A sua espera romance Capítulo 55

— Eu não acredito que você fez isso — estava gritando com Ana há uma hora desde que descobri que ela havia enviado o e-mail para Gabriel.

— O que você acredita que eu deveria ter feito?

— Não deveria ter se metido nisso. Nem sei por que te contei sobre a gravidez.

— Me contou porque sou sua única amiga.

— Você me traiu. Disse que não faria nada ao respeito e depois foi lá e me apunhalou pelas costas.

— Pelo amor de Deus, sem drama. Além disso, é direito dele saber. Ou assumirá outro bebê sozinha?

Joguei-me no sofá exausta.

— Você não percebe o que acabou de fazer? — perguntei encarando minha amiga.

— Acabo de avisar Gabriel que tem responsabilidades aqui para assumir.

— Eu decidi assumir sozinha quando resolvi levar essa gravidez adiante.

— Você já tem Valentina e ela ainda é tão pequena. Você consegue imaginar como será uma loucura cuidar de duas crianças com idades tão próximas?

— Darei conta dos dois… — retruquei.

— Não estou dizendo que não dará conta. Eu só não quero que você desapareça.

— Como posso me dar esse luxo com um bebê nos braços e outro a caminho?

— É disso que estou falando. Você não pode cuidar de tudo sozinha. Eu e Beto estamos do seu lado, sempre estaremos, mas você precisa do pai para te ajudar.

— Mas ele está com Mel.

— Foda-se com quem ele esteja. Você não ficou grávida por se pensamento. Ele terá que te apoiar em tudo, nem que para isso, eu tenha que comprar uma passagem e ir atrás dele — disse sentando ao meu lado — eu só quero seu bem.

— Mas estou bem.

— Divergimos sobre isso. Você parece um fantasma. Não sai de casa, passa metade do seu dia no quarto. Olha esses cabelos… Qual foi a última vez que viu um pente?

— Quem se importa com meus cabelos?

— Eu me importo. Você não está se alimentando direito há um mês. Quer desaparecer? Você não ficou assim nem quando Eduardo foi embora.

— Porque Eduardo não era quem eu realmente amava, mesmo que por um tempo eu pensasse amar.

— Já o Gabriel…

Parei por um tempo, procurando uma resposta.

— Gabriel foi meu porto seguro, meu melhor amigo… Ele se tornou algo que eu não podia perder.

— Você deveria ter ido atrás dele naquele aeroporto quando te ofereci para te levar.

— Nada mudaria. Ele ainda iria embora.

— Nunca saberemos.

Ficamos em silêncio por alguns minutos até ouvir o interfone tocar. Ana se levantou e foi atender.

— Alô… Quem?

Olhei para Ana quando ouvi sua voz subir um décimo.

— Pode deixar subir — disse desligando o telefone.

— Quem é?

— Hum? Não pensei que seria tão rápido.

— Quem está subindo Ana?

Ana olhou para a porta e depois me encarou.

— Acho uma boa ideia você tirar esse pijama e vestir uma roupa, Gabriel está subindo.

— O quê? — falei já saltando do sofá — mas você mandou o e-mail há uma hora.

— Ou ele viajou na velocidade da luz, ou ele já estava aqui.

— Como? Quando chegou?

— Perguntaremos quando ele passar por aquela porta — disse apontando no momento em que ouvi uma batida leve.

— Ele chegou.

— Então vá lá abrir a porta.

— Foi você quem mandou subir — joguei de volta.

Ana revirou os olhos.

Vi quando ela seguiu para a porta e respirou antes de abri-la.

— Pensei que o Japão fosse um pouco mais longe.

— Onde está a Lia?

Ouvir sua voz depois de um mês foi como poder ouvir pela primeira vez. Passei noites dormindo e sonhando com sua voz sussurrando ao meu ouvido, contando suas piadas sem graça, ou simplesmente pronunciando meu nome.

Ana terminou de abrir a porta e então pude vê-lo. Ele havia deixando a barba crescer, dando-lhe uma aparência mais velha.

Estava despojado em calças jeans e camisa preta com gola V. Meu coração deu um pequeno salto mortal quando vi que seus olhos vieram direto nos meus.

— Só para deixar uma coisa aqui bem claro. Ainda odeio pelo que você fez. Mandei o e-mail pensando no que seria melhor para Lia.

Gabriel nem moveu o olhar para o que Ana estava falando, parecia extasiado por me ver depois de um longo tempo separados.

Soltei meus cabelos que estavam presos em um coque alto.

— Parece que acabei de ficar invisível… Então verei como minha sobrinha está.

Nenhum de nós ameaçou desviar o olhar para a saída de Ana. Sua presença tomou conta totalmente do ambiente, sugando o meu oxigênio.

— Você deixou a barba crescer — falei a primeira coisa que me veio à mente.

— Pensei que deveria mudar um pouco — respondeu ainda parado no mesmo lugar.

— Ficou legal.

— É…

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