Um Vício Irresistível romance Capítulo 191

Sterling falou devagar, com um tom pesado. Suas palavras não pareciam um agradecimento, mas uma advertência dirigida a Antônio e Ana.

A mão de Antônio, que segurava a taça de vinho, tremia tanto que o líquido quase transbordava. O suor escorria pela sua testa, e ele gaguejou ao responder:

— Como pais, é o nosso dever cuidar bem da Clarinha. Sterling, você está sendo muito educado!

Ana tremia tanto quanto o marido. Sua voz saiu trêmula, quase inaudível:

— Clarinha, você deveria vir nos visitar mais vezes. Sentimos muito a sua falta!

Ela entendeu perfeitamente o que Sterling queria dizer com aquelas palavras, e seu coração disparou.

Não era ele quem, segundo os boatos, mantinha uma amante? Então, por que estava tão dedicado a Clarice?

Ana começou a reconsiderar sua atitude. Talvez fosse melhor tratar Clarice um pouco melhor. Caso contrário, se Sterling decidisse não investir mais na empresa deles, seria um desastre. Pensando nisso, decidiu que no dia seguinte levaria Clarice para comprar algumas roupas novas. Era melhor fazer algo para agradá-la.

Beatriz, por outro lado, cerrou os punhos com tanta raiva que suas unhas quase perfuraram a pele. O ódio que sentia por Clarice era tão intenso que, naquele momento, ela queria matá-la.

Sterling terminou o vinho em sua taça e virou-se para Clarice.

— Clarinha, encha minha taça.

A maneira tranquila e obediente com que Clarice se levantou para servi-lo fez com que ele se sentisse um pouco mais satisfeito.

Clarice lançou um olhar rápido para ele e serviu o vinho. Quanto às palavras de seus pais, ela não deu a menor atenção. Para ela, já eram estranhos há muito tempo. Fingir que tinham uma relação próxima seria simplesmente ridículo.

Sterling tomou a segunda taça com Pedro e Paula, e, após esvaziar a taça, pediu novamente que Clarice lhe servisse.

Clarice, porém, não conseguiu evitar de lançar um olhar discreto para Asher, que estava do outro lado da mesa. Ele parecia pálido, com uma expressão cansada. Ela sabia que ele ainda não estava completamente recuperado. Se continuasse bebendo, era óbvio que seu corpo não aguentaria.

Hesitante, Clarice inclinou-se para Sterling e sussurrou:

— Asher não deveria beber. Não insista com ele. Se algo acontecer, você também será responsabilizado.

Desta vez, ele a chamou de "Clarice" em vez de "Clarinha". A mudança no tom e no tratamento era evidente, e todos podiam sentir sua irritação.

Ana, percebendo que Sterling estava furioso, levantou-se rapidamente e caminhou até Clarice. Ela sussurrou, em um tom de reprovação:

— O que você está fazendo? Sterling pediu para você encher a taça. Sirva logo o vinho!

Para Ana, Clarice estava tentando provocar Sterling e, ao mesmo tempo, arrastando toda a família com ela para o abismo. “Essa garota é mesmo cruel!”

Clarice olhou para Ana e soltou uma risada curta.

— Se ele beber demais, quem vai cuidar dele sou eu, não você. Quem vai ficar exausta sou eu. Por que eu deveria complicar ainda mais a minha vida?

Sua voz era calma, quase indiferente, e seus lábios se curvaram em um sorriso leve.

Clarice estava cansada das opiniões de quem falava sem se colocar em seu lugar. Afinal, o peso das consequências sempre recaía sobre ela.