Ponto de vista da Aria.
Hoje era meu dia, meu aniversário.
Acordei cedinho para fazer as tarefas domésticas, e nenhum deles me desejou um feliz aniversário, como sempre.
Eu mesma me dei feliz aniversário e saí de casa. Se pudesse fazer um desejo, desejaria ter um lobo.
Só espero encontrar meu companheiro, capaz de me amar, para escapar desse estilo de vida bagunçado.
Hoje decidi dar uma volta pela floresta, já que todos ainda devem estar dormindo por ainda ser muito cedo.
Estava tão empolgada que não conseguia ficar naquela casa nem por um segundo sequer.
"Que refrescante...". Fechando os olhos, aprecio o aroma do mato e da terra.
Era divino. Não é todo dia que posso sentir esse perfume. Eu queria tanto saber como é ter um lobo e correr por essa floresta, tomando sua forma.
O sol está nascendo lentamente, já quase amanheceu.
Sorri e continuei caminhando pela floresta.
Queria tanto correr pelo bosque, mas não quero esgotar a pouca energia que me resta, porque quando eu voltar para casa, vou precisar estar inteira para fazer as tarefas que a Susan vai inventar.
Suspirei e tirei esses pensamentos da minha cabeça. E foi aí que senti aquele cheiro divino, um cheiro que não havia sentido durante toda a minha vida repentinamente encheu minhas narinas.
Era forte e convidativo, e eu queria me perder nele para todo o sempre. Eu não tinha certeza, mas senti ser o meu companheiro, e seu cheiro era milagroso.
Mas como isso é possível? Eu não tenho um lobo, como eu o sentiria? Eu me locomovi até a origem do odor. A alguns metros de distância, eu o vi.
Não pode ser! Não! Porquê! Deusa da Lua?!
Por que logo ele? Meu maior inimigo!
Era o namorado da Amber, Alfa Allen, o futuro Alfa do bando Bright Moon!
O observei enquanto ele nadava. Saindo do rio, vi as gotículas d'água escorrendo por seu abdômen definido e desaparecendo em direção à sua virilha. Mordi meus lábios, olhando-o.
Do nada, ele prendeu a respiração, e eu saí do transe em que me encontrava, ficando parada como uma estátua instantaneamente.
Meu coração batia rápido enquanto ele levantava o nariz e cheirava o ar antes de se virar e dizer a palavra "companheira".
Percebi que a felicidade se esvaiu de seu rosto e ele franziu o cenho porque não conseguia acreditar em seus olhos nem entender porquê eu estava ali. Virou a cabeça e espiou atrás de mim, tentando ver se podia ter mais alguém ali, mas sua expressão piorou ainda mais quando percebeu que não havia ninguém ali além de nós dois.
Ele andou até mim com ressentimento e irritação.
Notei que ele travava uma batalha interna com seu lobo. Seus olhos mudavam de cor, alternando entre o verde natural de seus olhos para os olhos de seu lobo.
Estavam lutando pelo controle de seu corpo. Seu lobo queria assumir.
"Você é minha companheira? Com quem a Deusa da Lua me honrou?", forçou-se a perguntar com um tom de dúvida enquanto me encarava, esperando que eu dissesse "não".
"S-sim..." assenti com a cabeça. Eu sempre tinha tido uma queda por ele.
"Não, obrigado... eu não quero você". Suas palavras perfuraram meu coração sem piedade, mas eu ignorei a dor.
Fechou os olhos com força, abrindo-os logo em seguida. Reparei que tinham voltado à cor normal.
"Como a Deusa da Lua pôde me unir a uma coisa tão fraca quanto você, que nem tem lobo", rosnou, lembrando-me da minha dor.
"Temos qualidades diferentes e não podemos ser companheiros", cuspiu com veneno em sua voz.
Parando no meio do caminho, ele se virou e agarrou minha blusa, erguendo-me.
"Não quero que você conte a ninguém sobre o que acabou de acontecer aqui...".
"Saia andando como se nada tivesse acontecido. Ninguém deve saber disso, e você vai agir como se essa conversa nunca tivesse existido, entendeu?", falou com um olhar mortífero.
"S-sim...", murmurei imediatamente, anuindo com a cabeça.
"Ótimo, porque se alguém ficar sabendo disso, vou te esmagar e acabar com a sua vida aqui", ameaçou antes de me jogar no chão com força.
Me levantei, e ele foi embora como se nada tivesse acontecido.
Eu sei que ele tem vergonha de alguém ficar sabendo que ele está predestinado a ficar com uma zé ninguém como eu. Meu coração estava vazio, ele havia me rejeitado.
Onde eu estava com a cabeça? Eu esperava que ele escolhesse ficar comigo ao invés da Amber? Mas nós somos companheiros... Lágrimas escorriam pelo meu rosto.
Por que a Deusa da Lua sempre tem que brincar com as minhas emoções, será que eu não sofri o suficiente?
Será que me ver com dor é reconfortante pra ela?
A minha tristeza a satisfaz?
Eu estava morrendo de vergonha! Um soluço escapou das profundezas do meu coração partido. Me senti rejeitada, não amada, e indesejada.
Ninguém me quer. A tia Susan tinha razão, era melhor que eu estivesse morta.
Meu coração está partido. A dor persiste e destrói a pouca esperança que me resta e esmaga a pouca vida que tenho dentro de mim.
Que maneira de comemorar meu aniversário!

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