Segundo Casamento，CEO só me quer? romance Capítulo 2086

Rayan se aproximou, "Srta. Alicia."

Ele estava um pouco nervoso.

Exceto pela vez em que a viu desmoronar emocionalmente no tribunal três anos atrás, ele nunca tinha visto Alicia tão fora de controle.

Antes, mesmo quando se irritava, ela era sempre despreocupada, quase desdenhosa, mantendo uma elegância altiva, sem um traço de desordem.

Mas agora, ela parecia um filhote de onça enfurecido, completamente dominada pela raiva, pronta para despedaçar qualquer um que a provocasse.

Mireia, embora estivesse em uma situação lamentável, sorria feliz ao ver Alicia tão descontrolada.

"Eu te disse para não se exibir na minha frente... Alicia, o que eu não posso ter, você também não terá... Está com raiva, quer me matar? Ótimo, porque eu já senti isso. Eu te odiava porque você é da Família Martinez, porque você era a favorita deles, porque por causa deles eu perdi meus pais, porque você roubou o homem que eu amava... Como eu poderia não te odiar?"

Com a chegada de Octavio, Alicia já estava mais calma, mas ao ouvir as palavras de Mireia, seu olhar ficou gelado como o inverno.

"Mireia, você é louca."

"Fui forçada a isso por vocês!"

Mireia gritou com ódio, seus olhos vermelhos fixos em Alicia.

"Por que sempre você? Tudo é sempre você. A preferida é você, a amada é você. O que você tem de especial?! Por que você não morreu naquela explosão..."

"Plaf—"

O silêncio era absoluto.

Ninguém ousava respirar.

Mireia estava no chão, cobrindo o rosto com a mão, seus cabelos desgrenhados escondendo sua expressão.

Octavio puxou Alicia para trás de si, seu rosto bonito e frio, encarando Mireia de cima.

"Levem-na para dentro."

Ele não disse mais nada a Mireia, sua voz sombria ecoando enquanto os assistentes e enfermeiros, assustados, a levantavam.

Octavio virou-se para Alicia, que parecia perdida.

Sem palavras.

Por fim, ele desviou o olhar. "Levem-na para descansar."

Alicia acordou do transe e olhou para Octavio. "Amanhã eu doarei sangue para o vovô."

"Não é necessário."

"Octavio..."

"Eu disse para levá-la, você não ouviu?"

O olhar frio de Octavio caiu sobre Rayan.

Rayan não ousou hesitar, aproximando-se de Alicia, que estava teimosa e imóvel, sem saber o que fazer.

Finalmente, Octavio, com o rosto fechado, foi até ela, pegou-a nos braços e saiu.

"Octavio... não posso deixar que algo aconteça com o vovô..."

"Eu também não."

Alicia viu o perfil sério de Octavio, mordeu o lábio e baixou os olhos.

"Se ela não quiser..."

"Você não pode."

Ele tinha mantido o segredo até agora, não para que ela se oferecesse como doadora.

Colocando Alicia no carro, ele mesmo afivelou o cinto de segurança dela, então, no carro escuro, olhou diretamente nos olhos dela, cheios de resistência e raiva, e falou calmamente:

"Finja que não sabe de nada, vá dormir, amanhã tudo estará resolvido."

Alicia olhou para ele friamente. "O sono da sua casa é algum remédio mágico?"

"Eu poderia não saber, mas agora que sei, não vou deixar de estar lá amanhã... Se algo der errado, Octavio, você assumirá as consequências?"

Octavio hesitou.

O coração de Alicia, que estava calmo e controlado, de repente deu um salto pesado. Seus olhos negros e alongados refletiam uma serenidade profunda e distante, e a voz estava tensa e áspera.

"Exceto me abandonar, não me querer, eu posso aceitar qualquer outra coisa."

Os dedos de Alicia se curvaram levemente.

Demorou um pouco, mas então ela falou devagar: "Esse é o tipo de consequência que você não consegue suportar. Então, tem certeza de que ainda quer me mandar embora?"

Os olhos negros de Octavio se moveram ligeiramente antes de ele conseguir, com dificuldade, forçar uma resposta rouca: "E se eu pedir para você ficar?"

Alicia olhou para ele com indiferença, sem demonstrar emoção. "Octavio, eu não estou aqui para negociar com você."

A expressão no rosto de Octavio escureceu instantaneamente. Após uma pausa, ele a retirou do carro nos braços.

"Vamos procurar um quarto para descansar."

Rayan respondeu prontamente e entrou rapidamente no hospital.

O hospital tinha suítes de primeira classe, geralmente desocupadas, e Rayan rapidamente reservou uma. Octavio entrou, carregando Alicia.

"Descanse aqui esta noite."

"Eu preciso fazer exames, se amanhã Mireia não aparecer, então eu..."

O rosto de Octavio estava ligeiramente sombrio. "Não precisa de exames."

Alicia franziu a testa para ele. "E se eu fizer qualquer coisa, você vai me impedir?"

Octavio permaneceu em silêncio.

Rayan, ao lado, ficou ansioso e rapidamente interveio: "Não é assim Srta. Alicia, há dados seus no banco de compatibilidade de medula. Seu tipo de sangue e medula são compatíveis com os de Manuel, não é necessário fazer os testes novamente."

Alicia olhou para Octavio, e aquela natureza fechada dele, que não dizia nada, a irritou sem motivo.

"Sai, eu não quero ver você."

Octavio apertou os lábios, ficou ereto e a fitou intensamente.

Rayan, de alguma forma, percebeu uma sensação de ser rejeitado e mandado embora sem cerimônia, algo que ele nunca tinha visto acontecer com Octavio, que sempre estava por cima, olhando os outros com desdém. Era um contraste tão grande que despertava compaixão.

Ele não se moveu por um tempo, então Alicia levantou o olhar e franziu a testa para ele. "Ou então eu saio?"

Ela fez menção de se levantar, mas Octavio pressionou seu ombro para baixo.

"Eu vou sair."

Assim que disse isso, ele já estava se virando.

Rayan prontamente o seguiu, mas Octavio ordenou que ele ficasse para cuidar dela.

Alicia puxou os lábios em um sorriso irônico. Que cuidado era esse?

Não é que ele estava preocupado que ela fugisse?

Mas que bobagem era essa? Ela mesma insistiu em ficar. Seu avô faria cirurgia no dia seguinte, como ela poderia ir embora?

Rayan não entrou, provavelmente ficou na porta.

Alicia se sentia esgotada.

As palavras insanas de Mireia reverberavam em sua mente.

Ela ainda não podia acreditar que tudo o que aconteceu anos atrás tinha sido manipulado por Mireia.

Usando os sentimentos de Nino por ela, para virar a Família Martinez contra a Família Benito.

Três anos atrás, aqueles poucos dias de eventos, agora só de lembrar, seu coração ficava pesado, um amargor que não se dissipava.

Rayan entrou com o jantar, avistando a silhueta frágil de Alicia junto à janela, e suspirou suavemente.

"Srta. Alicia, o Sr. Octavio pediu que eu preparasse o jantar para você."

Alicia se virou, e Rayan já havia disposto o jantar.

Ultimamente, todas as refeições que Octavio organizava eram bem leves.

Embora ela não tivesse um paladar forte, de vez em quando gostava de algo diferente.

No final do corredor que levava ao parque do hospital, Octavio parou, levantou a mão lentamente e pressionou o punho fechado contra a parede ao lado.

"Desculpe, poderia me dar um cigarro?"

Ele falou devagar, com uma tensão na voz.

Um homem que estava fumando ali olhou para ele.

Sob a luz amarelada, não dava para ver claramente o rosto do homem, mas a tensão e a opressão que ele emanava eram sufocantes.

O homem, seguindo o pedido, tirou um cigarro e entregou a Octavio, depois se aproximou para acendê-lo.

"Obrigado." Sua voz era abafada e rouca.

"Irmão, relaxe, todos nós passamos pelo ciclo da vida, não precisa se preocupar tanto, basta ter a consciência limpa."

Octavio tirou o cigarro da boca e segurou entre os dedos, que tremiam levemente.

"O que significa ter a consciência limpa? E se uma pessoa morreu por sua causa?"

"A vida e a morte de cada um já estão determinadas, a idade em que morremos, como morremos, não está sob nosso controle. Depois da tristeza, a vida deve seguir em frente. Temos nossas próprias vidas para viver, ser bons filhos aos pais, responsáveis pelos filhos, fiéis à esposa, e bons amigos... Fazer o que podemos sem nos forçar, isso é ter a consciência limpa."

Octavio ficou em silêncio, inalando profundamente o cigarro.

Respeitar os idosos, ser responsável com as crianças, ser leal à esposa, apoiar os amigos...

De repente, ele soltou uma leve risada, "Você parece estar de bom humor."

O homem apagou a bituca de cigarro e a jogou no lixo ao lado.

"No mês passado, meu pai faleceu, e hoje minha esposa deu à luz nosso segundo filho, outro menino! Primeiro vou comemorar, depois pensar em como ganhar mais dinheiro para o leite e o futuro dele. A gente tem que seguir em frente, não temos tempo para ficar lamentando o passado, isso não leva a nada."

Octavio esboçou um sorriso discreto, "…de fato."

Antes de ir, o homem deixou mais um cigarro para ele.

Octavio se encostou na parede, fumou todo o cigarro em silêncio, e meia hora já havia se passado.

*

Depois de acomodar Yago no quarto, Selena ficou ao lado dele, tocando sua testa de vez em quando.

David estava por perto, com uma expressão sombria e desconfortável.

"Selena."

"Sim?"

"Você não jantou hoje."

"..." Selena hesitou por um momento, apertando os lábios sem responder.

"Vai sacrificar seu próprio filho por causa do filho dos outros, é isso?"

"Vamos comer."

"Mas e o Yago..."

"Vou pedir para alguém cuidar dele."

Quanto a não jantar, Selena sabia que não era prudente enfrentar David.

No entanto, assim que saíram, viram um homem encostado na parede do corredor.

Alto, elegante, com uma aparência serena, mas muito atraente.

David e Selena pararam.

Octavio endireitou-se lentamente, virou-se para eles com uma expressão neutra, dando uma sensação de frieza e indiferença.

O rosto de Selena mudou de expressão instantaneamente, mas David permaneceu inalterado.

"O que faz aqui?"

Octavio olhou para a porta atrás deles, sua voz era baixa e rouca.

"Vim ver aquela criança."