Segundo Casamento，CEO só me quer? romance Capítulo 2087

Selena franziu a testa.

O olhar de Octavio caiu sobre o rosto dela, e ele esboçou um leve sorriso.

"Você deve entender que eu não o machucaria."

Ela deveria entender...

Ela deveria entender que, como pai da criança, ele não a machucaria.

Selena levantou o olhar, com uma expressão nitidamente defensiva. "Mas você já pensou em machucar Alicia?"

O peito de Octavio tremeu subitamente.

Selena não queria se intrometer nos assuntos passados dos outros, nem interferir nos problemas familiares alheios.

Mas Yago a puxava para não ficar de braços cruzados.

Ela só precisou perguntar por aí para perceber quão escandalosa foi aquela história, e todo mundo estava disposto a contar, tão fácil era descobrir os detalhes.

Sem contar que David, que estava ao lado dela, era uma das partes envolvidas!

O olhar dela era penetrante, emanando uma aura que facilmente fazia os outros se sentirem pressionados.

"Para poder passar o Dia dos Pais com Alicia, ele suportou a febre até agora, sem dizer uma palavra, com medo que sua doença causasse algum transtorno. Sabe quem foi que causou tudo isso?"

A mão de Octavio, enterrada no bolso, cerrou-se com força, e seus lábios se apertaram. Selena podia ver o quanto ele estava lutando para conter a tensão em seu rosto e corpo.

Mas ela precisava esclarecer as coisas, Yago ainda era uma criança.

"Você acha que não causaria dano, mas o dano já foi feito. Como podemos acreditar em você, Octavio?"

Octavio estava tensionado como uma corda de arco prestes a romper.

"As feridas mais profundas do mundo geralmente são causadas pelos que mais amamos. E se há feridas mais profundas, são aquelas infligidas por duas pessoas que se amam, em nome do amor."

"E aquela criança nasceu no campo de batalha da luta de vocês. O dano já foi feito, e para ele, nenhum de vocês merece perdão. Não use esse amor egoísta para machucá-los. Se não puder fazer isso, então afaste-se deles!"

A voz de Selena era fria e controlada, carregada de uma reprimenda severa e grave.

Por um longo tempo, o homem, quase uma estátua, finalmente engoliu em seco e murmurou duas palavras roucas.

"Não vou..."

Não vai o que?

Não vai machucá-los novamente?

Uma frase curta de menos de dez palavras, e ele só conseguiu dizer duas.

Selena olhou para ele, os olhos cheios de emoções espessas prestes a transbordar, e forçou-se a desviar o olhar com frieza.

"Espero que sim."

David a envolveu firmemente em seus braços, lançando um olhar desdenhoso para Octavio.

"Ela está certa."

Octavio: "..."

Foi só depois que David e Selena saíram que Octavio, finalmente, se moveu, mexendo o corpo rígido, caminhando lentamente até a porta do quarto do hospital. Ele levantou a mão e a colocou suavemente na maçaneta, permanecendo em silêncio por mais um longo momento.

Ele nunca pensou que poderia ter um filho com ela no presente ou no futuro.

Se ela não quisesse, ele nunca a forçaria.

Desde que ela ficasse ao lado dele, isso bastava.

Filho...

Alicia realmente tinha lhe dado um filho.

A maçaneta rangia sob a pressão de sua mão apertada.

Finalmente, com um clique, a porta do quarto foi lentamente aberta.

A fresta da porta se expandiu gradualmente até o suficiente para ele passar.

Ao lado da cama, uma enfermeira estava de guarda e olhou para ele com curiosidade e desconfiança.

"Senhor, você é..."

O olhar de Octavio estava fixo no meio do leito macio e largo, onde aquele pequeno corpo repousava tranquilamente.

Pela primeira vez na vida, Octavio não soube como responder à pergunta.

Quem ele era...

Essas duas palavras ele não tinha o direito nem a coragem de dizer.

Aproximou-se da cama, e ao ver o rosto adormecido da criança, seu coração parou por meio segundo, para então bater com força como um tambor.

Não era à toa que Alicia fez de tudo para escondê-lo.

Não era à toa que Selena foi tão direta agora há pouco.

Ele nunca poderia ficar sem saber da existência daquele filho.

Bastava uma olhada, e a resposta era óbvia.

"Você é o pai da criança, não é?" a enfermeira ao lado sorriu suavemente.

"O bebê é a sua cara."

Octavio não disse nada.

Era verdade.

Ele ficou olhando para Yago por um longo tempo ao lado da cama.

Aquelas sobrancelhas, aquele nariz, todos eram a sua imagem.

Ele estendeu a mão e tocou lentamente a testa de Yago.

A testa ainda estava quente, e o rosto vermelho estava coberto de suor.

A mão grande, de dedos longos, quase cobriu completamente aquele pequeno rosto.

Filho.

O dedo de Octavio pousou suavemente na testa franzida de Yago. Talvez o toque frio tenha aliviado o calor desconfortante, e a expressão de tensão lentamente se desfez.

A mão dele acabou repousando sobre o cabelo do garoto. Observando o rosto tranquilo adormecido de Yago, os olhos de Octavio se suavizaram, sem que ele percebesse.

Octavio manteve-se na mesma posição, em pé ao lado da cama, por um longo tempo.

A cuidadora, que estava de pé atrás dele, esperou pacientemente, mas finalmente não conseguiu se conter. Aproximou-se, olhando para a criança adormecida, e soltou um suspiro de alívio.

"Senhor, o bebê está melhorando da febre. Preciso trocar suas roupas molhadas de suor, você vê..."

Os dedos de Octavio se curvaram levemente enquanto seu olhar permanecia fixo no rosto da criança à sua frente. Sua voz soou rouca e grave.

"Eu faço isso."

A cuidadora ficou surpresa por um momento, mas logo assentiu rapidamente.

Ela trouxe as roupas e orientou Octavio enquanto ele trocava o menino.

No começo, ele estava desajeitado, sendo extremamente cauteloso para não acordar a criança, mas logo se tornou mais habilidoso.

Quando tudo parecia em ordem, ela trouxe uma bacia de água quente para lavar o menino. Octavio observou por um momento antes de pegar a toalha e começar a limpar o corpo de Yago.

A cuidadora, um pouco mais velha, observava sorridente. "Eu não vejo muitos pais por aí fazendo tudo pessoalmente como você. Normalmente são as avós ou as mães que cuidam dessas coisas."

Especialmente um homem tão elegante e distinto como ele, ela pensou, realmente não se pode julgar um livro pela capa.

Octavio manteve-se impassível, terminando de limpar o corpo do garoto e colocando cuidadosamente uma roupa limpa. Durante o processo, precisou levantar Yago, ajeitando a roupa nas costas. Ao ser movido, o menino resmungou sonolento e encostou a cabeça no ombro dele.

Octavio ficou imóvel ao sentir uma pequena mão agarrar a gola de sua camisa.

"Mamãe..."

A voz suave e sonolenta do menino ecoou em seus ouvidos, e aquele murmúrio instintivo deixou Octavio com uma sensação inexplicável de aperto no coração.

Depois de ajeitar a roupa, Octavio colocou Yago de volta na cama. O garoto parecia ter adormecido novamente, mas sua mão ainda segurava firmemente a gola dele.

Octavio não se moveu, permanecendo naquela posição desconfortável e estranha.

Sem dizer uma palavra, ele não conseguia ver a expressão da criança, mas podia sentir a profunda insegurança e desamparo que emanavam do garoto.

Com a testa encostada na de Yago, Octavio engoliu em seco.

Selena estava certa, o dano já estava feito.

*

Quando David voltou com Selena, Octavio estava esperando na porta.

Ao vê-los, Octavio disse apenas duas frases.

"Qual é o nome dele?"

Selena manteve seu rosto impassível, mas por dentro sentiu uma pontada de tristeza ao ouvir a pergunta dele.

"Yago."

Os olhos escuros de Octavio caíram para o chão, descansando nas fendas entre as lajotas, calmos e profundos.

"Obrigado."

"Octavio."

No momento em que ele passou por eles, Selena o chamou.

Octavio parou, de costas para ela, e antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, falou:

"Eu não vou usar a criança como moeda de troca."

Selena realmente não disse mais nada.

*

A bateria do celular de Alicia já havia acabado.

Ela pegou um carregador emprestado de Rayan, já era quase dez da noite.

Octavio tinha sido expulso por ela há mais de duas horas.

Ela não acreditava que ele tivesse ido para casa descansar sozinho.

Rayan, percebendo que Alicia frequentemente olhava pela janela, teve uma ideia.

"Sra. Alicia, quer que eu ajude a procurar o Sr. Octavio?"

Alicia franziu levemente a testa, sua expressão permanecendo fria. "O que você encontrar ou não, não tem nada a ver comigo."

Rayan ficou sem palavras, sua preocupação genuína transparecendo.

"… O Sr. Octavio não me disse para onde ia. Não sei em que canto do hospital ele está agora."

Alicia apertou os lábios, seu rosto permanecendo sério.

"Assistente Xavier, todo mundo sabe que você é leal a ele. Não precisa aproveitar cada oportunidade para me lembrar o quão triste e lamentável ele é. Você acha mesmo que ele quer a pena dos outros?"