Só quando ouviu o barulho do carro se afastando, ela saiu e observou a sombra do veículo à distância, até que desapareceu de vista, e então arrastou suas pernas fracas de volta para o quarto.
Só de pensar que ficaria dois meses sem vê-lo nem ouvir sua voz, seu coração doía muito, tanto que sentia como se fosse sufocar.
Apesar da tristeza, o cansaço de uma noite sem dormir era maior. Não demorou muito para adormecer depois de se deitar na cama.
Daniel, vestindo uma farda verde-oliva, ajoelhou-se ao lado da cama e abraçou com força a mulher de olhos vermelhos que ali estava deitada.
“Querida, eu preciso ir. Lembre-se de ir comer na casa do seu pai, ou na casa da família Salvador, ou dos meus pais, tanto faz. Que tal eu pedir para minha mãe e minha tia enviarem uma senhora e algumas empregadas para cá?”
Siena ergueu a mão fraca e envolveu a cintura dele. “Não precisa, eu sei me cuidar, não se preocupe comigo.”
“Querido, eu só quero que você volte em segurança. Nenhuma honra ou status é mais importante para mim do que a sua segurança.”
Daniel abaixou a cabeça e beijou seus lábios um tanto secos, o rosto cheio de compaixão e relutância.
Mas ordens militares eram absolutas, e ele precisava partir.
“Tudo bem, se eu tiver uma chance, te ligo. Se tiver medo de ficar sozinha, vá para a casa ao lado, entendeu?”
“Já sei, já sei. Estou exausta, morrendo de sono, quero dormir. Vá logo.”
Ela beijou o canto da boca dele, virou-se e puxou o cobertor para cima, deixando apenas a cabeça de fora.
Daniel a abraçou junto com o cobertor. “Pode dormir. De ontem à noite até esta manhã, você se esforçou muito, minha esposa.”
Vendo que Siena não dizia nada, ele se levantou, ajeitou a roupa, pegou a bagagem arrumada no chão e saiu.
Siena afastou o cobertor; um canto do travesseiro já estava encharcado de lágrimas. Ela sentia muita pena dele.
Ela sabia que ele partiria hoje, por isso, desde a noite anterior até a manhã, ela se agarrou a ele, com medo de que essa partida fosse a última vez que o veria.
Apesar de Daniel ter garantido repetidamente que não haveria perigo, ela ainda tinha medo.

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