Virgindade Leiloada romance Capítulo 21

Virgínia

Eu sabia que não estava agindo de maneira correta com o Murilo, mas a minha prioridade sempre seria eu e o melhor para mim e eu não acreditava que estar com o Murilo fosse algo bom.

Não estava pensando sobre a questão financeira, é claro. Ele era riquíssimo, mas o dinheiro, em alguns momentos, também poderia tirar a paz de uma pessoa.

Foi pensando nisso que decidi me afastar dele, ao menos por enquanto.

Eu tinha conseguido me organizar financeiramente com o dinheiro que ele mesmo pagou e minha loja estava crescendo em termos de clientela, então eu poderia me dar ao luxo de ter o meu filho sozinha, sem que fosse necessário que eu precisasse recorrer a fortuna do Murilo.

— Ele é um gato e está caidinho por você, Virgínia. - Mariana falou pela décima vez só aquela tarde. — Você tem certeza de que ficar longe dele é o melhor caminho?

Nós estávamos na loja e enquanto eu iria para casa, a Mariana ficaria na loja para o seu fechamento, conforme combinamos.

Enquanto eu era responsável por abrir a loja às dez horas da manhã, a Mari ficou com a responsabilidade de fechar às vinte e duas horas, pois nada mais justo que dividirmos tudo.

— Eu tenho plena consciência do que é melhor para o meu filho e para mim e tenho certeza de que estar ao lado do pai dele não será positivo para nós, Mariana.

Falei deixando clara toda a determinação que eu sentia, pois eu havia pensado muito bem sobre aquela história toda e eu sentia que estaria expondo meu filho a situações onde ele seria menosprezado apenas por ser filho de uma pessoa sem dinheiro e sem estudo como eu era.

— Amiga, você ainda é muito jovem! Mas independentemente da idade que você tenha, sempre é tempo de estudar, cursar uma faculdade. — Mariana falava gesticulando bastante e quando estava tentando convencer alguém, como era o caso, ela ainda era mais expressiva em seus gestos. — E tem mais! Atualmente não é aceitável em ambiente nenhum, esse tipo de preconceito social. Você não pode se apegar a isso.

— Não ser aceitável não implica em não acontecer. — Teimei. — Não vou me expor e muito menos ao meu filho.

— Eu não tinha ideia do quanto você é cabeça dura, hein Virgínia!

— Não sei nem porque estamos discutindo sobre isso. — Eu insisti. — O Murilo não me pediu em casamento ou falou em relacionamento sério entre nós dois. Ele é o pai do meu filho e eu já contei para ele sobre esse fato.

A Mariana estava prestes a rebater as minhas palavras, quando uma de nossas vendedoras se aproximou do local em que estávamos, no caixa.

— Oi, Sílvia. Podemos te ajudar? –- Me prontifiquei, ao observar a garota parada ao nosso lado.

— Tem uma cliente que está no provador e exige que alguém vá até ela, para fazer alguns ajustes agora, no modelo que ela deseja adquirir.

A Mariana e eu nos olhamos sem conseguir compreender a situação, pois ficávamos bastante claro para todos os clientes que ajustes não poderiam ser realizados na mesma hora e as vendedoras estavam totalmente cientes desse fato.

— Você explicou para ela que não trabalhamos dessa forma? — Mariana inquiriu.

— Sim. Mas ela não aceitou e insistiu em falar com a gerente.

Como nós estávamos totalmente comprometidas com a loja, não achamos necessário contratar uma gerente e então era normal que a vendedora nos procurasse para resolver aquele impasse.

— Vou com você, então.

— Eu vou com vocês também. — Falei e a Mariana me olhou com repreensão.

Fiz um dar de ombros, pois não via problema algum no fato de ir verificar pessoalmente qual o problema do cliente e tentar ajudar a resolver.

Fomos até os provadores e a Sílvia apontou em qual deles a cliente estava e, provavelmente ao ouvir as nossas vozes, ela abriu a porta do mesmo.

— Lavínia Moura? — Perguntou com surpresa.

— Eu. — Ela disse apenas. — Vocês são gerentes desta loja?

A pergunta em si não me incomodou, porém ela soou com muita petulância.

— Nós somos as proprietárias da loja, senhora. — Mariana se recuperou da surpresa mais rápido que eu, pelo visto. — Viemos para ajudá-la. O que precisa?

Ela nos olhou de cima, a arrogância estampada em seu rosto. Apesar de ser uma atriz famosa, que fazia bastante sucesso na TV aberta, ela não parecia ser muito simpática.

Lembrei dela com o Murilo na noite da boate e senti um calafrio de repugnância, apenas por recordar a forma como eles estavam e o que estavam fazendo.

— Eu gostei desse vestido e quero que faça as adaptações necessárias. — Ela apontou para a peça em seu corpo, que estava um pouco folgada na parte de trás do modelo.

A Lavínia tinha um corpo bonito, com várias curvas, mas não tinha muito quadril e seria necessário realmente fazer os ajustes.

O problema nunca dizia respeito ao que a pessoa dizia algo. A questão estava parada na forma como aquilo era dito.

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