No escritório.
Assim que Camille desligou o telefone, ela reuniu suas coisas e foi embora.
Agora que Frank não estava por perto, havia muitas coisas para ela fazer em casa.
Seus pais passavam boa parte do dia jogando mahjong e não se preocupavam com as tarefas domésticas. A máquina de lavar estava cheia de roupa suja e o piso estava não era limpo já havia vários dias.
Como estava saindo mais cedo, ela imaginou que poderia correr para casa e fazer as tarefas.
Antigamente todos na casa de Camille pensavam que Frank era apenas um sujeito inconsequente. Mas ele mal havia ficado alguns dias fora e ela já se sentia exausta com o excesso de trabalho.
Só então Camille percebeu quanta pressão e responsabilidade Frank aguentava em casa por ela.
Veja ontem, por exemplo. Ela ia lavar as roupas quando percebeu, para começar, que não sabia como usar a máquina de lavar. No fim das contas, ela teve que ligar para Frank e pedir ajuda. Ela nem sabia ligar o fogão, muito menos cozinhar. O lugar onde ficavam os condimentos diários como sal, pimenta e vinagre também eram um mistério para ela.
Era a natureza humana. As pessoas não valorizam o que está ao redor delas; mas basta que seus entes queridos não estejam mais por perto para que percebam quanto suas outras metades faziam parte de suas vidas.
Camille reconhecia que Frank havia se tornado um pouco indispensável para ela. Não apenas em seu dia a dia, como também sem seu coração.
Embora no passado seus pais reclamassem dia após dia, Frank pelo menos também estava por perto. Ele descaradamente fazia comentários chocantes que ela achava engraçados e irritantes. Durante seus três anos de casados, aquelas piadas foram quase que sua única fonte de diversão.
Como Frank não estava por perto, ela só podia ouvir as ofensas e reclamações de seus pais na casa. Por isso, Camille preferia fazer hora extra até tarde no escritório do que ir para casa ouvir os excessos e reclamações de seus pais.
Mas não importava quão relutante ela se sentisse sobre isso, aquela ainda era sua casa. Eventualmente ela teria que voltar.
“Ah, se eu tivesse uma casa que realmente fosse minha.”
A ideia de comprar uma casa, de repente, surgiu na cabeça de Camille. Mas a ideia só a entreteve por um tempo. Casas eram caras hoje em dia. E como sua carreira ainda estava decolando, ela não tinha dinheiro suficiente para comprar uma.
“Eu devia me concentrar no meu trabalho primeiro.”
Camille sacudiu a cabeça para afastar a fantasia, e então saiu de sua sala.
Camille, era, sem dúvida, a mulher mais bonita da família. Os saltos altos sofisticados envolviam seus pés e exibiam seus belos tornozelos, enquanto suas roupas tinham um certo charme místico. Ao caminhar pelo escritório, ela atraiu os olhares de vários funcionários da empresa. Um após o outro, todos a cumprimentaram.
“Boa noite, Sra. Qiu.”
“Boa noite, Sra. Qiu.”
Como a única responsável de um grande projeto, os funcionários, naturalmente, mostravam respeito a ela. Então ela topou com Isabelly, que também saía do serviço. Quando esta viu o modo como todos tratavam sua prima, foi dominada pela inveja.
Assim, ela entrou na conversa com uma observação debochada: “Não sei por que você é tão convencida. Você não conseguiu esse cargo por meio da sua própria capacidade. Em vez disso, conseguiu graças aos favores sexuais do seu marido. Não se sente mal?”
“Hum? Do que você está falando?”, Camille ia ignorar a prima, mas quando a ouviu franziu a testa.
Isabelly cruzou os braços e sorriu com desinteresse. “Não me diga que você não sabe do que estou falando? A única maneira segura de manter o que você faz em segredo é, em primeiro lugar, não as fazer.”
“No início eu estava curiosa. Me perguntei por que a Sra. Xu, presidente do Grupo Hongqi, insistiu em trabalhar só com você. Tudo ficou claro anteontem. Meu marido e eu estávamos no Café Belle quando demos de cara com aquele inútil. Ele estava sentado como um cachorrinho ao lado da Sra. Xu dando seu melhor para puxar o saco dela.”
As palavras de Qi Isabelly deixaram Camille ainda mais confusa. “O que você está tentando dizer? Quem é um cachorrinho?”
“Ué, parece que você ainda está no escuro?”, Isabelly pareceu ter percebido algo quando viu a expressão de perplexidade de sua prima. Seu sorriso se alargou.
“As pessoas não deviam lavar roupa suja em público. Tem muita gente em volta, então não entrarei em detalhes. Mas, Camille, como sua prima, quero te dar um conselho. Controle seu marido. Senão ele vai te trair e você não vai nem saber.”
“O avô valoriza muito a reputação dele, então, mesmo que suas ações sejam lucrativas, você devia saber que consequências te aguardam se vocês fizerem qualquer coisa que envergonhe a família.”
“Você está por conta própria”, Isabelly riu com sarcasmo e foi embora.
Camille ficou para trás com uma expressão sombria no rosto.
Ela deixou o escritório. Enquanto seguia a caminho de casa, ela continuou pensando nas coisas que sua prima lhe dissera há pouco.
Ela disse que havia visto alguém tomando café com a Sra. Xu. Seria Frank?
Mas ele havia partido para o interior seis dias atrás. Como ele poderia ter ido ao Café Belle?
Foi quando ela se lembrou da ligação de Kimberly.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Vingança servida a frio