Se Tudo Pudesse Recomeçar romance Capítulo 275

O estalo ecoou pelo salão.

Todos os olhares se voltaram para mim.

E eu ainda estava em choque.

Olhei para o homem na cadeira de rodas, tremendo da cabeça aos pés.

"César..." O nome escapuliu dos meus lábios sem que eu pudesse evitar.

Instintivamente, dei um passo em direção ao homem, querendo ver melhor.

Uma jovem e bela mulher grávida, empurrando a cadeira de rodas, aproximou-se, bloqueando meu caminho. Ela me olhou com uma doçura que contrastava com a situação. "Srta. Neto, acho que a senhora está confundindo as pessoas."

"Este é meu marido, Ignácio Ferraz."

Fiquei atônita, voltando à realidade. Instintivamente, olhei novamente para o homem na cadeira de rodas. Ao cruzar meu olhar com os olhos dele, completamente desconhecidos para mim, dei um passo para trás.

César jamais me olharia com tamanha indiferença.

Em qualquer circunstância.

Será que ele realmente não era César?

Mas se não era César, como poderia ser tão idêntico a ele?

Exceto pelos olhos que me olhavam como se eu fosse uma estranha, ele era idêntico a César em todos os outros aspectos!

Eu queria dizer algo, mas as palavras não saíam.

A família Ferraz é uma dinastia centenária de Capital, não apenas a principal família da cidade, mas também a mais rica, com muitos membros influentes na política.

Um herdeiro de uma família tão poderosa não poderia ser um impostor.

Mas no mundo, não pode haver duas pessoas exatamente iguais.

A menos que fossem gêmeos!

César era filho único, ele...

De repente, lembrei-me de algo que César um dia me contou, embriagado, com uma dor que ele não conseguia entender.

A voz suave e cortês da mulher trouxe-me de volta à realidade.

Instintivamente, peguei os relatórios e a ficha médica que ela me entregou.

Mais uma vez, olhei para o homem na cadeira de rodas.

Ele percebeu meu olhar e, talvez achando que eu não era profissional, franziu a testa e disse friamente: "Srta. Neto, nós a chamamos aqui para avaliar minha condição médica, não para olhar para o meu rosto."

A voz era idêntica à de César!

Antes que eu pudesse responder, a bela grávida aproximou-se dele e deu-lhe um tapinha no ombro. "Ignácio, não fale assim. Talvez você se pareça muito com alguém que a Srta. Neto conheça."

O homem bufou, embora não dissesse mais nada. No entanto, seu rosto expressava claramente que ele não acreditava que alguém pudesse se parecer tanto com ele; ele se considerava único!

A atitude arrogante e destemida também era idêntica à de César.

Mesmo gêmeos não deveriam ser tão parecidos.

De qualquer forma, não olhei mais para ele e me concentrei nos relatórios médicos em minhas mãos.