Segunda Chance, Não Pense em Fugir! romance Capítulo 1126

De madrugada.

Bernardo voltou para o hotel e, assim que abriu a porta, sentiu o aroma de comida caseira no ar.

Ao entrar no quarto, viu Tania sentada à mesa de jantar, com a cabeça apoiada em uma almofada, quase adormecida.

Sobre a mesa, estavam dispostos alguns pratos simples, típicos do dia a dia.

Ao se aproximar, Tania imediatamente se levantou em alerta.

Ele até suspeitava que Tania dormia com um olho aberto.

Quando ela se ergueu, tudo escureceu diante de seus olhos, e seu corpo balançou antes de desabar.

Bernardo estendeu a mão e segurou o braço dela, ainda muito magro.

Parecia que, se ele apertasse um pouco mais, poderia quebrá-lo.

Tania respirou fundo, piscou algumas vezes e, com um "ai", caiu em seus braços.

Era como se ela nunca se cansasse desse truque.

Bernardo, porém, percebeu surpreso que já estava acostumado com isso.

Franziu a testa levemente e, com educação, ajudou-a a se recompor.

"Você estava me esperando?"

"Uhum. Olha só a comida que preparei pra você. O que achou?"

Tania inclinou a cabeça, fitando Bernardo intensamente.

Faltava apenas dizer: Elogia logo, vai.

Bernardo olhou rapidamente para os pratos e respondeu com indiferença: "Obrigado. Quanto você gastou? Eu te reembolso."

"Eu…" O brilho nos olhos de Tania se apagou por um instante, mas logo ela sorriu: "Quinhentos reais. Obrigada, chefe."

"Você não perde a chance de tirar vantagem, hein?"

Bernardo falou sem se importar, tirou o casaco e o pôs sobre o encosto da cadeira, sentando-se para comer.

O cheiro da comida o deixou faminto.

Os designers para o estúdio de Adriana tinham chegado, e ele foi dar algumas instruções.

Aproveitou também para contatar especialistas de Cidade Solmar para o Cristian.

Dizem que lesão nos ossos leva cem dias para sarar, Cristian precisava se cuidar.

Com tanta correria, acabou esquecendo de comer.

Bernardo não tinha grandes expectativas sobre os pratos medianos à sua frente.

Provavelmente, pensou ele, era delivery barato que Tania tinha pedido para economizar.

Ele não se deu ao trabalho de pedir algo melhor; preferiu forrar o estômago logo.

Assim, Tania ainda ganhava algum dinheiro; caso contrário, ela só pensaria em "patrão rico".

Bernardo pegou um pouco de ovo mexido com tomate, colocou na boca e ficou surpreso.

Tania apertou os lábios: "Não tá bom?"

"Está gostoso."

Tania apoiou o queixo e sorriu: "Então come mais."

Bernardo olhou para ela e continuou comendo: "Entendi. Vou te dar mil reais."

Ela não tinha trabalho nenhum.

Bernardo, claro, sabia disso.

Por isso, entendeu a recusa de Tania.

Ele não insistiu: "Vai descansar. Renovei o quarto por mais três meses, pode ficar aqui por enquanto."

Tania sorriu, radiante: "Diretor Alves, você é tão bom que dá até vontade de te beijar."

Ele semicerrrou os olhos: "Tania."

"Tá bom, tá bom, vou me comportar."

Apesar disso, Tania ainda lhe lançou um beijo no ar.

Bernardo ficou um pouco surpreso, mas logo voltou a comer como se nada tivesse acontecido.

Tania, acostumada ao jeito frio dele, fez uma careta e foi para o quarto.

Bernardo ouviu o som da porta se fechando e pensou nas palavras de Tania, recusando voltar para Cidade Solmar.

De repente, perdeu a fome.

Deixou os talheres na mesa e, ao ir para o quarto, viu o remédio de Tania sobre a mesinha de centro.

Pegou o remédio e bateu na porta dela.

"Tania, trocou o curativo hoje?"

"Já estou dormindo."

"Então não trocou. O médico disse que tem que trocar sempre, senão vai ficar marca." lembrou Bernardo.