Se o amor tivesse vozes romance Capítulo 6

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|Lilly|

Eu cheirei a panela de sopa que estava preparando. O ar morno invadiu minhas narinas, dando-me uma ideia sobre quais sabores eu havia adicionado antes.

"Até que enfim! Está com um cheiro ótimo!" ouvi a voz de Fernanda conforme ela se aproximava de mim. Ergui o olhar para ela, que era mais alta do que eu. Ela tinha os cabelos presos em um rabo de cavalo, assim como eu, parecíamos quase iguais, mas ela parecia mais cansada e desgastada do que eu.

Sorri para ela e assenti.

Era aquela única vez no dia em que os Alphas e Betas estavam fora no campo de treinamento. Era o único momento em que tínhamos um sorriso no rosto porque ninguém estava lá para nos julgar ou machucar. Mas só durava no máximo três horas porque as Betas femininas voltam mais cedo do treino.

"Preciso te contar uma coisa." Fernanda começou de novo. Virei-me para ela enquanto minha mão ainda mexia a sopa. "Acho que você vai precisar de um corte de cabelo," ela disse com um riso provocador.

Revirei os olhos para ela.

"Mas o que eu queria perguntar é, você sabe linguagem de sinais?" ela perguntou.

Virei-me para ela e dei-lhe uma expressão de 'você está falando sério?'. Porque não havia como eu ter a chance de aprender a linguagem de sinais. Nós só aprendíamos a ler e escrever, nada mais.

"Tudo bem. Quero conversar com você. Tipo, minha mãe também não podia falar. Então meu pai nos ensinou todos a linguagem de sinais. Eu estava esperando que você soubesse." ela disse com outro sorriso.

Não respondi, mas sorri para ela. Isso me deixou feliz que ela desejasse falar comigo; em resumo, ela era a única que falava comigo.

"Opa! O que nós temos aqui??" ouvimos uma voz muito familiar dos corredores. Fernanda virou-se para a porta e cruzou os braços, provavelmente dando às meninas Betas um olhar desafiador.

Porque eu sabia que não adiantaria fazer isso, me concentrei na sopa.

"Quem disse que vocês podem descansar???" era Arianna. Eu poderia apontá-la como a 'garota má' entre os membros da alcateia. Ela era metida a princípio.

"Ninguém nos disse, Arianna. Além disso, estamos preparando o jantar, então por que não ter uma conversa? Você deve sair daqui." Fernanda retrucou.

Cutuquei o lado dela para acalmá-la, mas até eu não pude deixar de rir um pouco. Então eu desliguei o gás e mexi um pouco mais a sopa para ver se a espessura estava suficiente.

"Entendi," Arianna murmurou e saiu da cozinha. Fernanda e eu compartilhamos um olhar sobre o incidente.

"Malditos loucos. Vou descer." ela bateu nas minhas costas e saiu da cozinha, me deixando sozinho com a minha sopa.

Suspirei, nem um pouco incomodado pelas palavras de Mira. Eu já estava acostumado com as reclamações dela e palavras grosseiras de qualquer maneira. Mas Fernanda tinha um temperamento; ela nunca tolerou as palavras deles. Não é de admirar que ela recebeu todos os ataques deles depois.

Retirei as luvas de borracha que usava antes e comecei a recolher os pratos sujos para lavar. Ordenei os copos da manhã e os coloquei cuidadosamente na pia enquanto ligava a torneira para encher de água.

"Eu disse que eles têm um ego alto! Seria melhor se os expulsasse da alcatéia assim que se tornasse o Alfa. Você não sabe como eles falaram comigo-"

Ouvi a voz de Arianna pelo corredor, provavelmente falando mal de alguém sobre mim. Mantive um olhar atento na entrada enquanto minhas mãos lentamente começavam a esfregar os pratos.

"Entendi." ouvi a voz do Alfa Robert após ela.

Minhas mãos pararam involuntariamente de esfregar quando ouvi sua voz. Não demorou muito para os dois aparecerem pela porta.

Fixei meus olhos nos pratos sujos, achando-os fascinantes. Ouvi um suspiro profundo que pertencia a Robert.

"Pedi para você se comportar, não foi? Sou capaz de te expulsar desta alcateia." Alfa Robert repetiu a mesma coisa que costumava me dizer desde o incidente naquela noite.

Virei para ele e dei-lhe um olhar sem graça. Não era como se eu tivesse feito alguma coisa; eu não era culpado. Mesmo que fosse, ele não deveria tomar partido de Arianna. Lilly mundo sabia como ela era falsa.