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Sim! Me Casei Com Irmão Do Ex romance Capítulo 302

O ciúme era um sentimento que Dante só tinha sentido por um breve momento na infância. Depois disso, nunca mais invejou o fato de Henrique ter uma família completa.

Mas, agora, às vésperas de fazer trinta anos, aquilo voltou com força, derrubando a calmaria que ele tinha mantido por tantos anos. Era a primeira vez, em muito tempo, que sua vida tranquila parecia tomada por ondas gigantes.

Desde pequeno, Dante engolia muitas coisas que não entendia.

Por que ele não tinha pais, nem família, enquanto os outros tinham?

Por que, na primeira vez que seu irmão mais novo o viu, o recebeu com ódio? Por que jogou no chão o presente que ele tinha levado dias pra fazer à mão, chamando-o de bastardo e dizendo que ele não tinha direito de ser seu irmão?

Mais tarde, ele entendeu.

Mas, na época, era só um garoto, e crianças têm muitas perguntas. Não sabia a quem perguntar, então só suportava.

Aos poucos, acostumou-se a carregar tudo calado, e isso acabou virando parte de quem ele era. Com o tempo, perdeu o interesse por quase tudo.

Hoje, tanto no trabalho quanto na vida, fazia tudo no embalo, sem um objetivo real. Pra muita gente ele era um homem bem-sucedido, mas não havia nada que ele realmente quisesse conquistar.

Nunca teve certezas.

E, no fundo, era porque nem sabia o que queria.

Querer é ter desejo, e isso é importante.

Mas, pra ele, fama e dinheiro nunca significaram muito. E também nunca tinha conhecido alguém que despertasse interesse…

Por isso, sempre se achou um homem sem graça. Sua vida não tinha nada a ver com a de Leandro, cercado de amigos, festas e excessos. E o trabalho? Apenas se dedicava a coisas cujo sentido nem sempre entendia.

Até que, três anos atrás, numa viagem à praia para inspecionar um projeto e aproveitar alguns dias de descanso, reparou, por acaso, em Luana. Ela andava de um lado pro outro, sem rumo.

No começo, não deu importância. Mas, depois de vê-la mais algumas vezes, começou a se perguntar o que teria acontecido com ela. Havia algo de frágil e triste no jeito dela…

E assim começou a observá-la.

Uma vez, chegou mais tarde, mas tinha certeza de que ela estaria lá, como sempre. Não a viu. Procurou, e acabou descobrindo que ela tinha caído no mar.

Mesmo sem saber como era gostar de alguém, sempre que via o mar, lembrava dela. E ainda se recordava do dia em que voltou para o país. Ao vê-la, sua mão se fechou com força ao lado do corpo…

Parecia que nunca a tinha esquecido.

Era estranho. Anormal.

Sem experiência nesse tipo de sentimento, tratou o anormal como se fosse normal, como sempre tinha feito na vida. O destino empurrava, e ele ia.

Com Luana foi igual, quis prestar atenção nela? Então prestou.

E foi assim feito durante todo esse tempo… até que, de repente, um pensamento despertou dentro dele com força esmagadora.

No instante em que surgiu, percebeu que estava lá havia três anos, enterrado e silencioso.

Talvez… ele gostasse de Luana.

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