Whisky Chocolate romance Capítulo 128

Rita ficou atordoada por um momento.

Elsa limpava seu quarto todos os dias, e para não ser descoberta, ela guardava a medicação que Lucas tinha dado em sua mochila, carregando-a consigo o tempo todo. Não esperava ser pega em flagrante.

Naquele momento, os dedos longos do homem seguravam o frasco de remédio, um sorriso no rosto que não alcançava os olhos, fazendo a pressão do ar no recinto parecer mais baixa.

Os belos olhos de Rita refletiram um vislumbre de pânico. Ela tinha um pressentimento de que, se o homem soubesse o que havia ali dentro, provavelmente ficaria furioso.

Ela pensou rápido e inventou uma desculpa: "Vitaminas."

Depois de dizer isso, ela estendeu a mão para pegar o frasco.

Mas ela foi rápida, e o homem foi mais rápido ainda. No momento em que ela se inclinava para frente, ele esticou suas longas pernas para trás, arrastando a cadeira consigo.

Quando Rita se levantou para tentar pegar o frasco novamente, o homem já havia aberto a tampa e cheirava uma pílula, antes de levantar o olhar para ela.

Não se sabia se era uma ilusão, mas Rita sentiu um toque de frieza em seu olhar. Os olhos castanhos escuros dele se encheram de emoções complexas, como um vasto céu estrelado, tornando impossível decifrar seus sentimentos. Ele definitivamente havia percebido.

Esse pensamento paralisou Rita.

Então, decidiu dizer a verdade.

Rita estava prestes a falar quando o homem baixou o olhar, cobrindo a raiva que fervia dentro dele, e seus olhos se suavizaram por um instante.

"Oh," ele suspirou, falando baixo: "Vitaminas?"

Sua voz era suave, quase etérea, carregada de tristeza e desapontamento.

Ele colocou a pílula de volta, fechou o frasco e o devolveu a Rita.

Rita ficou confusa por um momento. Ela olhou para o frasco em suas mãos e, em seguida, olhou para o homem.

Ele parecia magoado, como um cãozinho que fora abandonado pelo dono, despertando involuntariamente a compaixão dela.

Talvez, apenas talvez, ela realmente havia sido muito cruel? Ela o havia ferido?

Rita colocou o frasco na mochila e começou a comer um pão de queijo. Ela tinha acabado de morder quando ouviu o homem suspirar suavemente.

De repente, o pão de queijo em sua boca perdeu o sabor.

Quando ela olhou novamente, viu Vicente, que normalmente disputava os pães de queijo com ela, hoje parecia desanimado.

Rita só podia pegar um pãozinho e oferecer a ele: "Quer comer?"

Vicente pegou o pão de queijo, o homem de postura elegante olhou para ele por um momento e disse: "Não estou com fome."

"..."

Os olhos nebulosos de Rita o observaram por um instante, antes de soltar um "Ah".

Depois de terminar o café da manhã rapidamente, Rita segurou a mão dele por um tempo e o homem de repente falou: "Está bom assim?"

Rita, que já estava pronta para soltar a mão e ir embora, ficou confusa.

Ela hesitou, mas não soltou: "... Precisa de mais um pouco."

O homem sorriu, mas esse sorriso não era tão sedutor quanto o habitual, soando um pouco amargo.

O coração de Rita apertou.

Depois de um tempo segurando a mão dele, comparável ao que costumavam fazer, Rita finalmente soltou e se levantou: "Então, eu vou para aula."

Vicente assentiu: "Sim, vá em frente."

Rita pegou sua mochila e caminhou para fora, dando alguns passos antes de olhar para trás.

A luz entrava pela janela, iluminando o espaço, mas ao redor do homem parecia haver uma névoa escura.

Ele parecia viver para sempre nas sombras.