não tirar a camisa de uma vez?
Aventais, por definição, são para proteger de gordura e sujeira, mas quando usados diretamente sobre o corpo, não oferecem muita proteção e, em vez disso, trazem um toque de insinuação.
Ainda mais considerando o físico de Ramires, com ombros largos e cintura fina, seus músculos eram firmes e bem definidos.
Sob a luz suave e amarelada, ele estava mais sedutor do que qualquer influenciador em transmissão ao vivo.
Era como se um anúncio impróprio tivesse surgido inesperadamente numa janela pop-up da internet.
Victoria pigarreou, “Vou lavar as mãos primeiro.”
Ramires não a impediu, apenas perguntou: “Esqueci de perguntar, você prefere comer, tomar banho ou primeiro—”
Primeiro o quê?
Victoria temeu ouvir algo ainda mais ousado da boca dele e correu em direção à pia.
Mas Ramires, com agilidade, puxou-a para seus braços, descansando o queixo sobre seu ombro, e murmurou num tom de lamento: “Mal casamos, e a senhora já está entediada?”
Aquele tom, como se fosse um cachorro grande e triste.
Victoria finalmente percebeu.
Será que Ramires estava tentando... seduzi-la?
Victoria respirou fundo, “Vamos, vamos comer primeiro.”
“Claro.” Ramires a acomodou em seu colo, “Comamos primeiro.”
Victoria sentiu-se um pouco desconfortável, “Você não vai comer?”
Ramires sorriu com os olhos semicerrados, “Não se preocupe, coma à vontade.”
*
No dia seguinte.
Gustavo quebrou a cabeça, tentando encontrar provas de que Victoria via Ramires como um substituto.
Ele chegou cedo à empresa, e ao passar pelo escritório de Noemia, viu que ela ainda não havia chegado, então decidiu ligar para Victoria, na tentativa de insinuar que Noemia não era profissional.
Naquele momento, o assistente estava acompanhando Nathan, em frente a um apartamento alugado.
Era o apartamento que Nathan e Noemia haviam alugado juntos.
No último andar de um prédio antigo e pequeno, sem elevador, cada subida era uma tarefa extenuante.
A porta de ferro, cheia de anúncios colados, ainda exibia os enfeites de Ano Novo que ele e Noemia haviam colocado juntos.
As lembranças estavam vívidas.
Mas diante da porta, havia duas grandes caixas de papelão.
Os olhos de Nathan se estreitaram.
Dentro delas, estavam todas as suas coisas.
Escova de dentes, aparelho de barbear, roupas...
Todos os seus pertences haviam sido despejados!
Incluindo um coelho de pelúcia que ele havia dado a Noemia.

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