Sarah
Preparo a comida da Mia já que ela vai passar a semana na casa da vó. Vou aproveitar para pesquisar sobre destinação hoje.
Com tudo preparado entrego a mochila da Mia, deixo ela ir com a minha mãe.
Ficar longe da minha filha é tão estranho que é difícil se acostumar.
Uso teletransporte para ir a principal biblioteca do reino, encontro um livro antigo e pego, fico olhando as páginas até chegar na parte de destinação de mestre e servo.
Está escrito que essa destinação é muito antiga e costumava aparecer em pessoas da realeza, ela é identificada pela parte do corpo onde a marca aparece. Na parte de trás da mão significa que é mestre, no abdômen servo. Ela não tem nada a ver com amor e paixão eterno, é classificada como maldição para quem é servo, pois naturalmente o ódio que sente pelo mestre prevalece, mas nada acontece pois se o mestre morre o servo morre também, mas se o servo morrer a destinação desaparece e o mestre vive normalmente.
Então o Dagon vai odiar minha filha por causa da destinação, pelo lado bom, não vai poder machuca-la. Espero que minha filha seja uma boa mestra, pois as coisas que eu li no livro são asquerosas, os servos são humilhados, maltratados entre outras coisas piores.
(...)
Estou em casa e não sei o que fazer, nunca fico muito tempo longe da Mia, preciso aprender a fazer outras coisas além de cuidar dela, está crescendo e vai querer independência.
Está escrito no livro que quando ela completar 15 anos precisará viver perto dele, o único problema disso é que demônios nascidos e conectados ao inferno não podem viver na terra, Dagon não pode viver na terra, saber que precisarei deixar minha princesa no inferno não está me tranquilizando.
Mesmo sabendo que Dagon não pode machuca-la, não consigo confiar, ele não tem sentimentos e tudo que ele sabe fazer é matar e sobreviver.
Escuto alguém batendo na porta, abro e vejo que é Aron, ele parece preocupado comigo.
Aron —desculpa, eu devia estar aqui para proteger você e nossa moreninha.— só rio com o apelido que ele deu a nossa filha.
—estamos bem, acho que até foi melhor não estar aqui, provavelmente ele ia querer matar você.— falo deixando ele entrar.
Aron —nossa filha, como ela está?— pergunta tentando não mostrar preocupação.
—confusa, mas já esqueceu tudo, é bem feliz, não sei de quem puxou isso, também é chorona, mas é normal.— falo e ele abre um sorriso olhando para as fotos dela na parede.
Aron —é a minha cara.— diz e eu fico seria.
—puxou o rosto de mim, só os cabelos são seus.— falo, mas ele continua com o sorriso convencido.
Aron —ela é a minha cópia feminina, só puxou os olhos azuis de você, sabe disso.— diz e eu fico um pouco brava com a audácia dele de vir aqui para dizer que minha filha é a cara dele.
—e então, você disse que ia vir no aniversário dela, mas não apareceu.— falo séria.
Aron —tive que ouvir os insultos do Dagon por me culpar por estragar a vida dele, ele disse que se tivesse me deixado morrer no décimo terceiro nível ele não seria servo da minha filha.— faz sentido.
—Aron, ainda dá tempo de se aproximar dela, nossa filha é jovem e tem o coração aberto, é ingênua e precisa de um pai para ensina-la a se proteger.—falo seria mas o olhar dele parece estranho.
Aron —Sarah... Eu tenho medo de me aproximar dela, eu não consigo, sempre que estou próximo algo me diz para ir embora, você criou ela tão bem que nem sente falta de um pai. Não posso deixar nossa filha confusa, se eu me aproximar as perguntas e dúvidas dela vão aparecer, não quero que precise explicar para ela o que ainda te faz sentir culpada.— me sento no sofá olhando minhas mãos.
Sariel não vem me ver a 7 anos, acho que não me perdoou, eu entendo, fui péssima mãe para ele. Perdi todo contato com a família do Lion, acho que é melhor assim, pensei que nunca mais precisaria levar minha filha para lá e o destino me enganou.
Eu não sei como contar a minha filha sobre tudo que aconteceu na minha vida, não quero traumatiza-la, também não quero que ela pare de me olhar como se fosse a pessoa mais incrível que existe.
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