Elton fica divagando, olhando o bar. Rafael, depois de beber, encosta na cadeira e volta no tempo.
Rafael- Lembro que um dia, Bia chamou para vir aqui, eu estava atrasado com uma matéria, então falei que não dava. Ela pediu que trouxesse o caderno para ajudar. Assim que chegamos, ela pegou e fez tudo rápido, depois me entregou e disse que queria dançar. Foi a primeira vez que vi ela tão feliz. Quando perguntei, ela disse que estava escolhendo sua roupa de formatura. Bia nunca se importou com roupas, mas estava empolgada, neste dia, ela estava diferente. Não sei porque, mas estava.
Elton- Vocês eram chegados e amigos.
Rafael- Sim, mas era uma amizade de apoio. Um não contava para o outro, a vida particular. Nossos assuntos era, escola, sonhos do que fazer depois de terminar os estudos.
Elton- Você gostava dela? Digo, além da amizade?
Rafael- É a segunda pessoa que me pergunta isso. Não, era só amizade mesmo. E nem ficávamos tanto tempo juntos, Bia era muito apegada à mãe e ao pai. Poucas vezes saímos e nossos encontros, era na escola, ela era fissurada na biblioteca, eu ia com ela para estudar matemática. Mas ela estudava um pouco de tudo.
Elton- Lamento, tudo que aconteceu. Deve sentir falta dela.
Rafael- Sinto, mas nossas vidas teriam rumos diferentes. Talvez, eu não estaria aqui. Só fiquei porque você me deu emprego.
Elton- Eu não consigo imaginar, o que teria acontecido, se meu pai não tivesse ido embora. Foi uma noite em que todos tiveram sua vida modificada. Lembro de chegar em casa e meu pai sair pela porta, e dizendo para eu me virar, pois estava cansado e destruído por tudo que fiz. Diz ele olhando o copo à sua frente. Depois eu entrei em desespero e saí procurando alguém para conversar, só encontrei Naná. Naquele dia percebi que não tinha ninguém, era só eu e ela. Depois eu encontrei você. Que me ajudou e sempre esteve ao meu lado.
Rafael- Mas na época, só aceitei por causa de minha mãe, ela que me fez pensar. Mas não me arrependo, se eu te ajudei, você retribuiu. Hoje posso dizer que tenho um currículo.
Elton- Nunca vou conseguir pagar o quanto me ajudou. Eu não entendia nada, não sabia nem por onde começar. E tenho certeza, que ninguém iria querer ajudar. Todos estavam esperando a notícia de falência.
Rafael- Me lembro disso. Mas ainda bem, que tinha sua herança, senão era falência mesmo.
Elton- Tenho ciência sobre isso. Eu não posso mudar o passado. Mas posso fazer o certo agora e melhorar mais no futuro.
Rafael- Algum dia já se arrependeu de ter se afastado dos seus amigos? Afinal andava só com as garotas bonitas da faculdade, e elas ainda te procuram. Sabe que continuam lindas.
Elton- Lindas e vazias. Não me arrependo, eu não tive amigos.
Rafael- E aquela garota, que se aproximou, no restaurante? Ela era, sua garota na faculdade!
Rafael- Disse certo. Era. Hoje não me interessa mais. Aprendi uma lição, meu dinheiro é que faz a diferença, ninguém se importou comigo, com a minha pessoa. Se você tem dinheiro, então você é o máximo, quando não tem, não é ninguém.
Rafael- Você pensava igual, não esqueça disso.
Elton- Na verdade, não era assim, eu era revoltado, eu agredia a todos, não foi só vocês que eu infernizei, ninguém escapava de minha revolta. Prova é, que meu pai sumiu.
Rafael- Falando nisso, encontrou ele?
Elton- Em parte, ele estava em uma fazenda, mas saiu de lá, a quase um mês. Ainda estão procurando para onde foi.
Rafael- Uma fazenda?
Elton- Sim, eu disse que tinha ganhado terras, ele estava em uma, lá não tem comunicação, não foi feita melhorias.
Rafael- E agora? O que pretende? Disse interessado.
Elton- Eu vou na fazenda, vou tentar descobrir mais. Além de me preocupar com sua saída, queria saber se quer me acompanhar, vou levar Naná, pode levar sua mãe. Assim uma faz companhia para a outra, e podemos procurar notícias, o que acha?
Rafael- É, pode ser boa ideia. Estamos entrando no mês de festividades, e neste período, não precisamos ficar no escritório.
Elton- Eu não sou de festividades nesta época, então não me importo.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um CEO em Apuros
Amei a história. Os personagens são divertidos e intensos. Uma história leve, comovente e cheia de ensinamentos. Parabéns à autora...