Foi só então que Lorena percebeu que Ademir provavelmente havia entendido errado. Ele achava que ela tinha aberto uma loja de pianos e, por isso, ignorou completamente Domingos.
No entanto, Lorena não discutiu. Tinha receio de desagradar o médico responsável pelo tratamento de Domingos e que, por isso, ele não se dedicasse tanto ao caso.
Assim, ela apenas assentiu e disse:
— Obrigada pelo aviso, Dr. Ademir. Vou conversar com o pai dele.
Enquanto ajustava a velocidade do soro de Domingos, Ademir comentou distraidamente:
— Que interessante...
— O quê? — Lorena não entendeu e olhou para ele, intrigada.
Ademir sorriu.
— Ontem, a Srta. Lorena ainda parecia alguém difícil de lidar. Hoje, no entanto, está sendo bem educada comigo.
Lorena captou a insinuação nas palavras dele. Apertou os dedos levemente, forçando um sorriso um tanto hesitante, e respondeu:
— Então, por favor, Dr. Ademir, não leve a sério o que eu disse ontem. O senhor tem razão, eu realmente não tenho o direito de interferir na educação da criança. Por isso, peço desculpas pelo que aconteceu.
Um brilho de desagrado passou pelo olhar do médico, mas sua voz continuou indiferente quando perguntou:
— A Srta. Lorena tem medo de me ofender e que, por isso, eu não trate bem de Domingos?
Lorena congelou por um instante, mas não negou.
Ademir, no entanto, soltou uma risada fria e disse:
— A Srta. Lorena realmente sabe como insultar alguém.
Dizendo isso, ele deixou o quarto de Domingos, transparecendo evidente descontentamento.
Lorena ficou sem entender onde, mais uma vez, havia ofendido Ademir.
— Quem você pensa que é para me dar ordens? Nem mesmo Duarte se atreve a falar comigo desse jeito!
A paciência de Lorena se esgotou.
— Então faça o favor de avisar ao Duarte que o filho dele teve outra crise cardíaca e está internado.
Sem se dar ao trabalho de gastar mais uma única palavra com Naiara, Lorena desligou o telefone.
Naiara encarou a tela escura do celular, um brilho calculista passando por seus olhos.
Nesse momento, o som do chuveiro cessou. Apressada, Naiara largou o telefone sobre a mesa.
Duarte saiu do banheiro com apenas uma toalha amarrada na cintura, sem notar que não estava sozinho. Ao vê-la parada bem no meio do quarto, levou um susto e imediatamente voltou ao banheiro para pegar um roupão. Só então, com a expressão séria, voltou para encará-la.
— O que você está fazendo aqui de novo? — Duarte a repreendeu como um irmão mais velho. — Quantas vezes eu já disse para não entrar no meu quarto assim? Pelo menos bata na porta e espere minha permissão antes de entrar.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Sr. Joaquim, a sua esposa é a mulher daquela noite!
Nossa que história chata horrível como se escreve uma mulher tão burra aff...