Se Tudo Pudesse Recomeçar romance Capítulo 316

"Há tantas pessoas no mundo, professor, e o senhor tem tantos alunos. Ter alguns que não se comportam bem é absolutamente normal, não é culpa sua!"

Eu confortei o professor por um bom tempo até que consegui acalmar suas emoções, permitindo que ele tomasse um pouco de mingau.

À noite, ao voltar para casa, peguei o prontuário médico de César e os resultados dos tratamentos com os aparelhos, estudando a próxima etapa para sua recuperação.

Eu não sabia exatamente que tipo de sentimento tinha por César, então decidi não pensar nisso.

Minha única preocupação era encontrar uma forma de curar sua perna.

Curando sua perna, estaríamos quites, e quanto ao futuro, só o tempo diria.

No fim, tudo se resolveria de alguma forma.

Após comparar diversos dados e definir a frequência dos aparelhos para o tratamento de César no dia seguinte, já passava da uma da manhã.

Deitei na cama e adormeci imediatamente.

Desde o acidente e minha queda, precisava recorrer a pílulas para dormir todas as noites. Quando perdi minha memória, pensei que a insônia era causada pela dor, mas, ao recuperá-la, percebi que era algo que existia antes do acidente.

A indiferença e os momentos com Paloma Campos me torturaram a ponto de desenvolver uma insônia severa, tornando impossível dormir sem medicação.

Não conseguia deixar de amar César, mas também não conseguia esquecer as feridas que ele me causou.

Sempre que lembrava do passado, a dor era insuportável.

Muitas vezes, eu pensava que teria sido melhor não recuperar minhas memórias.

Sem lembrar de tudo, não estaria tão dilacerada pela dúvida e a agonia.

No dia seguinte, quando César chegou ao estúdio, manteve sua frieza habitual.

Assim que a família Ferraz deixou o estúdio, ele rapidamente se transformou de um chefe frio e distante em um adorável e animado cachorro grande.

Recusei-me terminantemente e fugi de casa.

Para fazer meus pais se arrependerem, corri até a praia e liguei para eles, ameaçando pular no mar se insistissem na mudança de nome, para que me perdessem para sempre!

Mas, diante da minha ameaça, meus pais não só não se preocuparam, como ainda me desafiaram a realmente pular!

Disseram que se eu não tivesse coragem, deveria voltar e pedir desculpas a Paloma.

Afirmaram que, independentemente do que eu quisesse, eles iriam mudar meu nome de qualquer forma.

Como eu era menor de idade, não precisavam da minha permissão, bastava levar meu Registro Geral para fazer a alteração.

Para me provar que resistir era inútil, enviaram uma foto do RG com meu novo nome.

Ao ver meu nome alterado para Valéria Neto, senti um desespero e impotência tão grandes que realmente pensei em acabar com tudo.