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Virgindade Leiloada romance Capítulo 68

Quase bati palmas ao ouvir as suas palavras, mas consegui me conter, afinal, iria parecer uma afronta, tendo em vista a mente arcaica do pai da Virgínia e eu preferi não arriscar, comemorando só internamente mesmo.

Chegamos ao prédio onde a Virgínia estava morando com o Murilo apenas alguns minutos depois e conseguimos subir logo após o porteiro confirmar com o Murilo sobre a nossa presença.

E quando vi a cara da Virgínia ao se deparar com os pais na sala de estar do apartamento, me senti tão feliz quanto ela certamente estava, pois eu sabia o quanto a família era algo importante para a minha amiga.

O Murilo me chamou para segui-lo até a cozinha e preparou um café para todos, que eu levei até a sala, mas não permaneci lá, deduzi que eles precisavam de privacidade para conversarem melhor.

Quando retornei à cozinha, o Murilo parecia estar à minha espera e rapidamente eu consegui imaginar a razão disso, apenas em olhar para a expressão interrogativa em seu rosto.

— Pergunta logo de uma vez o que você quer saber. — eu falei, sorrindo mesmo assim.

— Quero entender o que te levou a voltar para São Paulo com o idiota do Constantino, Mariana. — ele não está muito satisfeito. — Porquê de uma coisa eu tenho certeza, você não aceitaria essa carona assim, do nada.

O Murilo era bastante perspicaz e eu o admirei por ter percebido algo que ninguém mais pareceu ter se dado conta, nem mesmo a Virgínia, que era a minha amiga de anos.

— E não pense em mentir para mim, pois eu até entendo você querer esconder da Virgínia, porque ela está grávida e depois do que aconteceu ontem, também um pouco abalada. — ele se antecipou. — Mas a mim você não engana, nem muito menos o Constantino, fingindo que é uma boa pessoa.

— Bem… já que você foi tão delicado e convincente, vou te falar o que está acontecendo.

— Sim… estou esperando.

Murilo se encostou ao balcão próximo a pia de louças e cruzou os braços em uma posição indolente, como se estivesse pronto para ouvir uma longa história e eu não iria decepcioná-lo.

— O Ethan está me chantageando. — falei a queima roupa.

— Isso eu já imaginava, Mariana. — O Murilo mais uma vez me surpreende, positivamente. — O que eu quero realmente saber é o que ele está esperando conseguir, ao incluí-la nessa obsessão maluca que ele tem por mim.

Suspirei resignada, ao entender que eu realmente não conseguiria omitir nenhum detalhe sobre o que eu agora sabia, mesmo que o momento não fosse o melhor, no que dizia respeito aos meus amigos.

— O Ethan te detesta porque você tomou a namorada dele da faculdade e depois de usar a garota, a descartou sem nenhum remorso. — contei.

Na verdade, o Ethan tinha me contato aquilo com riqueza de detalhes, mas eu realmente não considerei que era necessário repassar tudo para o Murilo, afinal, ele viveu a situação e sabia muito bem o que tinha acontecido.

Ou pelo menos grande parte do que aconteceu.

— Namorada do Ethan? — ele perguntou, parecendo verdadeiramente surpreso.

— Sim. — confirmei. — Ela se chamava Beatriz e você namorou com ela apenas algumas semanas, quando ainda estava na universidade de administração.

— Ela se chamava… você quer dizer que… — Murilo parecia temeroso até mesmo de perguntar sobre aquilo e eu conseguia entender perfeitamente o seu temor.

— Isso mesmo. A Beatriz ficou tão perturbada quando você terminou com ela, que saiu com o carro em alta velocidade e acabou sofrendo um acidente fatal.

Era perceptível o quanto aquela notícia deixou o Murilo abalado e eu deduzi que ele não sabia sobre isso, aquilo estava bastante nítido.

— Confesso que sim, Mariana. — ele estava visivelmente constrangido com aquela confissão. — Foi uma atitude muito imatura da minha parte, mas foi isso mesmo que eu fiz. Usei a sua traição como a desculpa perfeita para fazer aquilo que eu já estava desejando.

— Eu só não entendo como você não ficou sabendo sobre o acidente. — eu o questionei.

— Acredito que tenha sido na noite seguinte, pois ela me procurou e quando saiu da minha casa, eu concluí que ela ainda iria voltar a insistir e então acabei por decidir aproveitar que tinha concluído o meu curso na faculdade e viajar para ficar com meus pais, que estavam em Angola naquele ano. — ele contou. — Acabei passando um ano inteiro fora do país. Minha família não chegou a conhecer a Beatriz, assim como eu também não conhecia a sua, pois namoramos menos de um mês.

— Bem, tudo isso é realmente muito triste e acredito que se você e Ethan conversassem, ele iria entender que você não teve culpa, na verdade.

— Mas eu me sinto terrivelmente culpado, agora que tomei conhecimento sobre o que aconteceu com a Beatriz. — Murilo disse, com pesar. — Ela era uma garota adorável, jamais imaginei que esse tinha sido o seu destino.

— Ethan quer encontrar um culpado para o que aconteceu, Murilo. — eu apontei, pois aquilo estava bastante claro para mim. — Infelizmente, o sorteado foi você.

— Eu concordo com a Mari. — Virgínia disse, entrando na cozinha e nos surpreendendo. — Ethan deve ter amado muito a Beatriz e acredito que até hoje, anos depois, ele ainda não conseguiu superar totalmente a perda da garota que ele tanto amou.

A minha amiga caminhou até onde o Murilo estava e o abraçou, enlaçando o seu pescoço e lhe dando um pequeno beijo na sua face.

— Você não teve culpa, está me ouvindo? — ela disse, e eu senti o meu coração pesado naquele momento, ao ver o carinho evidente entre os dois.

A Virgínia tinha tido muita sorte, ao conhecer um cara como o Murilo, completamente devotado a ela e que se apaixonou desde o primeiro momento, sem se importar com o fato de a ter conhecido nas condições em que aconteceu.

Enquanto isso, as minhas lembranças não eram nada agradáveis e eu preferi afastá-las da minha mente, pois não me fazia bem de forma alguma aquela recordação.

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