Se Tudo Pudesse Recomeçar romance Capítulo 211

Eu sabia que ele não queria realmente que eu o machucasse, ele só queria que eu hesitasse.

Hesitasse em feri-lo.

Para que, através dessa hesitação, eu reencontrasse o amor que sentia por ele.

Esse era o truque que ele mais usava no passado.

Sempre que fazia algo que me deixava zangada, ele recorria a essa tática. Não era incomum que fingisse estar com pena, me pedisse para bater nele, ou até se machucasse de alguma forma, para que eu me compadecesse e esquecesse seus erros.

Ele continuava sendo a mesma pessoa, mas eu, já não era mais a mesma.

Sorri friamente, recuando alguns passos para aumentar a distância entre nós.

"Machucar você? Fazer isso não é crime?"

"César, você pode parar de ser tão desagradável? Se você é um homem de verdade e realmente acha que errou, vamos fazer uma divisão de bens e terminar esse casamento de uma vez por todas, está bem?"

"Não fique aí fingindo amnésia! Pare com esses truques sem classe!"

Não sabia por que, mas as palavras "fingindo amnésia" ressoaram na mente de César com força. Era como se ele mesmo já tivesse dito algo assim para sua querida esposa.

Ele estava prestes a dizer que era impossível.

Ele jamais faria isso com sua esposa, quando, de repente, uma memória atravessou sua mente: ele estava em pé ao lado de uma cama de hospital, olhando para sua esposa de forma autoritária.

"Via, você realmente se superou! Não só falsificou um prontuário médico grave, fingiu estar doente para não sair do hospital, como também agora está fingindo amnésia!"

Aquela versão fria e distante de si mesmo fez com que ele recuasse um passo.

Não podia ser!

Era impossível que ele tivesse agido assim com sua esposa!

O jovem César não podia acreditar que ele faria isso comigo, a quem ele tanto valorizava e adorava.

Ele não sabia por que sua mente apresentava tais imagens.

Não sabia por que as coisas haviam chegado a esse ponto.

Ele realmente havia me amado intensamente no passado.

Com os olhos vermelhos, ele me olhou e disse: "Amor, eu não estou fingindo, eu realmente não sei como tudo isso aconteceu..."

Antes que ele pudesse terminar.

Eu disse: "César, não importa se você está fingindo ou não, isso não é importante. Um assassino nunca deixa de ser um assassino porque esqueceu que matou alguém ou porque está com amnésia. Ele não deixa de ter cometido um crime e não deixa de ser responsabilizado por isso."

César não esperava que eu o comparasse a um assassino.