Ponto de vista da Aria.
Suas palavras eram afiadas e precisas como uma navalha, severas e brutais demais. Ele é impiedoso, cruel e feroz.
É óbvio que ele não me ama, e não tá nem aí. Logo será coroado o Alfa desse bando, e eu sei exatamente o que ele fará; irá escolher Amber como sua companheira e me banirá do bando.
Funguei meu nariz antes de sentir alguém me empurrar por trás, fazendo com que eu caísse na água barrenta na minha frente e torcesse meu pulso.
Ao me virar, estremeci de medo, vendo Amber marchando em minha direção. Dessa vez não estava acompanhada, havia vindo sozinha.
"Como... como eu posso ajudar você, Amber?", gaguejei tentando encontrar as palavras certas.
"Não sou eu quem deveria perguntar isso?", perguntou, com um sorriso malicioso em seus lábios.
"Hmm... É, talvez", murmurei.
"Talvez...", repetiu o que eu havia dito e deixou a palavra se prolongar.
"Bom, quero dizer, sim...", estremeci, limpando minha garganta.
"Ótimo".
"Sabe, às vezes eu me pergunto por que você ainda tá viva... seria melhor se tivesse morta".
"Sua presença me irrita, mas nem só isso, é como se você fosse uma pedra no meu sapato...".
Olhei para ela, sentindo dor e raiva, e pude ver ódio e frustração reluzirem em seus olhos.
Ela é maldosa e sua atitude é tão péssima que às vezes me pergunto o que o Allen vê nela além da beleza, porque ela pode ser nota dez nisso, mas no resto é um zero.
"Você não vale nada, Aria... você acha que eu sou uma idiota, uma loba cega", fez uma carranca.
"Você tem se tornado ainda mais tola e sem vergonha, eu te deixei sozinha por alguns minutos e você já achou que podia sair flertando, não só por aí, mas com o meu homem!", gritou a última palavra, fazendo com que eu recuasse instantaneamente, com medo.
Eu queria tanto dizer pra ela que seu suposto namorado era nada menos do que o meu companheiro!
Um par formado pela própria Deusa da Lua.
"Eu não tenho nada a ver com o seu homem", me forcei a dizer, apesar das últimas palavras me doerem por dentro.
Dói muito chamar o meu companheiro, meu Allen, de seu homem. Dói demais! Mas eu não podia fazer nada a respeito.
"Não ouse me fazer de idiota porque eu vi tudinho", rebateu.
"Foi ele que veio até mim", me defendi.
"E o que te impediu de ir embora, suas pernas não funcionam?", soltou, frustrada.
"Eu corri, mas ele é muito mais rápido do que eu".
"Ah!", gritei, segurando minha bochecha que agora doía, a expressão sofrida refletida em meus olhos que se estreitavam.
"Como você ousa mentir sobre o Allen?", me deu outro tapa, dessa vez na outra bochecha.
"Eu jamais mentiria sobre ele, eu falei a verdade. Agora por favor, me deixa ir embora", chorei.
"Sua meretriz, você me enoja".
"De todas as pessoas, você veio atrás logo do meu homem... você tá lelé da cuca?", chutou minhas costelas, fazendo com que eu gemesse de dor.
"O que é que tá acontecendo aqui?", ouvi uma voz atrás de mim, e era Allen.
Meu Deus, por favor, por que eu? Estou ferrada.
"Amor...". Virando-se, ela colou seus lábios nos de Allen, meu sangue fervia enquanto eu observava seus lábios se moverem em sincronia.
A mão dele se esgueira pela cintura dela, puxando-a para mais perto de si. Meu coração se despedaça enquanto observo com angústia e tristeza Amber agindo como se fosse calma e inocente.
Ela parecia uma loba raivosa tentando me devorar um minuto atrás.
O fato de que Allen nem reconhecia minha presença doía. Todo o seu foco estava em Amber.
"O que essa coisa está fazendo aqui?", Taylor, irmão de amber, soltou friamente.
"Ahh! Quanto a isso...", um sorriso perverso se abriu em seus lábios.
"Eu só tava tentando ensinar uma lição pra ela", murmurou.
"Sem nós...", seus caçulas reclamaram.
"Só queria lidar com ela sozinha", proferiu com um sorriso diabólico.
"O que aconteceu?", Allen a cortou com um tom gelado em sua voz.
"Amor, ela te xingou", inventou, fazendo com que Allen e outros me olhassem com inteções mortíferas.
"Eu... eu...".
"CALADA!", Allen rosnou alto.
"Ela disse que você tava perseguindo ela e forçando ela a ter relações íntimas com você", mentiu novamente.
"Sai da minha frente!", empurrou-me com força para longe dele como se eu fosse uma leprosa.
"No dia em que eu for coroado o Alfa, meu primeiro ato como o Alfa do bando Bright Moon vai ser te banir daqui", cuspiu.
"Por quê?".
"Por quê eu, Allen?", gritei desesperada.
"Alfa Allen para você, imbecil", retrucou.
"Não mais, Allen, afinal de contas, você não me quer aqui", murmurei.
Minhas mãos ficaram úmidas enquanto eu apertava meus shorts por conta do nervosismo.
Seus olhos escuros se estreitaram e seu cenho se franziu levemente enquanto ele se inclinava em minha direção. Agarrou meu queixo com força, antes de rosnar em um tom baixo e perigoso.
"Você tomou coragem, Aria... está de parabéns".
Olhando nos olhos dele, murmurei. "Não tomei coragem nenhuma, meu único crime foi te amar, Allen!".
Ele congelou feito uma estátua antes do seu olhar ser tomado por raiva e provocação, e me empurrou com força.
Eu tropecei para trás, perdendo o equilíbrio, e minha cabeça se chocou contra uma pedra próxima a mim. O sangue escorria da ferida, e raspei meu cotovelo nas beiradas afiadas da rocha tentando me levantar.
"Deixe meu bando! Eu não quero mais ouvir falar de você ou ver um vulto seu por aqui", ele cuspiu.
Ele não só me rejeitou, mas também queria tirar de mim tudo que eu tinha.
"Allen... Allen", chamei por ele com o coração cheio de feridas profundas.
"Vá embora e nunca mais volte...", pausou antes de continuar.
"Se eu te ver por aqui de novo, Aria, seu castigo será a morte". Ele foi embora, me deixando sozinha mais uma vez, angustiada e com dor.
Fechei os olhos e permiti que lágrimas silenciosas escorressem pelo meu rosto.
Ele não me quer! Eles não me querem! Então eu não precisava ficar aqui pra começo de conversa, só estou ocupando espaço.
Me forcei a levantar, mesmo com as pernas bambas. Ando em direção ao penhasco e vejo a violenta correnteza logo abaixo, indo só Deus sabe para onde.
Olho para o céu lentamente e deixo escapar um pequeno sorriso triste.
Lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu mordia minha língua para tentar controlar minhas emoções "Eu voltarei, Allen...".
Foi a última coisa que disse antes de fechar os olhos e pular do enorme penhasco.

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