Além do horizonte romance Capítulo 34

Atílio havia presenteado Sebastião com um belo traje, ele estava arrumado e muito feliz.

– Queria poder ver a alegria em seu olhar Sebastião! – Guadalupe exclamou.

– Eu nem sei o que dizer patroa, os dois tem sido tão bons, comigo e Luíza. Ainda mais sendo primo de Leandro... – Sebastião disse e Atílio respondeu.

– Esqueça o passado, só queremos que os dois sejam felizes como Guadalupe e eu somos. – Atílio diz ajudando a dar o nó na gravata borboleta de seu capataz. – Ah e reitero o convite para ir no carro conosco, Gabriel irá levar Amélia e Jamile de charrete.

– Agradeço por mais esse convite, mas prefiro chegar a cavalo. – Sebastião não queria abusar da boa vontade dos patrões.

– Eu te entendo perfeitamente. – Guadalupe respondeu.

Os dois entraram no carro e foram para a fazenda de Saulo onde a maioria dos poucos convidados os esperava. O padre estava lá, ansioso por esse noivado e por marcarem a data da cerimônia.

Sebastião

Eu nem saberia como me portar ou que palavras dizer a ela na frente de todos, só sei que quero passar a minha vida com ela. Montei em meu cavalo, quando estava a metros de chegar na fazenda fui interceptado por dois homens armados.

– Parado aí! – Fernando entrou na frente de Sebastião.

Um terceiro homem surgiu, portando um sorriso irônico. Estava bem vestido.

– Então acho que desafiaria um Fontes e ficaria impune? – Raul avisa com um sorriso desafiante.

– Deve ser pai de Leandro, já ouvi falar no senhor. – Sebastião não se intimida.

– É bom que a partir de hoje se lembre do meu nome. – Raul autoriza a covardia.

Senti um forte golpe na cabeça e tudo escureceu.

Guadalupe e Atílio chegaram na casa de Saulo, Margareth a levou até o quarto da amiga e as duas conversavam.

– Estou ansiosa. – Luíza fala para Guadalupe.

– Está mesmo feliz?

– Sim Lupe, não sei se o que sinto por ele é amor ou esperança de me esquecer do passado.

– Leandro está de volta com Celina!

– Eu soube, papai me disse mais cedo. Sinto uma angústia aqui dentro do coração quando ouço o nome dele, quero que isso saia de dentro de mim e não me deixe sufocada nunca mais.

– Abra seu coração para Sebastião Luíza, vai ver como todas as dores irão sair.

As duas se abraçaram forte e depois que Luíza se arrumou, as duas desceram e se juntaram aos outros convidados.

– Jacinto acaba de me dizer que sua casa está pronta filha, não sei se eu quero que vá para longe de mim. – Atílio avisa Jamile e ela prontamente responde.

– Papai, mas não é nada longe. Estarei a apenas alguns metros do senhor e da Lupe e eu não sei se esse é o melhor momento para dizer o que preciso.

– Vou entender se quiser dizer apenas ao seu pai. – Guadalupe ia sair e deixar pai e filha a sós, mas Jamile a conteve.

– Você é minha melhor amiga desde que cheguei, quero que saiba.

– Está me assustando, fale de uma vez. – Atílio pediu ansioso.

– Me perdoe por envergonhar o senhor diante de toda a cidade e a vila, mas quero me separar de Gabriel.

– Desistiu de lutar pelo amor dele? – Guadalupe perguntou e Jamile não conteve as lágrimas.

– Sim Lupe, sou jovem como você, mas não quero ver minha mocidade passar sentindo o quanto ele me rejeita.

– Já sabe o que as pessoas dirão se de fato você se separar dele. – Atílio disse, sabia que naquele lugar pequeno sua filha sofreria com as fofocas.

– Estou sofrendo papai, pode não parecer, mas eu estou.

– Eu aceito sua decisão, mas se vai se separar dele. Quero que viva conosco! – Atílio pegou a mão da filha.

– Não quero atrapalhar a vida de vocês e ser um fardo para sempre.

– Você não é! – Guadalupe diz.

– Não vou ficar sozinha para sempre, quero ter filhos e um homem que me ame.

– E você terá filha, você vai ser feliz e vou cuidar disso pessoalmente. – Atílio responde.

– Eu te amo pai, amo o senhor, amo a Lupe e Amélia que me acolheram tão bem e me deram um lar depois de me sentir tão sozinha nesse mundo.

Atílio abraçou as duas, estava triste em saber que a vida da filha não estava seguindo como deveria e desejava tanto que ela fosse feliz como ele é.

Gabriel olhava para os três, sentia que as coisas iriam mudar de agora em diante.

Algum tempo depois, Luíza andava de um lado para o outro, aflita e ansiosa.

– Todos estão questionando o motivo da demora do noivo. – O padre diz e Luíza pede a ele que esperem mais um pouco.

– Ele vai vir padre, sei que vai!

– Acho que pode ter acontecido alguma coisa, talvez tenha caído do cavalo. – Guadalupe diz e Gabriel a interrompe chamando a irmã.

– Luíza, há alguém que quer falar contigo.

Luíza

Mal pude acreditar que Leandro e Celina estavam me esperando na entrada da fazenda, era uma afronta muito grande estarem ali.

– Diga a eles para irem embora das nossas terras Gabriel. – Luíza ficou furiosa ao ver os dois ali.

– Eu já disse, mas ele se recusa e só sairá depois de conversar com você.

– Sebastião vai se irritar se me pegar falando com ele. – Luíza não queria se arriscar a perder o noivo.

– Conversem dentro da casa e quando Sebastião chegar, Gabriel sai com Leandro e evita que os dois se encontrem. – Guadalupe sugere e ela concorda.

– Está bem, mande ele entrar.

Luíza não queria falar com ele, mas aquela era uma oportunidade de colocar um ponto final em tudo.

– Eu não sei por que veio, mas já que está aqui Leandro...

– Não me mande embora sem antes ouvir, eu fui um canalha. Toda a minha vida, mas de todas as coisas das quais me arrependo a maior delas, foi ter feito o que fiz com você.

– Tarde demais para desfazer o que foi feito, se te serve de consolo...eu estou seguindo em frente e não quero nunca mais falar sobre o passado. Encontrei um homem que me aceita, mesmo depois...

– Ele nunca vai te amar como eu te amo Luíza.

– Eu não quero mais o seu amor, está perdoado Leandro. Agora vá embora! – Ela disse segurando o choro.

Leandro

O perdão dela me doeu mais do que seu ódio, aquilo significava que nada de mim havia ficado dentro dela. Nem o amor e nem a mágoa...saí daquela casa como se estivesse carregando o mais pesado de todos os fardos, queria morrer mil vezes se fosse possível.

As horas passaram e nada de Sebastião aparecer, Luíza ficou desesperada e implorou para procurassem por ele.

– Aconteceu alguma coisa, eu tenho certeza que sim. – Luíza diz andando de um lado para o outro e nervosa.

– Talvez tenha se enganado com ele e desistiu de ficar noivo. – Saulo aumenta o sofrimento da filha com sua frase, mas Atílio logo responde.

– Ele a ama, Guadalupe e eu fomos os últimos a vê-lo. Nada nesse mundo o impediria de chegar a esse jantar de noivado.

– A não ser uma bala no peito. – Margareth diz e Guadalupe a interrompe.

– Não diga uma coisa dessas, tia!

– Minha mãe está certa, vamos procurar por ele. – Luíza sai da casa e eles se separam em grupos, os homens pegaram os cavalos da fazenda e os montaram indo atrás dele por toda a mata fechada. Guadalupe e Atílio juntos, foram até próximo do rio percorreram quase toda a margem.

– Nada? – Guadalupe pergunta e Atílio responde.

– Nada princesa, acho que a preocupação de Luíza está justificada. Algo grave aconteceu com ele!

– E logo agora que Leandro voltou. – Guadalupe sabia que aquele sumiço tinha relação com a volta do primo de sai marido.

– Se ele tiver assassinado Sebastião, assim como permiti que punissem meu empregado, farei tudo para que ele pague pelo que fez, sendo meu primo ou não. – Atílio responde enfurecido.

– Aqui a justiça só alcança os pobres!

– Vamos voltar princesa, talvez alguém tenha tido mais sorte do que nós nessa busca.

Voltando tão tarde da noite para a fazenda de Saulo, Atílio encontrou até quem não procurava.

Igor atravessou o caminho do cavalo em que ambos estavam.

– Nunca imaginei que pudesse ser tão inconsequente! – Igor olhava para os dois sem acreditar, Atílio logo o ameaça.

– Não tem amor a vida? saia da nossa frente.

– Carregando uma mulher grávida no cavalo, de fato não tem juízo Atílio Ribeiro.

– Minha gravidez é saudável senhor, não tem por que se preocupar. – Guadalupe não queria que os dois brigassem, já tinham problemas demais.

– Anda sabendo demais sobre a minha vida e da minha esposa. – Atílio ficou ainda mais irritado e Igor respondeu.

– Ela e eu temos um passado, infelizmente com um noivado que não vdeu certo.

– Eu também sei sobre a sua vida, por que não vai para casa e cuida da sua mulher que também está grávida, quem sabe dessa vez sua prole sobreviva. – Atílio disse enquanto fez o cavalo desviar e os dois saíram de lá, deixando Igor furioso.

– Não deveria ter dito algo tão doloroso a ele Atílio.

– Ele começou, por que não me disse que chegou a ser noiva dele?

– Eu não fui noiva dele, era só uma menina de dezesseis anos e não só eu como minha mãe também, colocou ele para correr do nosso rancho. Logo ele se casou com a primeira esposa que teve, e ela morreu junto com o bebê que esperavam.

– Pelo visto, ele se arrependeu de não ter esperado para se casar com você.

– Ele está casado agora e logo vai ter um filho, essas brigas estúpidas ficarão no passado.

Igor

Maldito Atílio, que um dia sinta a mesma dor que eu senti ao perder minha esposa e filho.

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