Rejeitada, mas reivindicada pelos seus quatro alfas romance Capítulo 89

[Sable]

Eu me afasto do toque protetor e reconfortante dos meus companheiros e coloco os pés no chão frio de madeira.

— Se você fizer panquecas para o café da manhã, eu te conto.

— Isso eu posso fazer. — ele diz com um sorriso.

Enquanto misturamos a massa das panquecas, conto a Ridge o que contei ao resto dos rapazes sobre a coisa estranha que aconteceu quando acordei. Assim como Archer, ele adota uma abordagem pragmática.

— Acho que devemos nos preparar para certas manifestações que não podemos explicar. — ele diz. — Estamos em território novo aqui, então devemos esperar o inesperado, quando se trata do seu poder. Mas aconteça o que acontecer, lidaremos com isso. Passaremos por isso como uma equipe.

Eu me inclino em seu braço.

— Obrigada.

Abandonando a massa, ele se vira para mim, me puxando contra seu peito enquanto seus dedos se enrolam em meu cabelo e inclinam meu rosto para cima em direção ao dele.

— Não há nada para me agradecer, lobinha. — ele diz, sua voz um ronco baixo contra mim. — Eu faria qualquer coisa por você. Enfrentaria qualquer coisa com você. Todos nós faríamos.

Então ele me beija, devagar e constante. É reconfortante e doce, mas com uma corrente de calor que promete muito mais de onde veio.

Eu quero mais. Eu quero muito mais. Meu corpo e mente passaram por muita coisa nas últimas vinte e quatro horas, mas ainda consigo sentir uma dor agradável entre as pernas, de quando eu e meus companheiros cimentamos nosso vínculo.

Eu me agarro a essas imagens e sensações lembradas enquanto me levanto nas pontas dos pés para aprofundar um pouco mais nosso beijo. Não importa o que aconteceu depois, incluindo enterrar um corpo morto, me recuso a deixar qualquer coisa estragar a memória daquele momento perfeito.

Finalmente, Ridge quebra a conexão de nossos lábios com um rosnado suave, pressionando sua testa contra a minha. Ele respira fundo como se estivesse reunindo minha essência do ar, reivindicando até mesmo meu cheiro como seu. Então ele beija minha têmpora antes de nos separarmos relutantemente e voltarmos para o balcão da cozinha.

— O que você estava fazendo esta manhã? — Pergunto enquanto ele retoma a tarefa de fazer panquecas. Minha voz está um pouco rouca, mas eu limpo a garganta e finjo que não consigo ouvir.

Ele despe uma concha de massa na frigideira crepitante.

— Eu precisava pensar, e faço isso melhor quando estou correndo.

— Pensar em quê?

É uma pergunta boba, dada tudo o que aconteceu recentemente. Mas eu só quero que ele continue falando. Gosto de ficar em pé sobre o fogão com ele, ajudando-o a cozinhar o café da manhã, enquanto meus outros companheiros tomam café à mesa e conversam entre si. Parece como estar em casa.

— Muitas coisas. O mais importante, como lidar com as dúvidas da matilha. — Ridge diz, sua voz séria. — Acho que nossa melhor aposta, é antecipar as coisas antes que possam começar a nos causar problemas.

— Como assim?

— No final, precisaremos ter uma cúpula e convidar todas as matilhas para um diálogo. Mas por enquanto, uma reunião da Matilha do Norte para discutir essa situação pode ser o melhor lugar para começar. — Ridge desliza a espátula sob uma panqueca borbulhante e a vira habilmente. A manteiga que reveste a frigideira começa a chiar de verdade quando a nova massa atinge a superfície quente. — No meio do desafio de Lawson não foi um bom momento ou lugar para a verdade sobre seus poderes ser revelada. Teremos que fazer algum controle de danos e contar à matilha a verdade. Quanto menos escondermos, melhor.

Eu assinto, pensando como seus próprios pensamentos estão refletindo a maneira como eu me convenci a não mentir para meus companheiros. Mentiras são tão bagunçadas e difíceis de manter. Ridge está certo. Temos que ser abertos e honestos se eu quiser ter uma vida aqui entre essas pessoas.

Só posso esperar que eles me deem essa chance.

Ridge escolhe um horário após o almoço, jurando que os metamorfos recentemente alimentados são mais fáceis de conversar, do que os metamorfos convocados para uma reunião obrigatória sem chance de encher o estômago antes.

Ele se transforma em forma de lobo em seu gramado da frente depois de me dar suas roupas para carregar, e então os cinco de nós seguimos pela estrada em direção à casa da reunião do conselho. A cada poucos metros, Ridge solta um uivo penetrante com três notas curtas e agudas. Um sinal, eu acho, e me vejo certa, quando metamorfos começam a sair de suas casas e se juntar a nós em nossa caminhada.

No celeiro, entrego suas roupas para que ele possa se vestir novamente e depois me junto a Archer, Dare e Trystan em um canto, enquanto Ridge fica na frente e no centro, cumprimentando os membros de sua matilha conforme eles chegam.

Em pouco tempo, o celeiro está lotado. As poucas vezes que vi uma reunião acontecer aqui, nem metade dessa multidão estava presente. Nem mesmo na cúpula de todas as matilhas, para a qual Lawson me arrastou no primeiro dia em que acordei na casa de Ridge. Acho que não deveria ficar surpresa que todos os membros da matilha tenham comparecido a isso. A notícia do que aconteceu durante o desafio se espalhou longe e largo, e até mesmo aqueles que não estavam presentes para ver eu usar magia de bruxa e depois me transformar em loba, estavam clamando por respostas.

— Ela não é perigosa. — Ridge diz, um tom de advertência entrando em sua voz. — E ela não é responsável por sua herança. O bruxo que a criou, era um homem cruel e malvado. Ele passou a maior parte da vida de Sable a torturando. A noite em que ela veio para nossa matilha, foi a mesma em que ela fugiu dele. Ela estava aterrorizada e procurando um refúgio seguro, que nós lhe demos. Aconteceu que no processo ela foi encontrada para ser a companheira de mim, Archer, Trystan e Dare.

Outro murmúrio de preocupação passa pela multidão.

— Quatro companheiros é inaceitável. — uma voz rosna. Não consigo identificar o falante, mas Ridge parece encontrá-lo na multidão, seu olhar estreitando furiosamente. — Vai contra tudo em que acreditamos. Um homem. Uma mulher.

— Gostaria de questionar a magia que é o vínculo de companheiros? — A voz de Ridge é dura. —Acha que está acima do vínculo?

O homem não responde.

— Como sabemos que ela não nos machucará, mesmo que acidentalmente? — outra mulher pergunta. Eu me encolho, porque essa é minha preocupação também, mas pelo menos ela soa apologetica ao perguntar.

O murmúrio na fazenda aumenta um pouco, e Ridge tem que aumentar a voz para se sobressair.

— Sable não é um perigo para vocês. Todos os quatro estamos aqui para ajudá-la a equilibrar seus poderes.

Meu coração bate contra minhas costelas, batendo tão forte e rápido que parece difícil respirar. O nível de ruído está aumentando, à medida que mais perguntas são gritadas para ele. Todos estão tentando falar mais alto que os outros, e eu viro para longe do caos, enterrando meu rosto no ombro de Trystan e desejando que tudo isso pudesse acabar.

— Aquela bruxa não pertence aqui! — um homem rosna.

Eu seguro um soluço, agarrando a camisa de Trystan. Ele está certo. Aquele estranho está certo, eu não pertenço a esse lugar.

Então há outro som, e a magia se espalha pela minha pele. Não a minha magia, mas a sensação de alguém próximo se transformando. Eu me endireito abruptamente, esticando o pescoço para ver quem se transformou.

Não preciso procurar por muito tempo.

O enorme lobo negro de Dare salta para a multidão com um rosnado feroz.