Um CEO em Apuros romance Capítulo 34

Após uma semana, Renan chega com muitas novidades. O congresso foi um sucesso, a técnica desenvolvida por Franco, foi muito elogiada e aprovada. Em todos os jantares que foram, receberam muitos elogios. E os novos, ternos que usaram, foram muito questionados. Eles eram os mais bem vestidos nos eventos. Muitas pessoas pediram o endereço de onde compraram. Renan, diz que todos, médicos e médicas, ficaram sabendo da mudança na clínica e nas roupas. Eles querem o cartão de quem foi o responsável pela mudança.

Bianca fica feliz, mas diz ao tio que, no momento, está preparando as roupas de Cleo. É quase impossível aceitar, qualquer encomenda agora.

Renan- Eu entendo, mas o que vamos fazer? Você foi o destaque assim como a nova técnica.

Bianca- Eu não posso tio. Estou estudando para compor as roupas de Cleo. Estou sem tempo para qualquer outra coisa.

Renan- Bem, muitas pessoas que vivem no meio da moda, precisam de muita divulgação e tempo. Você teve sorte em ter uma atriz famosa e no masculino, nós no congresso. Agora não tem volta.

Bianca- Eu sei, mas estou bem e minha cabeça também. Então, entre uma roupa e outra, posso estar criando algo. Mas vou me organizar, ainda não estou acreditando em tudo que mudou.

Renan- Pois acredite. Trabalho não vai faltar. Só precisa deixar sua imaginação solta e livre para criar.

Bianca- Isso é fácil, adoro fazer as roupas, fico inspirada assim que começo. Mas ainda não sei se vou divulgar, pois não poderei aceitar encomendas nenhuma por uns meses.

Renan- Faz bem, melhor ir devagar. Assim honra seus compromissos.

Bianca finalmente está estabelecendo. Renan oferece a ela a parte de baixo da casa, para fazer o ateliê e o escritório. Ficando a parte de cima, a moradia deles.

Bianca- Tio, não é certo. É sua casa.

Renan- Filha, vamos ser honestos, usamos mais os quartos do que o restante da casa. Se por acaso, ficar incômodo, podemos ir para um lugar menor e mais tranquilo. Agora existem pequenos apartamentos, qualquer coisa, mudamos para um, mas a casa é bem localizada e tem um perfil frontal bem original para ser seu ateliê. Por enquanto, ficamos aqui. Depois vemos o que faremos.

Bianca- Tio, teria algum problema, se eu fosse viajar?

Renan- Como assim? Viajar para onde?

Bianca- Ainda não sei, mas posso desenhar em qualquer lugar, eu queria conhecer outras culturas, costumes e lugares. Financeiramente, estou tranquila, pois com o dinheiro que entrou, e que Cleo manda, dá para pagar todos e já tenho o material principal para uso das roupas. Mas sinto que falta algo, é um sentimento que tenho.

Renan- Bianca, quanto a viajar, não tem problema, agora, quem vai com você? Não é certo viajar sozinha. Lívia cuida de manter as costureiras, Gustavo mantém a contabilidade e eu agora não posso te acompanhar. A clínica está recebendo muitas pessoas e também vão vir outros cirurgiões, para estarem estudando aqui, sobre o novo método. Quem iria contigo?

Bianca- Não sei, mas se Franco me liberar, posso viajar? Vou procurar alguém para me acompanhar.

Renan- Veja primeiro, depois conversamos. Bianca sorri e concorda. Eles passam o domingo matando a saudades e conversando sobre tudo de novo que aconteceu com eles. Até que Bianca diz.

Bianca- Tio, hoje eu quero ver como eu fiquei. Franco me entregou o envelope com as fotos.

Renan- Está preparada?

Bianca- Acho que sim. Eu preciso terminar este ciclo. Preciso acabar de vez com meu passado.

Renan fica preocupado com o que ouve de sua boca. Ele sabe como ela chegou. Sendo médico, não foi fácil para ele. Mas ele não pode impedir que ela queira ver as fotos.

Renan- Bianca, diga com toda sinceridade, o que passa na sua cabeça?

Bianca- Tio, tudo parece ser um conto de fadas, encontrei você, que me ajudou, a Cléo, uma grande atriz, Franco, que abriu as portas da clínica, tudo é muito certinho. Mas isso teve um preço. É a minha vida, a minha história. Até agora eu não encontrei dificuldades em nada, irônico isso. Muitas pessoas batalham por tudo que eu tenho. E veio assim, acontecendo e dando certo. Mas o que trouxe tudo isso? Qual foi o início de tudo? É hora de colocar os pés no chão. Quem vê minha vida, pode achar que é fácil. Foi fácil. Mas e o antes? O que eu passei e o que aconteceu? Eu aguentei durante anos humilhação de alguém, porque eu me apaixonei pela pessoa errada. Está mesma pessoa, eu tinha na cabeça, que era melhor ser notada, mesmo que humilhada, do que passar despercebida. Sabe quando doeu? Quando eu vi o vestido que meus pais compraram com muita dificuldade, cheio de tinta. Aquela foi a única vez, que usei algo caro e bonito, e custou muito para meus pais, comprarem. Tenho o modelo do vestido na mente, até hoje. Doeu muito ver aquele vestido, manchado de tinta vermelha. Quando olhei para Elton, era como se fosse meu sangue, manchando tudo. Não foi fácil tio. Só parece. E acredite, me ver desfigurada, não vai doer como a dor que senti naquele dia.

Renan fica engasgado ao ouvir. É a única vez que ela toca no assunto. Durante este tempo todo, ele nunca sentiu tanta dor, saindo em suas palavras.

Bianca vai até o quarto e pega o envelope com as fotos e desce. Renan vai com ela até a mesa. Bianca respira fundo antes de abrir. Ela tira várias fotos e espalha, sobre a mesa. Renan fica preocupado com a reação de Bianca.

Bianca vai pegando cada foto e olhando. Suas fotos parecem de filme de terror, onde o rosto é desfigurado. Mas ela olha com calma, cada foto. E depois vê as da cirurgia. Eles refazendo seu rosto. Tudo foi documentado. Depois de ver, ela deixa sobre a mesa e seus olhos lacrimejam.

Bianca respira fundo e fala com a voz rouca de emoção.

Bianca- Tio, esta Bianca, morreu no acidente. Ela já não existe mais. Não posso deixar sentir, que em parte, eu tenho um pouco de culpa. Se eu não aceitasse tudo que passei, não chegaria onde chegou. Ninguém teve culpa do acidente, mas eu tenho que admitir, que eu queria pelo menos uma vez, que Elton me visse bem vestida. Eu menti para mim mesma, quando disse que só queria tirar a foto para meus pais. Não quero carregar isso comigo. Não vou continuar a mentir. Então a culpa é minha. Por querer, pelo menos uma vez, que me vissem como gente. Não como uma pobre em colégio de ricos. Mas não foi bem assim.

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