Sinto muito, Sr. Teófilo, a senhora faleceu romance Capítulo 491

João balançava seu leque, olhando para o céu.

- Então eu pergunto a você, se eu não deixasse ela ir, o que eu ganharia com isso?

Patrícia ficou em silêncio e João acrescentou:

- Eu só iria receber ressentimento e frieza. Ela não me xingaria, mas todos os dias ela me odiaria, odiando a injustiça do mundo. Seus olhos não teriam brilho, seus lábios não sorririam. Mesmo que eu a tivesse, não teria o coração dela. Só teria um lar desmoronado, apenas uma fachada e sua criação monitorada com cuidado. Não me esqueci de como você tentava conquistá-la quando era pequena. Enquanto os outros da sua idade só se preocupavam com comer e beber, você se esforçava para agradá-la. Mas, no final, não conseguiu aquecer o coração dela, não é mesmo? Em uma casa consumida por conflitos internos, sem um campo de batalha visível, não levará muito tempo para você se tornar como ela. O pavão é belo porque tem amplo espaço para se movimentar. Se o colocarmos em uma pequena gaiola, nem mesmo pode abrir o rabo. O que há de bonito nisso? Eu escolhi deixá-la ir. Mesmo que ela não me ame, não me odiará, ela encontrará felicidade, liberdade e eu conseguirei satisfação espiritual. A única lamentação é que você ficará sem mãe. Portanto, nem tudo na vida tem uma conclusão predestinada. Não é uma questão de esforço igual garantir recompensas iguais. Depende de nossas escolhas.

Patrícia imaginava a situação daquela época, como se estivesse agora ao lado de Teófilo, compreendendo a lição.

- Pai, você deve ter amado muito a mãe, né?

- Amo, como não amaria? Desde o primeiro momento em que a vi, fui profundamente atraído por ela. Sua mãe é como a luz da lua no céu, fria e pura. Ela é perfeita em tudo, exceto por não me amar. Mesmo depois de se casar comigo por acaso, nos anos seguintes, me esforcei ao máximo para amá-la, mas nunca consegui fazê-la mudar de ideia. Então, eu a deixei livre, soube que ela estava vivendo feliz e meus esforços não foram em vão.

Patrícia continuou perguntando:

- Depois que a mãe partiu, você nunca mais se casou. Não encontrou mais alguém que gostasse?

Ao tocar naquele assunto, Patrícia notou que o rosto de João mudou, como se as luzes tivessem se apagado de repente, perdendo seu brilho.

Ele olhou para Patrícia, suspirou e finalmente revelou a verdade.

- Na verdade, havia algo que eu planejava te contar há muito tempo, mas naquela época você era muito jovem. Eu pensava em dizer daqui a dois anos, mas, depois daqueles acontecimentos...

João balançou a cabeça com resignação, continuou:

João olhou para as nuvens brancas no céu, como se estivesse relembrando algo.

- Devo ter gostado. Ela tinha a energia e vitalidade da juventude. No começo, eu só a tratava com compaixão por ela ser tão jovem, mas à medida que nos aproximávamos, eu me sentia feliz ao lado dela, como se tivesse rejuvenescido. Comecei a levar esse sentimento a sério.

Naquele ponto, ele voltou seu olhar para o rosto de Patrícia, continuou:

- Quando me apaixonei pela sua mãe, era um jovem impetuoso, apaixonado por amor. Mas agora, com a idade que tenho, preciso pensar com cuidado. Tive medo de que você se importasse e ainda mais medo dos comentários externos. Minhas preocupações se tornaram a faísca que acendeu a confusão entre nós, ela acabou partindo. Quando a encontrei, ela já estava grávida.

As pupilas de Patrícia se dilataram, perguntando:

- Então, o bebê que ela estava esperando não era seu?