Você É o Meu Paraíso romance Capítulo 275

A voz dele era suave, mas carregava certa autoridade de quem está no comando: "Diretor Duarte, essa Srta. Neves está levantando acusações sem provas, causando tumulto. Que culpa teria a Srta. Elsa?"

O timbre cálido do homem, como o murmúrio de um riacho nas montanhas, infiltrou-se no coração de Elsa, fazendo vacilar sua postura antes tão firme.

"Por que veio com ele até aqui?"

Félix abriu a boca, mas acabou mudando de assunto abruptamente.

Karina, ao lado, ficou confusa, levantou o rosto contrariada, mas só encontrou o queixo tenso e afiado do homem, exibindo uma frieza impessoal.

Elsa arqueou a sobrancelha com desdém: "E o que isso tem a ver com você? Mesmo que haja uma relação conjugal entre nós, não tem o direito de controlar meus atos."

A postura inflexível de Elsa deixou Félix ainda mais irritado.

"Diretor Duarte, ainda não começamos?"

A voz de Bruno surgiu de repente.

Ele acabara de estacionar o carro; naquela região era difícil encontrar vaga, por isso deu uma volta maior.

Assim que entrou no pátio, viu os repórteres ansiosos aguardando na entrada, todos com olhares curiosos voltados para o interior.

Bruno logo percebeu o clima de tensão entre os dois lados e sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha.

A esposa estava ali? E ainda acompanhada do CristianoDiretor Antunes, o mais detestado pelo Diretor Duarte naquele momento?

Bruno estremeceu.

"Parece que o Diretor Duarte está ocupado. Elsa e eu nos retiramos."

Cristiano falou no momento oportuno.

Elsa também se virou para sair, sem intenção de prolongar o confronto.

Karina mordeu os lábios com força, o rosto ainda ardendo de dor, mas diante dos fatos, só lhe restou engolir o prejuízo em silêncio.

Bruno apressou-se em apaziguar: "É isso mesmo, Diretor Duarte, os jornalistas lá fora já estão esperando há muito tempo."

Ao ouvir isso, Karina rapidamente pegou o pó compacto para retocar a maquiagem, vendo na pequena espelho o rubor em sua face.

Enquanto aplicava o pó com leves batidas, não deixou de lançar um olhar cheio de mágoa para Félix.

Félix, notando o olhar dela, apenas baixou os olhos e lançou um olhar indiferente, sem dizer uma palavra.

Sentindo o constrangimento crescente no ar, Bruno coçou o nariz discretamente.

"Senhores, o Diretor Duarte veio doar fundos, convidou vários jornalistas, por favor, colaborem."

O diretor do orfanato veio apressado, fazendo reverências.

Elsa, sem intenção de aparecer na mídia, sentou-se tranquilamente com Cristiano num banco de pedra à sombra do jardim, puxando Otavia para sentar ao lado.

Ela não esquecera o gesto da criança em defendê-la há pouco.

Na memória, surgiu o rosto assustado de Karina, e Elsa deixou escapar um sorriso sarcástico.

Ao sinal de Bruno, os jornalistas invadiram o pátio em massa.

Mas a resposta vaga só animou ainda mais os jornalistas presentes.

Karina, junto, teve os olhos iluminados.

Ao longe, Elsa mexia no celular respondendo mensagens, mas seus dedos tremiam quase imperceptivelmente.

"Diretor Duarte, poderia comentar sobre o relacionamento atual entre o senhor e a Srta. Elsa?"

Com o primeiro a perguntar, os demais seguiram, direcionando as questões para o âmbito afetivo de Félix e Karina.

Félix franziu a testa e lançou um olhar para Bruno, que imediatamente interveio em tom firme: "Hoje o principal é o evento de doação do Grupo Duarte. Pedimos aos colegas jornalistas que foquem na caridade e não façam perguntas pessoais ao Diretor Duarte e à Srta. Karina."

Diante da declaração de Bruno, os repórteres perderam o ânimo e as perguntas seguintes foram formais, encerrando logo a entrevista.

Em seguida, realizou-se a cerimônia simbólica de entrega da doação. O diretor do orfanato, ao receber o cheque repleto de zeros, sorria a ponto de os olhos sumirem.

"Agradeço em nome das crianças ao Diretor Duarte!"

Félix, com o braço no ombro de Karina, acenou levemente em resposta.

O rosto impassível e os gestos contidos conferiam-lhe um ar ainda mais distante e imponente.

Ele baixou o olhar para Karina, onde surgiu uma ternura rara, como gelo começando a derreter: "Agradeça à Karina. Foi ela quem quis ajudar essas crianças."

"Félix..."

Karina sorriu timidamente, envergonhada.