Virgindade Leiloada romance Capítulo 38

Virgínia

Quando o motorista enviado pelo Murilo chegou para me buscar no local combinado por telefone para servir como ponto de encontro, eu estava me sentindo culpada e bastante tensa.

Após conversar com a Mariana, para quem eu já havia contado tudo o que estava acontecendo entre o Murilo e eu, ela só faltou me puxar as orelhas, de tão contrariada com a minha atitude que ela pareceu ficar.

— Você só pode estar louca, Virgínia!

Ela quase estava a gritar, mas acredito que se controlou por estarmos almoçando na minúscula copa de nossa loja e uma vendedora poderia chegar a qualquer momento.

— Eu tenho medo, Mariana! — Eu repeti aquilo que já tinha dito para ela. — Eu não sei nada sobre o mundo do Murilo, a não ser aquilo que está nas revistas ou sites de fofoca todos os dias.

— Você pode aprender, criatura! — A Mariana rebateu. — O que você não pode, é deixar escapar alguém como o Murilo, que faz questão de deixar claro o quanto você é especial para ele.

Eu preferi ficar em silêncio, pois não queria discutir com a minha melhor amiga.

— Diz logo o que você está pensando e não tem coragem de colocar para fora. Não guarda nada aí não, que você se engasga.

Eu soltei um sorriso sem graça, por ela ter percebido que eu tinha sim, algo para dizer, mas que aquilo poderia gerar algum mal-estar entre nós.

— Para quem está fora da situação, é muito fácil falar, Mariana. — Eu soltei. — Dizer que faria "assim" ou faria "assado". Quero saber se você estivesse no meu lugar, prestes a se jogar em um mundo de pessoas que podem te humilhar facilmente, apenas por que você não tem a mesma origem que eles.

— Dane-se a todos eles, então! — Ela disse e eu arregalei os olhos por seu linguajar tão incomum. — Eu estou cansada de ser o lado fraco da história, Virgínia. Estou cansada de sempre ser eu a perder.

Aquela informação era nova e me deixou bastante curiosa, mas quando fiz menção de perguntar o que aquilo queria dizer, ela me fez parar com um gesto de mão, me impedindo de falar aquilo que eu pretendia.

— Hoje é sobre você, amiga. Em outro momento, podemos falar de mim.

— Quem sabe eu possa te ajudar, Mari. — Eu sugeri, pois realmente era esse o meu desejo.

— E que tal você se ajudar, primeiramente? — A Mariana devolveu.

Fiquei envergonhada por suas palavras, pois eu só desejava ajudar a minha melhor amiga.

— Não fica assim, Vi. — Ela segurou em minha mão por sobre a mesa, como forma de apoio. — Mas você está precisando de uns sacodes, mulher. Eu tenho certeza que ter visto o Murilo transando na boate com aquela cobra da Lavínia mexeu realmente com o seu psicológico, pois a Virgínia que eu conheço é cheia de determinação e quando quer algo, ela vai até o fim, como na noite do leilão.

A Mariana estava certa, mas a insegurança parecia ter estacionado em mim e não querer ir embora e eu não estava conseguindo superar isso de modo algum.

— Eu quero apenas que você pense em tudo o que eu te falei e que você reaja, Virgínia! — Mariana brincou. — Vai deixar esse homem escapar? Mostra para o Murilo que você quer estar com ele e que ele escolheu a pessoa certa para amar. Por que ele te ama, amiga.

— E você? Não vai reagir também e procurar o Jean?

Eu sabia que o envolvimento entre o Jean e a Mariana havia durado apenas alguns dias e que ela tinha ficado muito triste quando chegou ao fim.

Mas a Mariana não quis me contar sobre o que de fato aconteceu, mais uma vez alegando que eu tinha os meus próprios problemas para me preocupar, agora que eu estava grávida.

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