Além do horizonte romance Capítulo 35

Luíza estava atordoada sem notícias dele, tinha percorrido a cavalo junto com Gabriel por quase toda a região e nada.

– Acho que devíamos ter ido até a cabana dele. – Gabriel sugere para Luíza.

– Acha que ele não apareceu por que desistiu mesmo de se casar comigo?

– Não minha irmã, mas de repente ele se feriu e conseguiu voltar para casa. Temos que contar com a sorte, essa região é muito extensa.

Os dois resolveram ir até lá, assim que chegaram viram apenas o cavalo dele. Com a sela, estava desamarrado e tinha algumas gotas de sangue em seu corpo.

– Fizeram algo de mal com ele, Sebastião deve estar morto e a culpa é toda minha. – Luíza diz chorando e esperando pelas piores notícias.

– Patrão Gabriel, Paulo e os outros peões encontraram Sebastião! – Jacinto diz a eles, angustiado.

– Vivo? – Luíza pergunta com medo da resposta e Jacinto logo responde.

– Muito ferido e estava na margem do rio e com o corpo todo molhado.

Atílio e Guadalupe se juntaram a eles, Sebastião foi levado para dentro da humilde casa. Luíza estava assustada ao ver tanto sangue, Amélia chegou um tempo depois trazida por Saulo para cuidar dos ferimentos dele.

– Quem fez isso, queria ele morto! – Amélia diz ao ver o estrago.

– Será que ele vai resistir?

– Eu não sei Lupe, Ester e Margareth me tragam calêndula. O máximo que conseguirem.

As duas saíram para buscar as ervas no meio da madrugada, não conseguiriam trazer o médico da cidade naquele horário e quando viesse poderia ser tarde demais.

– Está me ouvindo Sebastião? – Amélia encostou o ouvido bem rente aos lábios dele, mas não ouviu nada.

– Sou eu Luíza, por favor me diga quem fez isso com você?

– Você ainda tem alguma dúvida? – Gabriel responde para a irmã, vendo-a chorar sobre o corpo do noivo desacordado.

Luíza

Claro que foi ele, só Leandro poderia ter motivos suficientes para fazer algo assim tão terrível. Saí passando por todos que estavam dentro da cabana, Guadalupe segurou no meu braço e eu saímos de dentro.

– Onde você vai? – Guadalupe pergunta para Luíza.

– Dar o meu recado para Leandro.

– Não posso deixar que você faça isso sozinha.

Montei no cavalo e ajudei Guadalupe a subir atrás, fomos para a casa da família dele. Ouvi o cavalo de Jacinto vir atrás do nosso, certamente veio para nos escoltar com segurança.

Assim que chegamos vi um dos capangas da fazenda acordados e de prontidão para esperar invasores.

– Como eu esperava Lupe, tem um homem de confiança dele esperando que alguém viesse. – Luíza avisa para a amiga.

– Se já esperavam é por que...

– Foram eles sim Guadalupe, chame Leandro. – Luíza pediu ao empregado e Fernando prontamente as respondeu.

– Duas jovens lindas no meio da noite cavalgando pelos campos, não acham arriscado?

– Não estamos aqui para ouvir seus conselhos senhor, apenas chame seu patrão aqui. – Guadalupe insistiu.

Fernando sorriu e entrou na casa, mas voltou pouco tempo depois. Não com Leandro, mas com Raul.

– O que trás as duas donzelas a essa hora, em minha propriedade? – Raul pergunta ironicamente e Luíza responde.

– Com todo o respeito que tenho aos seus cabelos brancos, vim para falar com seu filho.

– Por que as duas não entram e conversamos amigavelmente. – Raul as convida e Luíza recusa.

– Não tenho nada a tratar com o senhor!

– Como meu filho pode ter colocado os olhos em uma camponesa mal educada e xucra como você?

– Pergunte a ele, depois que nós dois conversarmos.

– Se não for embora agora mesmo mando Fernando te dar um tiro no meio da testa. – Raul não mediu palavras.

– Se o senhor se atrever a encostar em fio de cabelo de Luíza ou meu, Atílio acaba com sua raça sendo tio dele ou não! – Guadalupe não permitiria que fizessem mal a sua amiga.

– O assunto não é com você, não compre inimigos mocinha.

– Os inimigos das pessoas que eu amo, são meus inimigos também. Leandro! Leandro! – Guadalupe gritou chamando por ele repetidas vezes.

Leandro

Eu estava em meu quarto tentando dormir com aquela dor no meu peito, até que ouvi Guadalupe e Luíza a me chamarem. Fui até a janela e as vi montadas no mesmo cavalo e pareciam estar tendo uma acalorada conversa com meu pai e o capanga dele. Desci o mais rápido que pode...

– Eu não irei repetir, atire Fernando! – Raul deu a ordem.

Fernando tirou a arma do bolso, mas logo um disparo para cima foi dado.

– O que aconteceu? ¬ Guadalupe perguntou assustada e Luíza respondeu.

– Jacinto chegou.

– Guarde sua arma ou usarei a minha e desta vez não vou atirar para cima. – Jacinto chegou de arma em punho e não estava disposto a sair dali sem que as duas estivessem bem.

– Mas o que está acontecendo aqui, por que atiraram? – Finalmente Leandro saiu perguntando e Luíza pode dizer o que queria.

– Vim para que você confesse que tentou matar Sebastião.

– Não sei do que está falando. – Leandro questionou.

– Sebastião não foi ao jantar de noivado, o encontraram ferido perto do rio.

Leandro olhou para o pai, claro que aquilo tinha sido obra da sua vingança. Mas não poderia entregar ele assim, ainda que o que tivesse feito tenha sido errado e desumano, fez por amor a ele.

– Não deveria estar com seu noivo? – Celina chegou ironizando a situação e fazendo aquela estúpida pergunta, Luíza respondeu prontamente.

– Deveria se o seu irmão não tivesse mandado acabar com ele.

– Sebastião está morto? – Celina se apavora, mas Guadalupe dá a resposta a ela.

– Felizmente não.

– Eu juro pela minha vida que não tenho nada a ver com isso.

– Guarde seu juramento Leandro e torça para que ele sobreviva, por que se isso não acontecer...você estará em apuros. – Luíza diz indo embora dali com a amiga e Jacinto.

Raul entrou em casa soltando fogo pelas ventas e quebrando todas as garrafas de whisky que encontrou pelo caminho.

– Mas o que diabos é isso? ¬ Mabel pergunta para Raul.

– Vou acabar com essas duas caipiras miseráveis.

– Se tocar em um fio de cabelo delas esqueça que tem um filho.

– Você as defende Leandro?

– Já basta ter agido pelas minhas costas e quase matado Sebastião, graças ao senhor minhas chances de ter o perdão dela se acabaram de vez. – Leandro se aproxima do pai e toma a garrafa que ele jogaria no chão.

– Ainda pensava em ter alguma coisa com essa porca?

Leandro perdeu o controle e ia agredir o pai, Celina entrou no meio dos dois.

– Pelo amor de Deus, parem com isso. Vamos para a cama, amanhã e de cabeça fria vocês dois conversam.

– É melhor que desapareça da minha frente Leandro, pelo menos por hoje. Já tive afrontas o bastante por um dia só! – Raul subiu as escadas.

Guadalupe e Luíza chegaram de volta na cabana de Sebastião.

– Não devia ter saído assim Lupe, fiquei aflito e já ia te buscar. – Atílio se aproxima do cavalo.

– Ainda bem que não foi, acho que as coisas ficariam ainda piores.

Ele a ajudou a descer, percebeu que ela estava nervosa. Luíza entregou as rédeas do cavalo para Jacinto e entrou na cabana.

– Leandro mandou fazer isso, nunca imaginei que pudesse ser tão cruel, mas Raul me surpreendeu. Foi tão rude e até ameaçou!

– Ameaçou você? – Atílio perguntou para ela.

Guadalupe não queria dizer, eles já tinham inimigos demais e Raul era tido de Atílio.

– A patroa não quer dizer, mas seu tio mandou o capanga puxar arma para as duas. São uns covardes! – Jacinto respondeu por ela.

– Não posso acreditar. – Ele a abraçou. – Vou te levar para casa você precisa descansar, Jacinto vá buscar o carro.

Ele foi, Atílio entrou com ela para dizer que já estavam indo para casa.

– Vou levar Lupe para casa, ela está muito cansada e chega de montar a cavalo por um bom tempo. – Atílio diz levando-a para fora.

– Sim filha e descanse. – Leonel se despede dos dois.

– Sim papai e nos avise caso aconteça qualquer coisa.

– Muito obrigada por tudo Lupe, você foi mais do que uma amiga nesse momento difícil. – Luíza se despede da amiga com um abraço.

Guadalupe

Voltamos para casa, Jamile também estava cansada. Amélia ficou para ajudar a curar Sebastião e esperávamos que ele ficasse bem apesar de tudo. Chegamos em casa, tomamos um banho juntos e a muito tempo eu não me sentia tão cansada assim. Fico pensando em como Luíza pode estar se sentindo nesse momento, deve achar que toda a culpa é dela.

Vesti minha camisola e me deitei na cama, senti Atílio tocar meu pé com carinho e delicadeza.

– Adoro ver seu sorriso, mesmo depois de termos um dia como esse princesa.

– Sei que Deus vai interceder e tudo ficará bem, mas me prometa Atílio que não vai brigar com seu tio. Ele estava apenas defendendo os interesses dele.

– Não vou brigar, apenas quero deixar bem claro que ele não nunca mais vai sair ameaçando duas garotas indefesas. Ainda mais quando uma delas é a mulher da minha vida!

Atílio beijou meu pé e continuou as massagens...

Atílio

Fiz carinhos nela até que adormeceu, fiquei com todas as afrontas daquele dia feito um espinho atravessado na garganta. Maldito Igor, agora eu sei que essa briga jamais foi sem razão, ele ainda sente algo por ela. E agora meu tio perdendo totalmente a noção do perigo, seja quem for, quantos forem. Não permitirei que ninguém te faça mal, ainda mais agora que seremos três!

Sebastião passou o resto da noite agonizando de dor, Amélia tratou dele como pode. Luíza não saiu do lado dele um só segundo...

– Você vai ficar bem, nem que eu morra tentando fazer justiça, mas eu juro que eles vão pagar pelo que te fizeram. – Luíza alisava os cabelos de Sebastião e Amélia lhe deu um sábio conselho.

– Não clame por vingança filha, peça pela vida dele e tenho certeza de que Deus te ouvirá.

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