A ascenção da Luna romance Capítulo 100

Quando Thaddeus ouviu a pergunta de Cassandra, seus olhos se arregalaram em choque. Por um instante gelado, ele sentiu uma onda fria de desespero se espalhar por seu corpo, como se a morte o envolvesse. Até Orso, seu lobo interior, ficou perturbado pela intensidade da sensação.

Era uma pergunta simples, mas a forma como o impacto reverberou dentro dele era inegável. Por que aquelas palavras de Cassandra o abalaram tão profundamente?

Enquanto encarava os olhos dela — frios e repletos de desprezo —, Thaddeus balançou a cabeça, sua expressão firme.

— "Não." — Sua voz carregava a força de uma promessa, como se estivesse fazendo um juramento sob a luz da Deusa da Lua. — "Eu, Thaddeus, Alfa da Alcateia da Lua Negra, jamais pensei em te fazer mal."

Cassandra observou sua expressão sincera. Por um momento, sentiu uma leve agitação em seu coração. Será que o julguei mal? Mesmo que o amor dele tivesse desaparecido, pelo menos ele nunca pareceu querer prejudicá-la.

Sem alterar a expressão, ela apenas murmurou um seco "Ah" e tentou fechar a porta.

Mas Thaddeus continuava parado, bloqueando a passagem com o corpo, forçando-a a empurrá-lo para o lado. No entanto, ao tentar fazer isso, Cassandra se esqueceu da fragilidade de sua perna ferida. O desequilíbrio a fez tropeçar e cair para trás.

Os reflexos de Thaddeus entraram em ação, mas ele foi tarde demais. Em vez de segurá-la, ele perdeu o equilíbrio e caiu junto com ela.

Com um baque alto, Cassandra se viu deitada sobre o tapete da entrada, e Thaddeus a prendia sem querer entre seus braços, apoiando as mãos de cada lado dos ombros dela. Por um instante, o tempo pareceu congelar.

Os olhos dela se arregalaram, as bochechas esquentando em uma mistura de raiva e constrangimento. Seu coração batia mais rápido, e ela respirava de forma irregular.

Thaddeus, por sua vez, ficou paralisado. A visão de Cassandra tão próxima o fez recordar de uma noite passada, quando ela estava embriagada e vulnerável — uma lembrança que despertava sentimentos antigos e intensos.

O calor do momento subiu à sua pele, e ele engoliu em seco. Seus olhos se fixaram nos lábios dela, ligeiramente entreabertos, e ele começou, quase inconscientemente, a se inclinar para mais perto.

— "Já terminou de se jogar em cima de mim?" — Cassandra disparou friamente, o tom cortante trazendo Thaddeus de volta à realidade. — "Pode sair de cima de mim agora?"

A consciência de suas ações o atingiu como um balde de água fria. Ele rapidamente se levantou, apertando os lábios enquanto murmurava um breve "Desculpe".

Ofereceu a mão para ajudá-la a se levantar, mas Cassandra a ignorou. Com um esforço próprio, apoiou-se no chão e se ergueu lentamente.

Thaddeus observava em silêncio, sua expressão sombria. Sua mão estendida, agora inútil, se fechou em um punho antes de recuar.

Cassandra deu um suspiro frustrado, o cansaço e a irritação se refletindo em sua expressão.

— "O que foi?" — Thaddeus perguntou rapidamente, a preocupação evidente em seu tom.

Ela o encarou, a frustração clara.

— "Thaddeus, essa é toda culpa sua. Será que algum dos seus lobos colocou uma maldição em mim? Estava cuidando da minha perna, e agora, por sua causa, ela voltou a doer!"

Os olhos de Cassandra começaram a se encher de lágrimas, um sinal de sua exaustão acumulada. Cada encontro com Thaddeus parecia trazer ainda mais caos à sua vida, e ela já estava cansada disso.

Ver Cassandra à beira das lágrimas provocou uma dor inesperada no peito de Thaddeus, embora ele escondesse bem a emoção.

— "Eu assumo a responsabilidade." — Sua voz era firme.

Sem esperar mais protestos, ele se inclinou e a pegou nos braços.

— "Me solte!" — Cassandra gritou, tentando se soltar, mas Thaddeus a segurou com firmeza, ignorando seus protestos.

Ele a carregou até a sala e a colocou gentilmente no sofá. Então, pegou o telefone e fez uma ligação.

— "Chame o médico da matilha. Diga para ele ir até a Matilha Sandstrider, em Riverfront Bay."

O Beta, do outro lado da linha, ficou confuso, mas apenas respondeu com um breve "Sim, senhor."

Algum tempo depois, o médico da Lua Negra chegou e rapidamente começou a examinar o pé de Cassandra.

— "Como ela está?" — Thaddeus perguntou, observando à distância.

O médico levantou os olhos após terminar o exame.

— "O ligamento foi tensionado novamente. Ela precisará reiniciar todo o processo de recuperação."

A expressão de Thaddeus ficou sombria, enquanto Cassandra suspirava de frustração. Ela estava tão perto de abandonar a bengala, mas agora teria que começar tudo de novo.

Thaddeus tentou manter a compostura, mas um breve desconforto atravessou seus olhos.

— "Devo ir." — Ele se levantou, ajeitando o casaco. — "Por favor, reconsidere a oferta dos bens."

Cassandra manteve seu olhar frio.

— "Não há nada a reconsiderar. Eu disse que não queria, e mantenho minha palavra."

Percebendo que não adiantaria insistir, Thaddeus apertou os lábios e saiu em silêncio.

Nos dias que se seguiram, a delegacia dos lobisomens investigou e puniu aqueles que espalharam mentiras sobre Cassandra. Os líderes das empresas de mídia receberam chicotadas públicas, enquanto internautas ofensivos também foram punidos.

Kelly, por sua vez, manteve sua inocência, apesar das evidências claras contra ela.

No dia de sua segunda audiência, Cassandra e Quentin chegaram ao tribunal.

Seu pé já estava quase recuperado, e ela conseguia andar sem as muletas. No entanto, assim que estava prestes a entrar, foi interrompida por uma voz desconhecida.

— "Srta. Raeburn."

Cassandra se virou e encontrou uma mulher bem-vestida, com maquiagem impecável, mas um olhar triste e preocupado.

— "Posso saber quem é?" — Cassandra perguntou educadamente.

A mulher tentou sorrir, embora com dificuldade.

— "Sou a mãe de Kelly."

Compreendendo a situação, Cassandra suavizou sua expressão.

— "O que deseja, Sra. Miller?"