A pergunta repentina de Lorena deixou Raimunda um tanto surpresa, e ela perguntou:
— Como assim? O Sr. Duarte não te deu o antídoto?
Lorena curvou os lábios em um sorriso amargo e negou com a cabeça.
Raimunda sentiu uma pontada de culpa no mesmo instante e disse:
— Eu realmente não imaginava que esse antídoto fosse tão precioso... Mas o Sr. Duarte o deu apenas para mim. Achei que você também já tivesse recuperado a memória, não pensei que...
Lorena permaneceu em silêncio.
"Sim... Um antídoto tão raro, e Duarte o usou para fazer experimentos em Naiara."
Raimunda tentou consolá-la:
— O Sr. Duarte deve ter feito isso por necessidade. Na época, eu era a única que poderia testemunhar contra a família Godoy. Por isso, ele escolheu me dar o antídoto. Se não fosse por essa razão, ele com certeza teria lhe dado a única dose disponível.
Mas Lorena respondeu com indiferença:
— E se ele tivesse duas doses?
Raimunda olhou para ela, surpresa:
— O que você quer dizer com isso? O Sr. Duarte conseguiu duas doses do antídoto? Então por que ele usou apenas em mim e não em você? Isso não seria estranho demais?
Lorena suspirou e balançou a cabeça, dizendo:
— Eu também não entendo... Por quê?
Raimunda sugeriu:
— Então pergunte ao Sr. Duarte. Essas coisas precisam ser esclarecidas o quanto antes, para não virarem um obstáculo entre vocês.
— Não adianta perguntar. Mesmo que eu pergunte, ele não vai me dizer a verdade. — O tom de Lorena subitamente ficou melancólico. — Ele nunca diz a verdade. Talvez, para vocês, ele seja um grande homem. Mas para mim... Eu já não consigo mais acreditar nele.
Só então Raimunda percebeu que a vida de Lorena não era tão feliz quanto ela havia imaginado.
Depois do fracasso de seu casamento com Dedé e de tudo o que passara, Raimunda já não tinha mais ilusões sobre o matrimônio.
Para ela, o casamento era algo distante, quase irreal.
Por isso, não sabia que conselho poderia dar a Lorena.
Raimunda só pôde perguntar, preocupada:
— E o que você pretende fazer? Por que o Sr. Duarte não te deu o antídoto? Por que ele não quer que você se lembre do passado?
Ela sonhou com os dias terríveis em que ficou presa no País N, revivendo o horror de quase ter sido violentada.
A cena era tão vívida que a fez acordar assustada, o corpo trêmulo de medo.
E, no instante em que despertou, o nome que escapou de seus lábios foi:
— Duarte...
O silêncio do quarto a envolveu.
Lorena olhou para o lado, encarando o travesseiro vazio, sentindo um vazio ainda maior dentro de si.
Se virou para o relógio na parede: já passava das três da manhã.
Pegou o celular e, depois de hesitar por um longo tempo, finalmente decidiu ligar para Duarte.
O pesadelo ainda a assombrava.
Parecia que apenas ouvindo aquela voz arrogante e autoritária, repleta de uma força inabalável, conseguiria afastar o medo que tomava conta de seu coração.
O telefone tocou por vários segundos antes de, enfim, ser atendido.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Sr. Joaquim, a sua esposa é a mulher daquela noite!
Nossa que história chata horrível como se escreve uma mulher tão burra aff...