Reconquistando a Ex-Esposa: Paixão e Poder romance Capítulo 1092

Às sete horas da noite, na região da Capital, Rafael Souza observava os documentos em suas mãos sem piscar.

Ao entardecer, visitara a antiga casa da família para organizar alguns pertences deixados por seu avô, Vovô Souza. Os bens eram escassos e não haviam deixado nada de substancial para a próxima geração. Agora, a maior parte das ações da família estava firmemente nas mãos de Rafael, tornando inúteis quaisquer disputas por parte dos outros membros.

Rafael esperava que, ao organizar os pertences de Vovô Souza, pudesse evitar pensar em Patrícia Ribeiro. Mas a sequência de números que abria o cofre era como uma agulha cravada em seu coração. Ele se lembrava do terremoto durante a tentativa de resgate de Patrícia, quando a porta teimava em não abrir. Em meio à confusão, ela tentou várias combinações até que a porta finalmente se abriu.

Naquela época, ele confiava tanto nela que jamais considerou aquilo um mero acaso. Como alguém poderia acertar a combinação certa com apenas alguns palpites? Nunca questionou suas intenções, ocupado demais com as memórias de vida e morte compartilhadas. Agora, percebe que a combinação era a data de nascimento de Ayrton Souza, a mesma do cofre de Patrícia. Talvez todos os seus segredos estivessem nesses números.

Revisitar esses pensamentos era como receber várias bofetadas. Naquela caminhada pela floresta, o ar era tão puro, e ela, apoiada em suas costas, sussurrava sobre sua infância. Como uma criança, chutava suas pernas e enxugava seu suor com carinho. Ele desejava que aquele caminho nunca terminasse.

Com um sorriso irônico, Rafael ponderava se tudo não passara de uma atuação de Patrícia. Se fosse, ela mereceria um prêmio por sua performance. Será que ela nunca sentira nada? Ele começava a rememorar os detalhes de seu relacionamento, mas os momentos de alegria eram tão escassos... O que começou como um acordo, transformou-se em amor em menos de duas semanas, e já havia terminado. Rafael pensava que aquilo seria o início de algo maior, mas acabou sendo apenas um breve lampejo.

Sentado no sofá, ele sentia-se prestes a se fundir com a escuridão ao redor. Os empregados da Moradia Visobelo já haviam partido, deixando-o sozinho na casa. Após guardar os pertences de Vovô Souza, ouviu a campainha. Relutante em ver alguém, ficou ali até ouvir a voz de Eduardo Nunes do lado de fora.

"Rafael, abra a porta."

Ao abrir, viu Eduardo com algumas garrafas de vinho, seguido por Tiago Rezende. Eles entraram, fechando a porta atrás de si. Eduardo colocou as garrafas sobre a mesa.

"Trouxe um vinho que guardei por anos. Vamos beber. Cassio também vem, deve chegar em uns dez minutos."

Era evidente que estavam ali para lhe fazer companhia, sabendo quão difícil era a perda de Vovô Souza para Rafael. Após servir o vinho, Eduardo notou a penumbra envolvente, mas ninguém se moveu para acender mais luzes. Talvez a obscuridade fosse um refúgio para os corações atribulados.