Segunda Chance, Não Pense em Fugir! romance Capítulo 89

Na verdade, Adriana não estava surpresa. Afinal, já havia vivido aquilo em uma vida passada.

No entanto, ao reviver a experiência, sentiu uma dor tão profunda que parecia atingir sua alma inteira.

Ela sempre tentava escolher caminhos diferentes, mas o destino, junto com o poder, pareciam fantasmas invisíveis que a aprisionavam.

Adriana puxou o cobertor sobre si, preferindo ignorá-lo.

Jaques deixou o quarto do hospital sem expressão, com seu rosto impassível. Caminhou até a área de fumantes, onde tirou um cigarro do maço e bateu com ele na embalagem, distraído, como se estivesse pensando em algo profundo.

Antes que pudesse acender o cigarro, Evaldo se aproximou.

"Sr. Jaques, sobre aquela investigação que o senhor pediu sobre a Sra. Guerreiro e a Sra. Amaral, encontrei algo."

Ele entregou um dossiê.

Jaques folheou o documento enquanto segurava o cigarro.

Evaldo começou a explicar com calma: "Aqui estão os rascunhos que a Sra. Amaral entregou para a competição na universidade, e esses são os projetos anteriores dela."

Eram completamente diferentes.

Evaldo apontou para as datas de entrega: "Foi depois da Sra. Guerreiro ter passado a noite na sua casa, no dia em que ela foi procurá-lo. Aparentemente, naquele dia, a universidade estava pressionando a Sra. Guerreiro para entregar o projeto, mas ela não tinha nada pronto."

"E o trabalho para a competição passou a ser feito pela Sra. Guerreiro em três dias, sem dormir."

Com isso, não era difícil adivinhar o que havia acontecido.

Adriana lutou bravamente na competição, mas acabou perdendo para Eunice, e a festa de comemoração quase terminou em humilhação.

Agora, ela estava até cega devido ao estresse acumulado.

Por um momento, Evaldo não soube o que dizer. Apenas admirava a determinação de Adriana, mesmo em meio ao sofrimento.

Jaques fechou o dossiê e acendeu o cigarro.

Sob a luz fraca, a fumaça formava ondas cinza-azuladas no ar, que logo se dissipavam.

Jaques, com um olhar distante, quebrou o cigarro entre os dedos.

"Evaldo…" - ele disse, sem desviar o olhar.

"Sim, Sr. Jaques. Eu entendi."

Depois de tantos anos ao seu lado, ele já havia aprendido a ler as entrelinhas.

Mas ainda assim...

Lisa, cuidadosamente, soprou o caldo que tinham feito escondido no dormitório: "Adriana, pare de falar. Apenas tome um pouco. Também compramos enroladinho de salsicha, coxinha e pão de queijo da padaria da faculdade... Coma o que quiser."

Adriana rapidamente olhou para os três e agradeceu: "Obrigada."

Branca hesitou antes de estender a mão para Adriana, mas foi imediatamente repreendida pelos olhares de Ofélia e Lisa. Envergonhada, ela abaixou a mão.

Adriana riu levemente, mas logo foi interrompida por gritos de choro vindos da porta.

"Adriana! Adriana! Como isso aconteceu? Como você ficou cega?"

Luciana entrou correndo e se jogou ao lado da cama, chorando de forma desesperada.

Quem não soubesse, poderia até achar que Adriana tinha morrido.

Ofélia, irritada, não conseguiu se conter. "Luciana, para de fazer drama. Está achando que alguém morreu? A Adriana está bem aqui, viva!"

"Eu só estou muito triste. Adriana, o que o médico disse? Seus olhos ainda podem recuperar a visão?"

Luciana, soluçando, explicou enquanto secava as lágrimas. Ela olhava para Adriana como um rato que se delicia com o sofrimento alheio

A sempre ingênua Branca não gostou do que ouviu e retrucou: "Luciana, o que você quer dizer com isso? Como assim se ainda pode recuperar a visão? Adriana, ela..."

"Só nos resta deixar nas mãos de Deus." - Adriana interrompeu.