"O nome 'Harry Charles' significa o status, o poder e a riqueza..."
Presa na câmara frigorífica, Grace não conseguia escapar das palavras do mordomo, que ecoavam em sua mente.
Para ela, Harry não passava de um desgraç*do; um pervertido desprezível.
À medida que pensava nisso, uma sensação de loucura invadiu sua mente, fazendo-a arrastar-se pelo chão e encolher-se em um canto.
Agarrando-se a si mesma, Grace resmungou miseravelmente, e lágrimas brotaram em seus olhos.
A temperatura havia caído drasticamente, e o ar frio era de gelar os ossos. Mesmo assim, ela se esforçou para conter suas emoções. A determinação em seu rosto delicado era clara, e ela se mantinha firme, decidida a não implorar por misericórdia, mesmo diante da morte iminente.
Grace havia chegado à conclusão de que Harry era igual seu pai.
Ambos não acreditavam no que ela dizia.
Na verdade, ninguém parecia acreditar.
Ela não se recordava se havia estado naquele castelo, tampouco estava grávida. Sendo assim, como acabou se envolvido em problemas com esse tal Harry?
"Já se passaram três horas, Sr. Charles. Parece que a Srta. Astor realmente não estava mentindo."
Com a testa franzida, Roy fitava o grande monitor à sua frente, demonstrando certa preocupação.
Acomodado em um sofá de couro macio, Harry segurava uma taça de vinho tinto entre dois dedos, assistindo, entediado, às imagens das câmeras. "Abaixe a temperatura. Ponha no mínimo! Não acredito que essa mulher não vai falar nada."
Roy continuou a observar o monitor, seus olhos presos ao corpo magro e frágil de Grace, já coberto por uma camada branca de gelo.
"Mas já está frio demais lá, Sr. Charles. A Srta. Astor está fraca. Receio que..."
"Receia o quê? Se não fizermos isso, como ela vai dizer a verdade?" Inexpressivo, Harry inclinou-se para analisá-la mais de perto.
"Mas e se..."
Ploft!
Com raiva, o Duque arremessou sua taça de vinho e interrompeu as palavras do cientista, fazendo com que o clima ficasse ainda mais tenso.
Roy, que por pouco não foi atingido, abaixou a cabeça. "Sinto muito, Sr. Charles."
"Saia!"
"..."
Roy não teve coragem de dizer mais nada. Sem escolha, acabou indo embora.
Agora, Harry estava sozinho em sua sala.
No silêncio, ele desviou o olhar de volta à tela.
O corpo magro de Grace encontrava-se encolhido em posição fetal, e seu rostinho delicado estava tão branco quanto papel.
Seus longos cabelos bagunçados caíam em seu rosto, enquanto um leve traço de sangue escorria do canto de sua boca, denunciando a dor que sentia. Ela tremia de frio, mas mantinha-se firme, cerrando os punhos e mordendo os lábios.
Definitivamente, não estava disposta a admitir que já o tinha visto antes.
Ela era mesmo teimosa...
"Joe!"
"Você já prometeu antes, papai. Prometeu de mindinho. Posso esperar mais um pouco, mas não minta pra mim!", Grace respondeu com sagacidade.
"Eu nunca mentiria pra você." Ernest bagunçou os cabelos da filha e inclinou-se para beijar os lábios de Jessica Miller. "Se cuidem, tá?"
"Pode deixar, querido." Terminadas as despedidas, Jessica entrou no carro, com Grace nos braços.
Porém, alguns minutos depois...
Ouviu-se o som de uma buzina, seguido pelos gritos da multidão.
"Ajuda! Ajuda! Acidente!"
"Meu Deus, que tragédia... Essa menininha ainda é tão pequena."
"Será que aquela mulher tá viva?"
"Acho que ela morreu. Provavelmente, deve ser a mãe da criança."
"Que horror!"
"..."
A pequena Grace encontrava-se ajoelhada na poça de sangue, sacudindo a mãe desesperadamente e gritando a plenos pulmões: "Acorde, mamãe! Acorde! Não me abandona!".
"Mãe..."
De volta à realidade, ela sentiu seus cílios, longos e lindos, tremerem, e uma lágrima cristalina desceu por seu rosto.
"Não me abandona, mãe..."

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