Virgindade Leiloada romance Capítulo 55

Murilo

A Virgínia havia saído para ir ao banheiro há bastante tempo e achei aquilo muito estranho, pois ela já deveria ter voltado e procurei a Mariana entre os convidados, mas não consegui encontrá-la em lugar algum.

Decidi que eu mesmo iria à procura da Virgínia e pedi licença aos colaboradores com os quais estava conversando e caminhei rapidamente em direção a escada, que levava ao piso superior.

Mas quando estava me aproximando da escada e olhei para o alto, apenas por um gesto que me pareceu bastante instintivo, notei uma movimentação estranha vinda do corredor e logo percebi que se tratava da Virgínia, rodeada pela Bruna e a Olívia.

O meu coração parece ter saltado do peito nesse instante, tamanho o espanto que eu tive ao ver as duas mulheres cercando a Virgínia daquela forma, e senti que havia algo de muito errado naquela situação.

E quando vi a Bruna segurar com aparente força o braço da Virgínia, acelerei os passos e algumas pessoas acabaram me olhando com estranheza por minha atitude mal educada, ao chegar até mesmo a empurrar algumas pessoas no caminho.

Mas antes que eu conseguisse pôr pelo menos o pé no primeiro degrau, vi que na tentativa de se soltar do braço que a segurava, a Virgínia pareceu se desequilibrar, mas a Lavínia conseguiu deter a sua queda e eu suspirei de alívio, o meu coração voltando a bater após tamanho susto.

Porém, a própria Lavínia deu um passo em falso e foi ela a rolar pelas escadas, causando um grito de horror na Virgínia e vários gritinhos assustados de pessoas que provavelmente também tinham acompanhado a cena que se desenrolou aos olhos de todos.

— Lavínia! — Aquiles gritou, parecendo desesperado. 

    Por uma grandiosa graça divina, a escada tinha grandes e largos degraus, que intercalavam entre os degraus comuns e a Lavínia não rolou até o chão, parando poucos degraus depois.

    Aquiles conseguiu subir os degraus na minha frente e chegar ao corpo inerte da Lavínia antes de mim e era visível que ele estava em um estado de choque absoluto.

    — Lavínia! Lavínia! — O meu primo a chamava, sem resposta. — Lavínia, fala comigo, meu amor. Por favor! Me perdoa, me perdoa.

    Eu não sabia se subia até a Virgínia ou se ajudava a Lavínia, diante da situação tão grave, mas naquele momento a namorada do meu primo abriu os olhos e respondeu um “estou bem”, deixando a todos um pouco menos preocupados.

     Eu acabei passando pelo meu primo e chegando até a Virgínia, pois não ficaria tranquilo até ter certeza de que ela estava realmente bem, depois de toda aquela cena de novela.

    — Virgínia, você está bem? – Perguntei, a segurando em meus braços e a abraçando, pois eu mesmo não me sentia bem agora.

    — Está tudo bem, Murilo. — Ela falou, mas sua voz estava tremula. — Precisamos cuidar da Lavínia.

    Olhei para o Aquiles e a Lavínia, alguns degraus abaixo e vi que eles pareciam conversar e deduzi que a queda não havia causado nenhuma fratura, pois ela não parecia estar sentindo fortes dores.

    Só naquele momento eu me lembrei da Bruna e o que ela havia feito, ao vê-la ainda parada logo atrás da Virgínia e a fuzilei com meu olhar, prestes a dizer umas boas verdades aquela maluca e soltei a Virgínia, disposta a fazer exatamente isso.

    — Deixa que eu me entenda com ela, Murilo. — Surpreendentemente, foi Ethan Constantino a dizer aquilo, colocando um braço entre eu e a Bruna. — Veja como está a Lavínia, acredito que ela precisa ir ao hospital.

    Olhei para o meu maior rival, sem acreditar que ele estivesse realmente do nosso lado, mas a Mariana, que estava parada próximo ao Ethan, fez um gesto indicando que eu concordasse e decidi não entrar em maiores atritos naquele momento.

    — Sim, claro. — concordo.

Mesmo contra a minha vontade, eu sabia que precisava primeiro cuidar da Lavínia e garantir que ela estava realmente bem e só então eu poderia ter uma conversa muito séria com a Bruna. O que ela fez foi muito grave e aquilo não poderia permanecer sem algum tipo de punição, mas não seria eu a decidir isso.

Percebi que Aquiles estava muito nervoso, ao parar um degrau abaixo deles.

A Bruna foi mandada embora da casa naquela mesma noite, pois Constantino tinha providenciado a sua partida e quando voltamos para a mansão, para nosso completo alívio, ela já não estava mais na casa.

O Aquiles queria voltar para São Paulo de helicóptero naquela noite mesmo, mas nós conseguimos o convencer que era melhor permanecer alguns dias no Guarujá, pois toda aquela paz e beleza só poderia fazer bem para a Lavínia e o bebê.

Eu ainda estava tentando processar a informação de que eu poderia ser pai de mais uma criança e ainda não tinha tentado conversar com a minha mulher, temendo saber o que ela estava pensando dessa situação toda.

Eu estava sendo covarde, mas eu não estava preparado para enfrentar mais uma batalha e dessa vez, de proporção gigantesca, como eu sabia que seria.

Todos os colaboradores voltaram para São Paulo no dia seguinte, ainda pela manhã e ficamos apenas nós na casa, pois até mesmo a Mariana tinha ido embora, para nossa consternação, em companhia de Ethan.

— Eu quero ir para São Paulo hoje. — Virgínia disse, após o almoço. — Acredito que Aquiles e Lavínia precisam de tempo e privacidade, para conseguirem se entender.

— Você está certa. Vou providenciar para que o helicóptero venha nos buscar daqui a trinta minutos. Está bom para você?

— Sim. Vou terminar de arrumar as nossas coisas. 

— Eu vou com você, para ajudar. — Eu me ofereci imediatamente.

— Prefiro ficar um pouco sozinha, Murilo. 

Encarei a Virgínia, me sentindo terrivelmente culpado por toda aquela situação, mas também sem conseguir tomar uma atitude, pois desta vez, eu precisava aceitar a sua decisão, mesmo que isso me machucasse veradeiramente.