Virgindade Leiloada romance Capítulo 37

Murilo

Eu estava realmente chateado com a Virgínia agora, diante de sua atitude tão intransigente e egoísta.

Enquanto eu estava disposto a fazer qualquer coisa para que nós pudéssemos construir uma família de verdade, ao lado do nosso filho que estava crescendo em sua barriga, ela não parecia disposta a ceder nenhum milímetro em suas decisões.

O fato de ela, mesmo após todo o suporte emocional que eu a oferecia, ainda assim não desejar enfrentar os obstáculos ao meu lado, só mostrava que ela realmente não se importava se nós estávamos juntos ou não.

Eu não tinha peso em sua vida ou em suas decisões.

E por este motivo, eu a deixei em frente ao shopping e saí novamente para o trânsito intenso de São Paulo, me sentindo frustrado e até mesmo decepcionado com a mulher que logo em breve seria mãe do meu filho e que nem mesmo esse aspecto da nossa relação parecia ser algo que ela levaria em conta.

Depois que já estava na empresa, mesmo após todas as atividades que desenvolvi durante a manhã toda, eu ainda me sentia da mesma forma de quando deixei a Virgínia em frente ao shopping, pois a irritação não havia diminuído nenhum pouco e eu apenas a estava mascarando, para que as outras pessoas não notassem o quanto eu estava impaciente com tudo e todos ao meu redor.

No final das contas, ninguém precisava sofrer as consequências das atitudes de outra pessoa e tampouco eu poderia despejar toda a minha expectativa em cima da Virginia, quando ela estava grávida e não deveria estar se aborrecendo.

Como se não bastasse todos os dilemas que me atormentavam naquela manhã, a Arlete, que estava repassando comigo algumas tarefas para aquela sexta-feira, me lembrou sobre a reunião com o setor de marketing, agendada para o fim daquele dia e me faz ficar realmente possesso agora.

— Como alguém pode ter agendado uma reunião nesse horário? — Eu perguntei para a minha secretária, deixando claro o quanto eu estava insatisfeito com aquele compromisso em especial.

— Foi o único horário que encontrei disponível em sua agenda nesta data. — Ela explicou mais uma vez.

— Estava livre, exatamente por que eu não costumo marcar nada nesse horário, Arlete!

Mesmo bastante chateado, eu estava me esforçando para moderar o meu tom de voz, mas tinha se tornado extremamente difícil agora.

— Mas era necessário organizar os últimos detalhes para o próximo fim de semana no Guarujá, Murilo.

Eu optei por não continuar com aquela discussão, quando eu estava sem paciência alguma para tal e dispensei a Arlete e tratei de adiantar a maior parte dos trabalho no horário de almoço.

Talvez se eu conseguisse terminar tudo mais cedo, eu conseguisse adiantar também essa reunião e no meu horário normal, eu iria para casa, tentar mais uma vez conversar com a Virgínia.

Por mais que eu acreditasse estar certo em meu desejo de apresentá-la a minha família, eu não poderia deixar que a Virgínia se sentisse contrariada.

Apesar do meu esforço e de nem mesmo ter saído para almoçar, eu não consegui adiantar o horário da minha reunião com o marketing, pois outros assuntos foram surgindo e ocupando a minha atenção.

— Então vá logo pedir para que ela entre! — Eu disse para a secretária. — A minha futura esposa não pode ficar esperando para entrar em meu próprio escritório.

Arlete demonstrou toda a sua surpresa com a nova informação e saiu apressada da minha sala, para fazer aquilo que lhe pedi, enquanto eu tinha um sorriso colado ao rosto.

A Virgínia em meu escritório! Isso era algo realmente surpreendente e animador.

Lembrei de quando deixei o seu nome na nossa lista VIP, a qual continha todos os nomes de pessoas que estavam autorizadas a subir ao andar da diretoria a qualquer momento, no dia seguinte ao que encontrei a Virgínia na praça de alimentação do shopping e eu fiquei sabendo sobre a sua gravidez.

Eu sempre tive a expectativa de que em algum momento ela iria me procurar para que nós pudéssemos nos entender de verdade.

Isso não aconteceu como imaginei, pois apenas depois que a localizei em sua loja, através da Lavínia, foi que realmente pudemos ter uma conversa séria.

Mas, o que importava é que agora ela estava ali, em minha empresa, e provavelmente tinha vindo para conversar mais tranquilamente.

Por ser já quase final de expediente, imaginei que ela tenha decidido vir até aqui quando já estava a caminho do meu apartamento e esperando que nós fôssemos juntos, o que era bastante animador.