Segunda Chance, Não Pense em Fugir! romance Capítulo 287

Cesário manteve o semblante fechado, sem dizer uma palavra sequer, mas seus olhos fixaram-se diretamente em Jaques, esperando que ele tomasse uma atitude.

Adriana, com a cabeça baixa, observava a palma da mão ensanguentada, mas a dor já não fazia mais sentido para ela.

Afinal, ela já estava suficientemente humilhada e sofrendo.

E ainda assim, o golpe fatal veio.

Jaques, com os olhos tão profundos quanto um abismo, passou o olhar por Adriana. Seu rosto, sereno, refletia um frio implacável, cortante e gelado.

"Isso não tem nada a ver comigo."

As feridas na palma da mão raspavam contra o tecido do casaco, com pequenos fragmentos de tecido perfurando a carne. Mas Adriana já estava anestesiada pela dor, como se fosse um vazio distante.

Lucas, aproveitando a oportunidade, envolveu Adriana em um abraço firme, sorrindo com um toque de ironia: "Obrigado, tio, por nos abençoar."

Quem estivesse de fora, pensaria que Lucas nutria um carinho profundo por Adriana.

Mas só ela sabia que suas palavras não passavam de um esforço para superar alguém.

Uma pena, ele estava completamente enganado.

Jaques realmente não se importava com ela.

O olhar de Cesário percorreu Adriana e Lucas, mas ele já não estava tão furioso quanto antes, quando soubera dos encontros secretos entre Adriana e Jaques.

Apenas se limitou a repreender: "Isso jamais vai acontecer! A Família Torres jamais aceitaria alguém como ela."

Alguém como ela?

Adriana apertou os dedos, pressionando-os contra a palma da mão, fazendo a dor se intensificar ainda mais, deixando-a sem forças para argumentar.

A luz forte da lâmpada incidia sobre ela, penetrando em seu corpo como se fosse uma lâmina, quase a despedaçando por dentro.

Eles haviam usado o que precisavam e dado as lições que achavam necessárias.

Ela podia ir embora agora.

Adriana, caminhando até a cabeceira da mesa, olhou para baixo e, com a voz quase imperceptível, disse: "Entendi, então vou embora agora. Não quero atrapalhar o jantar em família."

Ela se virou para sair.

Victoria, com os olhos marejados de lágrimas, olhou ao redor e, imediatamente, seguiu seus passos.

"Adriana!"

Cesário, indiferente à saída de Adriana, fez um gesto impessoal com a mão: "Continuem comendo. Jaques, venha comigo por um momento."

...

No escritório.

Cesário sentou-se, claramente descontente, e levantou a mão, massageando as têmporas com a expressão marcada pela frustração.

O senhor assentiu: "Vamos jantar."

"Não vou poder ficar. Tenho outros compromissos."

Ele mal tinha saído, e em questão de minutos, uma figura cautelosa entrou pela porta.

"Vovô, por favor, me ajude."

...

A noite de outono era marcada por um frio persistente, que parecia não querer ir embora.

Uma chuva fina começou a cair, tocando o rosto de Adriana, gelando sua pele.

Logo, seus cabelos estavam molhados, e o sangue escorria pelos seus dedos. Ainda assim, ela não apressou o passo. Apenas andava sem direção, vagando pela rua.

Depois de um tempo, um carro parou ao seu lado, com os faróis piscando incessantemente.

Adriana não parou, até que os passos firmes de um homem se aproximaram por trás.

"Entre no carro."

Assim que ele falou, o brilho frio de algo reluziu em sua mão.

Instintivamente, Adriana virou-se, direcionando a faca de frutas diretamente para o homem.