Um Adeus Sem Perdão romance Capítulo 1427

Márcia: "Já tem décadas de vida e ainda chora como quando era jovem?"

Thiago: "…Quem chorou? Eu não chorei, não."

"Sim, sim, você não chorou."

O mesmo diálogo, atravessando décadas de tempo, se repetiu mais uma vez.

Eles pareciam ainda ser os mesmos de antes, mas ao mesmo tempo, já não eram mais.

"Thiago, acho que sonhei com você agora há pouco."

"O que você sonhou comigo?" Thiago conteve o choro, tentando se mostrar calmo.

Os olhos de Márcia foram ficando distantes, como se mergulhasse em lembranças—

"Sonhei que você apostava com alguém para participar de uma competição, seus colegas de equipe eram unidos, vocês se esforçavam juntos e conquistavam o primeiro lugar. Do começo ao fim, você não me procurou para pedir ajuda. Entre nós, não houve nenhum contato, eu era orientadora, você era estudante, como duas linhas paralelas, podiam se ver, mas nunca se cruzavam."

Thiago: "Está errado, sonho é sempre ao contrário."

"Então, na realidade, sou eu que aposto com alguém para participar da competição, sou abandonada pelos colegas no meio do caminho, fico sozinha, mas é você que aparece na hora certa para me ajudar. Juntos, superamos todos os obstáculos e levamos o primeiro lugar."

"E depois... começamos a namorar. Em segredo, eu escondia dos alunos, você escondia dos colegas."

"Sempre fingíamos nos encontrar por acaso na porta do refeitório, então podíamos almoçar juntos, sem precisar dar explicações. Quando cruzávamos no corredor, de propósito, nossas mãos se tocavam, e aproveitávamos para nos dar as mãos em segredo..."

"E ainda naqueles cantinhos escondidos sob as árvores do campus, foi ali que eu te beijei pela primeira vez, meu coração disparava como motor de ônibus, e você ria dizendo que eu era inexperiente, esquecendo que também era seu primeiro namoro..."

Márcia se deixou levar pelas cenas que ele descreveu, as lembranças mais profundas do seu coração foram trazidas à tona, uma a uma, revivendo diante de seus olhos.

"Você ainda lembra..."

Thiago: "Não tem como esquecer, nunca vou esquecer nesta vida."

Com esforço, Márcia levantou a mão, tentando tocar o rosto dele. O jovem cheio de sonhos das suas memórias já não era mais tão jovem, mas naquele momento, ela enxergou o Thiago do passado.

"Thiago, é melhor você me esquecer."

"Obrigada... Obrigada por ter vindo... Minha vida foi feliz. Não tive filhos, mas tive a academia como companhia; não tive marido, mas fui tratada com sinceridade. Eu, ah, não tenho arrependimentos."

Márcia sorriu e deixou as lágrimas caírem. Olhando para ele, usou as últimas forças para pronunciar, palavra por palavra:

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