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Sua por contrato romance Capítulo 28

CAMILA SILVA

Pela janela do carro eu vou observar tudo ao meu redor, começando a considerar os lugares. Quando entramos na vila/rua da casa dos meus pais, sinto que o meu coração vai sair pela boca.

Desde que me mudei para os Estados Unidos, seis anos atrás, só revi minha família três vezes. Nunca perdemos o contato, à internet muito facilitada, mas nada se compara ao presencial.

__ Eu abro.— Saio do carro.

Entre pelo portão dos pedestres mesmo, caminha até o poste onde abre o botão que faz a abertura automática. Antigamente era apenas uma rua com duas entradas, mas em busca de segurança os moradores se juntavam e colocavam obstáculos automáticos em cada entrada.

Ethan entra e eu fecho o portão, ele estaciona em frente à casa dos meus pais sendo orientado por mim.

__ O de casa.— Bato duas vezes no portão de ferro branco, encarando os muros cinza. Gostei da cor.

__ EU NÃO ACREDITO.— Carolina abre a porta e pula em cima de mim, abraçando-me com força.

Solto um sorriso feliz, aconchegando o corpo da minha irmã.

Carol sai de cima de mim e logo braços fortes me rodeiam, com o meu corpo quase sendo engolido por um mais forte e alto. Ao sentir o cheiro do perfume de Lucas, respiro aliviada, abraçando meu irmão com força.

__ Baixinha.— Beija o meu cabelo.

__ Maninho.— Fico na ponta do pé e ele se abaixa um pouco, o suficiente para que eu beije a sua testa. Um jeito tão simples, mas que se tornou uma tradição nossa desde que éramos pequenos.

Quando meu olhar encontra com o seu, vejo suas lindas íris cheias de lágrimas. Foi o suficiente para que uma solitária descesse pela minha cara. Céus, jamais serei capaz de explicar o quanto sinto falta da minha família, como eles são o meu tudo.

__Senti a sua falta, grandão. É estranho não ter alguém tirando sarro da minha altura o tempo todo.— Confesso com a voz embargada.

__ O gnomo, não começa a chorar não hein.— Implica comigo balançando o meu cabelo.

__ Não é justo, estou me protegendo.— Carol faz drama.

Reviro os meus olhos a puxando para mais um abraço. Nós três somos bem sentimentais, mas ela consegue ser a mais emocionada. Juntos somos um só!

__ Meu Deus, parece que estou enxergando dias Camila e a versão masculina dela.— Madu, com o seu jeito divertido, fala.

Nós três somos muito parecidos mesmo, principalmente eu e Carol. A diferença é que o corpo dela é um pouco mais magro, a boca mais fina e o cor dos olhos diferentes.

__ Meu irmão Lucas.— Aponto para o moreno com sorriso sedutor.— Minha irmã Carol.— Indico a morena.— Maninhos, esse é o meu noivo Ethan e sua família.

__ É um prazer pessoal-los.— Ethan tenta falar em português.

Ele me explicou que sua mãe sempre gostou muito do Brasil, então o português fez parte da língua que aprendeu. Embora nunca tenham praticado, todos possuem uma noção bem vasta.

__ Te digo o mesmo, cunhado.— Lucas estende a mão para ele que aperta.— Se você fizer a minha irmã sofrer, eu arranco o seu pau.

Prendo a minha risada quando vejo o acontecimento de Ethan. Ele ficou com medo, percebeu isso porque já o conheço mais do que a mim, mas disfarçou muito bem, sustentando o olhar.

Lucas nunca fez o tipo ciumento, ele sempre foi meu melhor amigo. Ele sempre soube dos meus lances sem compromisso e esteve ao meu lado me protegendo, ao mesmo tempo que me incentivava a viver.

__ Não vou a magoar.— O loiro fala com firmeza.

__ Eu sei disso.— Lucas sorri e Ethan, discretamente, relaxa.— Bem vido a família.

Pegando o meu noivo desprevenido, Lucas o puxa para um abraço rápido. Ao se separarem, consigo enxergar um sorriso singelo nos lábios de Ethan. Eles se deram bem um com o outro e de uma forma que eu não sei explicar, isso me deixa feliz. Meu irmão é muito importante para mim e significa tanto saber que ele apoiou Ethan... mesmo que nada seja real.

Quando todos terminam de se apresentar nos entramos. Fui direto para a cozinha, encontrando com as duas pessoas que mais amo nesse mundo, meus pais. Assim que eles me viram, seus braços fraternos se abriram em minha direção e eu não pensei duas vezes, correndo e me alinhando neles.

Não é fácil ficar tão longe da minha família, principalmente esses dois que mesmo em meio às dificuldades sempre me fizeram sentir amada. Mas é justamente por eles que secam as lágrimas e me mantenho forte, lutando para terem uma vida melhor.

Seria capaz de morrer pela minha família.

Aqui é duplex, com o andar de baixo tendo a sala, que da em uma pequena varanda e então a porta que entramos. Tem uma escada que leva para o andar de cima, um sofá-cama preto, uma televisão grande em frente e mesa de jantar em uma das paredes. Acaba dando em um corredor que no final tem o banheiro e no meio leva a cozinha que também é grande.

Lá em cima tem três quartos e mais um banheiro. Lucas tem o seu próprio, Carol divide um com a filha e os meus pais ficam com o maior. Quando eu morava aqui, dividia o meu quarto com o meu irmão.

Assim que começaram a mandar dinheiro, eles arrumaram a casa toda, deixando ela do jeito que sempre sonharam. Foi uma das minhas maiores realizações. Embora não seja luxuoso, é o meu lar e eu o amo.

__ Cadê a Ana?— Pergunto pelo meu pequeno amor.

__ Está lá em cima dormindo, já acordado para o café da manhã. Quer ir lá? Você pode me ajudar a dar banho nela.— Carol.

__ Claro.— Fico de pé no mesmo momento.

__ Antes eu só quero pedir uma coisa a vocês.— Minha irmã suspira pesadamente e eu me preocupo.

__ Pode pedir.— Minha sogra responde solicitada.

__ Minha filha está fazendo um tratamento contra o câncer, ela é uma guerreira. Ontem ela raspou as pequenas mechas que ainda restavam após o tratamento.— Carol morde os lábios inferiores com os olhos cheios de lágrimas.

__ Ana ainda está lidando com isso. Se é difícil para um adulto, imagine para uma criança. Então queremos pedir que não olhem de uma forma estranha e, se possível, um elogiem. Ela precisa entender que continua linda.

__ Sentimos muito pelo que sua filha está passando.— Ethan.

__ Tenho certeza de que ela irá melhorar.— Lua.

__ E pode deixar, a felicidade se sentir uma princesa.— Madu.

Minha irmã suspira aliviada e nós duas subimos. Assim que entramos no quarto eu vejo o corpinho indefeso na cama, consideravelmente mais magro do que deveria e com a pele avermelhada. Minha irmã me explica que é devido ao tratamento e eu me obrigo a engolir o bolo na garganta.

Sento na beira da cama e chamo por ela, vendo os seus olhos estarem abertos e focarem em mim. Quando ela me regular, uma pequena se joga no meu colo e eu um abraço com força, tomando cuidado para não a machucar. Quero proteger o mundo todo, principalmente dessa doença tão cruel. Só oro a Deus para que não leve a minha menina, eu não suportaria.

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