Se Tudo Pudesse Recomeçar romance Capítulo 109

No dia seguinte, logo pela manhã, alguém veio me ver.

Eu pensei que fosse o Advogado Zélio, vindo para tratar da minha soltura sob fiança.

Para minha surpresa, era o César.

Ele parecia não ter dormido a noite inteira, seus olhos, que normalmente eram tão vivos, estavam vermelhos de cansaço.

Parecia estar em um estado pior do que eu, que passara a noite em uma cela, cheia de pânico e ansiedade.

Quando ele viu meu rosto um pouco pálido, seus olhos demonstraram um breve instante de arrependimento. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele falou: "Te deixei esfriar a cabeça por uma noite, pensou melhor?"

"Ainda não é tarde para escolher pedir desculpas."

Essas palavras me fizeram lembrar de outra frase que ele dissera antes: "Você não teve tempo suficiente para refletir nesses três meses?"

Era irônico.

Mesmo depois de me machucar tanto, ele ainda achava que estava me mimando, me protegendo.

Como se tudo fosse minha culpa.

Ele já me havia dado inúmeras chances, e eu era ingrata por não aproveitá-las.

Não pude evitar perguntar: "César, você realmente não quer me ver morta, para ficar com o patrimônio sozinho?"

César ficou surpreso, e então respondeu: "Claro que não! Eu nunca quis que você morresse! O que eu disse ontem à noite foi apenas para desviar a atenção da Paloma, para que eu pudesse resgatá-la!"

Ele não suportava a ideia de ela passar uma noite na delegacia, como poderia querer sua morte?

César não queria que eu pensasse que ele desejava minha morte, então ele insistiu que jamais teve essa intenção.

Eu acreditei.

Se ele realmente quisesse me ver morta, como eu pensava, não haveria motivo para fazer tudo isso agora.

Ele realmente não queria que eu morresse, não havia intenção de ficar com o patrimônio como um viúvo.

"Então, você realmente me ama e não quer que eu vá para a prisão? Você realmente faz isso para o meu bem, e é por isso que quer que eu peça desculpas publicamente?"

"Claro!" César disse com convicção, ele realmente acreditava que estava fazendo isso para o meu bem.

Eu olhei para ele, vendo sua certeza, e não pude deixar de dizer: "Que nojo."

Ele ficou surpreso.

Eu preferia ter me enganado desde o início a ter amado realmente alguém como ele.

"Via, o que você quer dizer com isso!" César segurou meu braço com força, seus olhos estavam vermelhos, não sei se de raiva ou por outro motivo.

Olhei para ele, e perguntei: "César, há quanto tempo você me conhece?"

César não sabia por que eu perguntava isso, mas respondeu instintivamente: "Oito anos."

"Exatamente! Oito anos! Não são oito dias, oito horas, ou oito minutos! São oito anos!"

"Dos dezoito aos vinte e seis, oito anos inteiros!"

Sem esperar que ele dissesse algo, continuei: "Nesses oito anos, além do que você acha que fiz contra a Paloma, eu já fiz alguma coisa cruel ou maldosa?"

César ficou calado.

"Não, né?"

"Nem mesmo algo imoral, certo?"

"Além disso, quando tive condições financeiras, me dediquei ao máximo ao trabalho voluntário, não é verdade?"