Virgindade Leiloada romance Capítulo 13

Saí daquela boate me sentindo muito mal, mas com a certeza de que estava apenas me preservando, evitando me envolver com um homem que além de estar completamente fora do meu alcance, ainda por cima se envolvia com atrizes famosas e eu não pretendia, em hipótese alguma, entrar em uma disputa tão desigual.

Por que, estava claro que o Murilo poderia ter a mulher que desejasse e, se ele estava naquele leilão e pagou quinhentos mil Reais para estar comigo, ele o fez não por necessidade, e sim porque aquele deve ser um fetiche e eu não poderia me envolver com alguém desse nível.

Eram tantos os empecilhos e obstáculos e eu já tinha muitas coisas mais importantes com as quais me preocupar, como meus pais e a minha loja, que estava apenas começando e que eu precisava conseguir conquistar o meu espaço e o tão sonhado sucesso.

Se nós estivéssemos na mesma posição, o Murilo e eu, seria tudo diferente, pois eu me sentiria segura sobre qual seria o meu papel em sua vida, mas nas condições atuais, eu não conseguia imaginar o porquê de ele insistir em conversar comigo e jamais poderia acreditar que ele estava interessado em algo além daquilo que ele já obteve de mim.

Sexo para mim nunca havia sido importante e a prova disso era que permaneci virgem por tanto tempo, sem precisar ter feito esforço algum e nunca ter me sentido tentada a me entregar a nenhum homem antes de o ter feito exclusivamente por dinheiro.

Claro que o fato de o meu primeiro homem ter sido alguém como o Murilo, que me proporcionou momentos maravilhosos, foi um golpe de sorte e eu só tinha a agradecer por não ter traumas sobre esse assunto, mesmo tendo feito o que fiz.

Mas aquilo havia terminado ao amanhecer e eu não iria seguir por aquele caminho, de forma alguma.

— Planeta terra chamando… — Mariana brincou e a olhei sem entender. — Você estava em outra dimensão, amiga. Já te chamei várias vezes e você sem ouvir.

— Desculpa, amiga. — Disse, me sentindo envergonhada. — Estava longe, mesmo. — Que você estava longe, eu sei. Estava bastante óbvio. Mas onde você estava? — Mariana brincou.

Estávamos em nossa loja, fazendo um levantamento do que precisávamos comprar e enquanto a minha amiga trabalhava, eu estava perdendo meu tempo pensando sobre o Murilo, algo bastante inútil, eu diria.

— Deixa isso pra lá e vamos voltar ao que importa de verdade. — Desconversei. — Você julga que devemos ir àquele desfile para conferir as tendências?

— Não acho, não, amiga. — A encarei com estranheza e ela então complementou. — Eu tenho certeza!

A Mariana disse aquilo e caiu na risada, algo que ela estava fazendo bastante naquele dia e eu, por mais curiosa que estivesse, não questionei qual o motivo de tamanha alegria e animação.

Estava esperando que ela me contasse, por vontade própria, o que ela e o Jean, o homem que a arrematou no leilão, haviam conversado e se ela continuaria a vê-lo ainda. Eu não sabia nem mesmo se ele tinha apenas a deixado em casa ou se eles tinham estendido a noite de outra forma.

— Só vou te contar quando você perguntar. — A Mariana brincou, realmente lendo os meus pensamentos.

-Não quero parecer uma intrometida.

-Somos amigas, Virgínia! Que conversa mais boba.

— Acredito que você está certa. — Concordei, passando a me analisar um pouco.

— Você tem andado muito sensível, ultimamente.

-Deve ser por que o meu ciclo está para chegar.

— Há semanas? — Mariana perguntou, com ironia e eu ri de suas palavras.

Mas logo a risada foi morrendo, ao começar a me dar conta que faziam semanas, semanas!, que o meu ciclo não vinha e aquilo era muito estranho, pois sempre foi pontual tal qual a rainha da Inglaterra e aquilo me deixou imediatamente alarmada.

— O que houve? — Mariana perguntou, parecendo preocupada.

Eu senti um calafrio tomar conta de todo o meu corpo, um formigamento em minhas mãos, o coração acelerado. Ao mesmo tempo que senti calor e peguei a primeira coisa que vi à minha frente, um envelope amarelo, e passei a me abanar, também senti frio, como se eu estivesse gelada.

— O que está acontecendo, Vi? Você está branca, mulher!

— Eu não estou me sentindo bem, Mari. — Ainda consegui dizer, com grande esforço.

— Isso eu já percebi. — Mariana contestou. — Vem, senta aqui neste banco.

Precisei do auxílio da minha melhor amiga para conseguir caminhar até o tal banco, que era mais para decoração, que propriamente para sentar, pois minhas pernas pareciam flácidas, tal qual duas porções de gelatina.

- Vou buscar um copo com água para você. Não saí daqui.

Eu apenas sorri, ou melhor dizendo, tentei, pois mesmo que eu quisesse, não conseguiria me levantar daquele banco. Sentia que tudo ao meu redor era apenas um borrão de cores, sem conseguir distinguir nada do que estava à minha frente.

Não havia nem mesmo notado a saída da minha amiga, quando ela colocou um copo com água na minha frente e, com dificuldade, o levei a boca, tomando pequenos goles e tentando me acalmar.

Olhei ao redor, para a loja maravilhosa que eu e a Mariana conseguimos montar, pensei na clientela que nós já havíamos conseguido conquistar e no sucesso que havia sido o desfile de inauguração, quantos pedidos havíamos conseguido depois daquela noite estupenda.

Antes de eu ter me dado conta de algo muito importante, a minha única preocupação era ganhar mais e mais clientes, alcançar ainda mais sucesso e fazer a nossa loja crescer, assim como o nome da Mariana, no que dizia respeito aos seus modelos exclusivos e já estavam chamando a atenção de uma clientela mais seletiva e exigente.

Meus pais, graças ao dinheiro que consegui de maneira clandestina, e que eles nunca poderiam descobrir como havia sido, estavam bem. Meu pai não precisava mais trabalhar tanto, e estava apenas fazendo alguns serviços pequenos e exigiam menos esforço físico, apenas para não ficar em casa, sem nada para fazer, segundo ele dizia.

A minha mãe também estava se sentindo melhor, depois que fez todos os exames que precisava e estava tomando a medicação cara que o médico havia passado, mas que eu consegui comprar agora.

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