Virgindade Leiloada romance Capítulo 32

Depois da consulta com o doutor Clifford, onde o médico tentou me tranquilizar sobre as minhas alterações drásticas de humor e a montanha russa de sentimentos que se apossaram de mim nos últimos dias, eu me senti menos confusa com tudo o que estava acontecendo.

O médico foi bastante gentil durante todo o tempo, assim foi atencioso e disse que aquilo tudo que eu vinha acontecendo comigo se devia aos hormônios da gravidez e que era completamente normal o que eu estava sentindo.

— Para que vocês consigam lidar melhor com essas oscilações de humor da Virgínia, o mais interessante a ser feito é algo simples e pode ser feito de maneira fácil por vocês dois. — O médico nos disse durante a consulta.

— E o que seria, doutor? — Murilo perguntou.

— O diálogo entre o casal vai ajudá-los nessa primeira fase da gravidez, que é a de adaptação à gestação e a todas as mudanças que ela trás. — Ele explicou.

Murilo participou de modo ativo durante toda a consulta, tirando todas as suas dúvidas e até mesmo aquilo que eu ainda não havia parado para pensar, ele perguntou ao doutor Clifford.

Agora que estávamos no carro do Murilo, após sairmos do consultório médico, tudo o que eu queria era a minha casa, a minha família e a minha cama.

Mas, tudo o que eu poderia ter era a minha cama, pois a casa, o meu pai fez questão absoluta de deixar bastante claro que não era minha.

— Eu não gostei daquele médico desde o primeiro momento em que ele pôs os olhos sobre você, mas preciso admitir que ele foi bastante claro em suas informações durante a sua consulta. — Estava bastante claro que dizer aquilo foi algo realmente difícil para o Murilo.

— Pois eu gostei bastante do doutor Clifford. — Eu fiz questão de alardear mais uma vez. — Ele é muito gentil e educado.

— Eu também sou gentil e educado, Virginia. Mas não a vejo me elogiando.

Murilo pareceu um menino birrento ao dizer aquilo e eu não consegui conter o sorriso com a sua cara de cachorrinho que caiu da mudança.

— Eu sei que não tenho sido uma pessoa fácil, mas farei tudo o que o médico me orientou e vou realmente me esforçar para ser mais controlada a partir de hoje. — Eu disse em tom de promessa.

O Murilo usou a sua mão livre para segurar a minha e me encarou com o seu olhar repleto de carinho.

Naquele momento, o carro parou em um sinal vermelho e ele aproveitou para falar enquanto me encarava com atenção.

— Eu sei que essa gravidez não estava nos seus planos e que a forma como nos conhecemos te deixa totalmente na defensiva, mas vamos fazer aquilo que disse? Viver um dia de cada vez, sem pré julgamentos?

Antes que eu pudesse responder, o sinal abriu e ele soltou a minha mão, voltando toda a sua atenção para o trânsito movimentado do meio do dia.

— Eu sei que é o melhor realmente. — Eu concordei. — Mas não tenho colocado as minhas próprias palavras em prática, não é verdade? — Eu dei um sorriso sem graça, lembrando dos meus rompantes e me sentindo constrangida.

Ele me olhou com um sorriso lindo, que somente o Murilo conseguia dar e meu coração deu um pequeno salto no peito.

Aquele homem lindo, gentil e carinhoso estava me oferecendo o mundo e tudo o que eu fazia era criar obstáculos e dificultar a nossa relação. Aquilo precisava mudar. Eu precisava mudar.

— Não deve se preocupar comigo, Virgínia. — Murilo falou. — Como o médico disse, você está passando por grandes transformações nesse primeiro trimestre da gravidez e as coisas ficam um pouco confusas mesmo.

Mesmo que ele não estivesse olhando para mim nesse momento, eu estava atenta ao seu perfil e percebi que ele estava sorrindo e acabei sorrindo também.

— O que você acha de fazer as aulas de yoga e hidroginástica que aquele médico metido a seguro sugeriu que você fizesse? — Ele perguntou. — Acredito que ele possa estar certo e você se sinta melhor praticando exercícios leves.

— Vou pensar com calma. — Eu preferi não me comprometer com nada mais em que eu pudesse não cumprir.

Seguimos o restante do caminho em silêncio e quando chegamos a minha casa, mais um problema se colocou à nossa frente.

— Eu não acho uma boa ideia você sozinha nessa casa, sentindo esses mal estar repentinos.

Nós não havíamos conversado sobre isso e acredito até que o Murilo tinha acabado esquecendo sobre a situação atual.

Mas agora que estávamos em frente a casa dos meus pais, o assunto se apresentou com força total e até eu mesma não me sentia segura para ficar sozinha naquele momento.

— Eu poderia ficar com a Mariana, mas ela precisa cuidar da loja. — Comentei com pesar.

Como se já não bastasse o fato de eu não conseguir ajudar na administração do nosso tão sonhado empreendimento, eu ainda levar para a minha amiga ainda mais preocupação não seria nada justo.

Eu e o Murilo estávamos ainda dentro do seu carro, parado em frente a minha casa e ele me olhava com atenção, mas seus pensamentos pareciam estar analisando a situação, tentando buscar uma saída.

— Você poderia ficar comigo, em meu apartamento. — Ele sugeriu.

Quando ouvi a proposta do Murilo, a primeira coisa que me veio à minha cabeça foi que aquilo era impossível! Ficar no apartamento de uma pessoa totalmente desconhecida?

— Não acho uma boa ideia, Murilo. — Falei de imediato.

Mas tão logo as palavras saíram da minha boca, eu me arrependi. Precisava parar e pensar, antes de sair recusando tudo o que o pai do meu filho me propunha com a melhor das intenções.

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