Se Tudo Pudesse Recomeçar romance Capítulo 312

"Ah..." Enzo suspirou dessa maneira e disse que precisava ir embora.

Clara, que ainda queria dizer algo, só pôde lamentar e bater o pé de frustração.

Depois de tanto esforço para encontrar o seu príncipe encantado, acabara dizendo apenas algumas palavras antes que ele partisse!

Ela não sabia se ele tinha ouvido suas palavras duras de momentos atrás.

Com medo de que Enzo tivesse ouvido suas palavras e isso pudesse manchar sua imagem aos olhos dele, Clara estava cada vez mais irritada comigo, com o desejo crescente de me fazer pagar.

Ela pensava que, se eu tivesse obedecido e assinado aqueles documentos, nada disso teria acontecido.

No carro.

Eu estava prestes a perguntar a Enzo se ele tinha o histórico médico de algum paciente para eu dar uma olhada.

Foi quando ouvi.

"Você disse ao César que ele na verdade é César e não Ignácio?"

Fiquei atônita, seguida por um olhar de choque!

Não entendia como ele poderia saber disso.

Será que ele instalou câmeras no meu estúdio?

Afinal, quando contei isso a César, estávamos apenas nós dois no estúdio!

Como se lesse meus pensamentos, Enzo soltou uma risada fria, "Com essa sua cara, tudo que você pensa está estampado aí, não preciso de câmeras para te vigiar."

Eu fiquei sem palavras.

Enzo realmente era uma pessoa extraordinária.

Conseguiu alcançar uma posição tão alta em tão pouca idade e se manteve lá por tanto tempo, era razão suficiente para isso, ele merecia!

De repente.

"Você gosta tanto assim dele? Depois de ele ter te machucado tanto, ainda consegue perdoá-lo e não quer que ele sofra nem um pouco?"

Eu não sabia como responder a essa pergunta, então não respondi.

Eu realmente não sabia qual era meu sentimento atual por César.

Vendo que eu não queria responder, Enzo também não insistiu.

Apenas disse, "Espero que você se lembre do que eu te disse antes, a família Ferraz não é confiável."

Enzo era o filho caçula de seus pais.

Quando ele nasceu, sua mãe, já de idade, morreu no parto.

Antes mesmo de completar um mês, o velho Sr. Silva foi morto no mar devido a perseguições familiares.

Quer fosse um monge ou um padre que passasse por ali, todos diziam que ele tinha a sina de estrela solitária, que traria má sorte a quem se aproximasse, e que ele acabaria destruindo sua família.

Todos aconselhavam seu irmão a abandoná-lo para salvar sua vida e a herança.

Mas seu irmão não só não o abandonou como o criou com todo cuidado.

E ele acabou trazendo desgraça ao irmão e à cunhada, e causou a seus sobrinhos tanto sofrimento – um sequestrado e só encontrado perto da maioridade, outro doente e preso à cama.

Mesmo que ele não acreditasse em destino, as mortes trágicas de seus pais e de seu irmão e cunhada o faziam temer desejar calor humano novamente.

Quando foi resgatado no mar, foi a primeira vez em sua vida que ele não conseguiu evitar desejar aquele calor.

Não conseguiu evitar querer ser feliz, só um pouco.

Mas, no fim, ele realmente não era digno disso.