Rejeitada, mas reivindicada pelos seus quatro alfas romance Capítulo 1

Sable

As luzes fluorescentes no teto emitem um zumbido fraco e incessante que machuca minha cabeça, machucada quase tanto quanto a iluminação intensa. Eu encaro o cabelo preto brilhante do Doutor Patil enquanto seus dedos ágeis, vestidos em luvas cirúrgicas azul safira, mexem no meu tornozelo.

Ele já fez raio-x do meu braço e brilhou sua luz nos meus olhos para verificar minhas pupilas em busca de sinais de concussão. Ele descartou algum dano cerebral, mas soltou um longo e baixo assobio nas outras partes de mim que não tiveram tanta sorte.

Doutor Patil, pressiona em um ponto particularmente dolorido, e eu gemi entre os dentes, me agarrando a mesa coberta de papel.

"Está doendo aqui?", pergunta o Doutor Patil, pressionando o nódulo novamente como um maldito sádico.

Minha mandíbula se contrai enquanto tento conter o impulso de puxar minha perna de sua mão. "Sim, está doendo!"

Eu percebo seu olhar pausar sobre as cicatrizes em forma decrescente acima do meu joelho, mas ele não diz nada. O mesmo olhar suspeito, cruzou seu rosto quando ele viu as cicatrizes nos meus braços. E novamente quando ele levantou minha camisa para pressionar minha barriga e verificar qualquer anormalidade interna, apenas para encontrar mais cicatrizes - algumas delas antigas e desbotadas, outras frescas e brilhantes.

Doutor Patil dá um passo para trás e se acomoda em seu pequeno banco com rodinhas. Se afastando um pouco de mim, ele abaixa a cabeça para capturar meu olhar, suas palavras são ponderadas e cuidadosas. "Me conte de novo, como aconteceu. Você consegue fazer isso, Sable?"

Tio Clint se mexe, o movimento tão sutil que aposto que o médico nem percebe. Meu tio está encostado na parede perto da porta, com sua camisa de flanela azul enfiada em sua calça jeans, as mangas dobradas até os cotovelos. Ele tem a pele morena escura de um homem que passou a vida sob o sol de Montana - e aquele corpo celeste em particular fez pouco para preservar qualquer beleza que ele possa ter tido. Agora, com mais de cinquenta anos e uma cabeça calva, ele parece uma batata seca e enrugada com uma barriga de cerveja.

Ele me encara por cima da cabeça do Doutor Patil, olhos escuros prometendo retaliação se eu der um passo fora da linha.

Meu estômago parece se revirar, uma sensação de peso familiar se instalando sobre mim, enquanto olho de volta para o médico.

"Eu caí," falo com um nó na garganta. "Descendo as escadas. Carregando a roupa para o porão."

"Você costuma ser desajeitada?" O Doutor Patil analisa minha ficha e depois volta a olhar para mim. Ele tem olhos cinza surpreendentes que parecem estar em desacordo com sua pele escura e cabelo. Eles também parecem ver muito mais do que o meu médico habitual Doutor Jones.

Dou de ombros, arrepios surgindo na minha pele enquanto meus nervos formigam. As implacáveis luzes fluorescentes, iluminam demais as cicatrizes que cobrem meu corpo. Cada linha fina de pele branca e enrugada conta uma história que meu tio não quer que seja contada. Depois de anos de visitas, anos de lesões e hematomas e estranhos problemas de saúde, o Doutor Jones só vê os cifrões que cada uma dessas coisas marcam em sua conta final. Ele não faz perguntas. Mas o Doutor Jones está fora esta semana, então temos o Doutor Patil em seu lugar.

Tio Clint não me traz para o hospital para cada pequena lesão. Apenas as graves, as que claramente precisam de cuidados extras. Infelizmente meu tio me machucou demais esta noite.

E infelizmente para nós dois, o Doutor Patil faz perguntas.

"Eu tenho um problema interno em meus ouvidos " conto, repetindo a mesma desculpa que tenho usado há anos. "Meu equilíbrio é terrível. Tio Clint me diz para usar o escorregador de roupas, mas sou teimosa."

E sorrio, tentando adicionar um pouco de calor por trás da minha última afirmação, mas tenho absoluta certeza de que parece mais dolorido do que afetuoso.

O Doutor Patil estreita os olhos, então gira em seu banco. "Sr. Maddock? Você poderia nos dar um momento a sós, para eu e a Sable?"

Tio Clint se endireita da parede, mas deixa os braços cruzados sobre seu peito largo. "Não, senhor. Você não é nosso médico habitual. Não vou deixar minha garota preciosa sozinha com um estranho."

Deus, o Doutor Patil teria que ser um idiota para não ouvir a nota falsa e melosa na voz do meu tio.

Garota preciosa. Certo. Mais como saco de pancadas.

O Doutor Patil, para seu crédito, não parece nem um pouco intimidado pelo aviso grosseiro do tio Clint. "Você entende que aos dezoito anos, ela é uma adulta crescida, e estaria no direito dela de pedir para você sair da sala."

Minha pele fica fria quando entendo o que ele está me dizendo. “Diga a palavra, Sable, e eu farei com que a segurança o remova da sala para que possamos conversar de verdade”. Seu sotaque indiano e sua voz melodiosa, são um bálsamo para todas as dores que já senti ao entrar neste consultório, até as que estão dentro de mim.

Mas eu não posso fazer o que ele está sugerindo. Não posso dizer ao Tio Clint para sair para que eu possa confiar neste doce médico, que sabe que algo não está certo.

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"Não, tudo bem. Eu prefiro que meu tio fique comigo." Minha voz sai pequena. Deprimida. Tenho certeza de que o Doutor Patil também percebeu isso. Clint e eu estamos encenando uma novela, e este homem enxerga direto através dela. É uma pena que não haja nada que ele possa fazer para me salvar.

O Doutor Patil gira em seu banco novamente, seu longo jaleco branco fazendo um barulho suave. Ele franze os lábios enquanto me olha, como se estivesse tentando resolver um quebra-cabeça que está faltando peças. Há piedade em seu olhar, preocupação gravada nas linhas que contornam sua boca.

"Sable, estás bem?" Ele fala devagar, como se estivesse me pedindo para responder com a verdade.

O olhar do tio Clint é como fogo queimando meu rosto, e meu estômago se retorce em um nó ainda mais apertado.

"Bem, doutor, eu caí escada abaixo e quebrei meu braço, então eu diria que já tive dias melhores," brinco, forçando uma leveza em meu tom de voz. Eu quero sinalizar para este homem - este bom homem - que eu preciso de ajuda. Eu quero admitir para ele que meu tio me bate e me mantém trancada em casa como um animal.

Mas eu não posso. Eu sei muito bem o que acontecerá comigo se eu sequer insinuar a verdade.

Eu coloco um sorriso em meu rosto. "Além dos solavancos e hematomas, estou bem."

O doutor Patil me olha com firmeza. O ácido sobe pela minha garganta enquanto a náusea borbulha dentro de mim. Eu rezo para que ele desista. Quanto mais ele luta para arrancar a verdade de mim, pior será para mim depois. Por favor, por favor, deixe isso para lá, eu o instigo silenciosamente, mantendo aquele maldito sorriso lunático em meu rosto.

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