Virgindade Leiloada romance Capítulo 31

Quando acordei no dia seguinte à saída dos meus pais de casa, eu estava no meu quarto, mas até aquele ambiente familiar, no qual eu vivi toda a minha vida, parecia diferente.

Não era apenas o fato de o Murilo estar na mesma cama que eu, dormindo abraçado ao meu corpo, algo totalmente novo para mim.

Eu me sentia diferente e me recordei de que havia chegado o momento de dar o braço a torcer e de tentar fazer aquilo dar certo.

Mas era tão difícil confiar em alguém como o Murilo, que era um homem extremamente rico, dono de empresas e cheio de compromissos, com uma família que deveria ser esnobe e que não me aceitaria no meio deles, por tantas questões!

Não era apenas por eu não ser do mesmo nível social que eles, mas também pela forma como nós nos conhecemos e ainda mais se todos tomarem conhecimento de que eu fiquei grávida mesmo ele tendo sido cuidadoso e usado preservativo.

Mas, mesmo com tudo isso me torturando de maneira constante, pois os meus pensamentos insistiam em voltar sempre para esse mesmo conflito, eu ainda assim acabei por concordar em que o Murilo dormiria na minha casa, pois estava me sentindo estranhamente sozinha.

Aquela era uma sensação nova, totalmente desconhecida para mim, pois meus pais sempre foram muito presentes na minha vida e a nossa união ao longo de toda a minha vida foi algo incontestável.

Mas tudo mudou e agora que eles haviam simplesmente me abandonado em São Paulo, sem ao menos uma despedida digna da família que sempre fomos, eu precisava aprender a me virar por conta própria.

O Murilo insistia em repetir que eu não estava sozinha e que podia contar com ele, mas eu preferia dar pequenos passos de cada vez e apenas com o decorrer do tempo eu poderia realmente comprovar se aquilo de fato era a realidade ou somente palavras ditas da boca para fora.

Eu senti uma movimentação diferente às minhas costas, muito leve, mas imaginei de imediato que o Murilo estava despertando.

Ainda era bem cedo, mas eu tinha por hábito sempre acordar antes das seis da manhã, algo que aprendi com os meus pais e que não conseguia deixar de fazer nem mesmo aos fins de semana, e eu imaginei que ele deveria também ser uma pessoa matinal.

— Bom dia… — Murilo cumprimentou com voz sonolenta, falando baixinho próximo ao meu ouvido.

Ele apertou ainda mais o seu abraço em torno da minha cintura, também me puxando para mais próximo de seu corpo e eu senti um volume se formar exatamente na curva do meu bumbum, o que me causou um arrepio de excitação, algo totalmente fora de hora.

Aquilo me deixou tão tensa, que nem mesmo me dei conta de que não respondi ao seu cumprimento, concentrada em tentar não demonstrar o quanto ele mexia comigo.

Mas os bicos dos meus seios ficaram imediatamente tesos e uma sensação de pulsação se concentrou no meio das minhas pernas, me deixando totalmente desnorteada.

— Algum problema? — Murilo perguntou.

Murilo me fez virar para ficar de frente para ele e me encarou com uma expressão de seriedade que me deixou ainda mais constrangida por aquilo que eu estava sentindo, mesmo depois de ele ter me levado ao ápice duas vezes na noite anterior e quando nós não tínhamos certeza de que seria seguro para o bebê.

— Não. — Foi a minha resposta monossilábica.

— Então por que eu sinto que você ficou tensa de repente? — Ele me confrontou.

— Apenas as preocupações que você sabe que estão me afligindo. — Não era totalmente mentira aquela explicação.

— Não a quero tão preocupada.

Murilo segurou em meu queixo, me olhando com visível carinho e eu me senti um pouco culpada naquele momento, por não corresponder a tudo aquilo que ele esperava de mim.

— Não fará bem para o bebê. — Ele acrescentou.

Aquilo me fez ficar instantaneamente chateada, pois ele sempre fazia questão de colocar a gravidez em meio a tudo, como se a sua única preocupação fosse com o bem estar do seu filho e eu não tivesse realmente importância alguma naquela situação.

Eu tentei me desvencilhar dele, disposta a levantar da cama e começar meu dia como qualquer um outro, mas ele não me deixou sair da posição em que estávamos, deitados, um de frente para o outro e ele segurando o meu queixo, agora com firmeza, tentando me deixar no mesmo lugar.

— Todas as vezes que eu falo do nosso filho eu percebo que você fica contrariada, quando não vejo motivos para isto, Virginia. — Ele disse em um tom mais duro. — Eu me preocupo com você e me preocupo com o nosso filho e já te falei isso em várias oportunidades. Tudo que eu mais desejo é cuidar dos dois.

— Eu não preciso de ninguém cuidando de mim, Murilo. —Eu fiz questão de deixar claro. — Sei me cuidar sozinha e não dependo de você para conseguir criar essa criança.

Dessa vez eu não aceitei que ele continuasse a me segurar e consegui saí da cama, como eu desejava. Mas aquilo foi totalmente inconsequente, eu logo constatei, pois com a mesma rapidez que eu consegui ficar de pé, ao lado da cama, uma tontura se apossou de mim e eu não consegui me segurar e, por uma questão de sorte, desmaiei em cima da cama.

Murilo

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