Se Tudo Pudesse Recomeçar romance Capítulo 133

Pode-se dizer que meu irmão é a pessoa que mais me conhece neste mundo; ele conseguiu tocar no ponto exato que mais me preocupa com apenas uma frase.

Minha avó teve três filhos ao longo de sua vida. O mais novo deles faleceu antes de atingir a maioridade, deixando uma dor indelével em seu coração. No ano em que me formei na universidade, minha tia faleceu inesperadamente, e minha avó, tendo que enterrar mais um filho, quase não suportou o golpe.

Dos três filhos dela, agora resta apenas meu pai.

Apesar de meu pai não ser muito afetuoso comigo, ele ainda é relativamente obediente e respeitoso para com minha avó, sempre cuidando e demonstrando preocupação com ela, raramente a desobedecendo.

E mesmo que minha avó fique irritada com a maneira como meu pai me trata, ele é o único filho que lhe resta, e ela não pode deixar de se importar com ele.

Se algo acontecesse com meu pai, minha avó poderia não suportar.

"Via, somos uma família. Não importa como sejam as coisas, não podemos deixar que algo aconteça um ao outro."

"Você também não deixou que algo acontecesse comigo, irmão."

Meu irmão disse isso enquanto passava a mão na minha cabeça.

Minha mãe não entendeu bem o que ele quis dizer.

Mas eu entendi perfeitamente.

Minha amnésia, somada ao fato de não me lembrar do que aconteceu no vídeo, tornava a busca pela verdade muito difícil.

Antes do professor aparecer para me ajudar, eu estava realmente insegura e com medo, com medo de nunca conseguir sair dessa situação.

Não conseguir me lembrar do que fiz naquele dia do vídeo me deixava tão ansiosa que quase queria me machucar.

Essa ansiedade que quase me levava à loucura só começou a diminuir quando vi o laudo médico de transtorno bipolar que meu irmão entregou a César.

Foi então que comecei a suspeitar de algo e a saber de onde começar a investigar.

Aquele laudo, agora vejo claramente, foi dado intencionalmente por meu irmão a César. Ele entregou o laudo e disse a César que eu sofria de episódios de bipolaridade apenas em relação a Paloma, e que não lembrava de nada depois de melhorar, não para convencer César de que eu estava realmente doente.

Era para me lembrar, para me dizer por que não me lembrava daquelas coisas.

Ele sabia que eu havia estudado psicologia como curso secundário na universidade e sabia que, ao ver aquele laudo, eu começaria a suspeitar de algo.

Ao ouvir isso, minha mãe não aguentou mais e se levantou abruptamente, apontando para mim, me chamando de fria.

Assim, tratando meu próprio pai biológico.

Eu já estava acostumada com suas críticas, então não senti nada.

Ela ficou tão irritada com minha indiferença que, quando estava prestes a me dar dois tapas, o telefone dela tocou.

Eu não sei o que a pessoa do outro lado disse, mas ela saiu apressadamente.

Deixou meu irmão para me convencer.

No entanto, depois que ela saiu, meu irmão não tentou me convencer.

Ele me conhece tão bem que sabe que, depois de dizer tudo isso, não adianta argumentar mais.

Depois de me observar por um tempo, ele não pôde deixar de comentar: "Via, depois desse incidente, você realmente mudou muito."