Acordei casada romance Capítulo 23

Rolei muito na cama, pensando em uma saída. Eu até poderia contar para o Fred, mas ele e Diego eram muito estressadinhos e poderia acabar em briga ou até mesmo acontecer algo pior.

Minha noite foi difícil, não consegui pregar o olho, não queria envolver Fred nisso, por isso pensei em alguma coisa e cheguei a uma conclusão.

Procuraria Bia e Léo no dia seguinte assim que eu saísse do hotel do Diego. Acho que três cabeças pensariam melhor e talvez eles pudessem me ajudar, não deixaria esse babaca me chantagear desse jeito. Ele não sabia com quem estava mexendo, esse lado meu ele não conhecia. E eu iria surpreendê-lo.

Então mais calma e decidida, fechei os olhos na esperança de conseguir dormir um pouco e finalmente adormeci.

Trililin trililin trililin...

— Que droga, quem será que está me ligando no celular essa hora? — Revirei meus olhos enquanto tentava me manter acordada.

Trililin...

Peguei o celular correndo e quando olhei no visor, vi que era o Fred. Meus batimentos falharam e eu não saberia dizer se era por ser ele ligando ou por eu ter que fingir que não tinha nada acontecendo. Depois de todos aqueles meses junto dele, já havia aceitado o fato de estar completamente apaixonada por ele e eu jamais o colocaria em uma furada por minha culpa. Ele merecia aquela herança, mesmo que suas intenções iniciais fossem as piores possíveis. Agora ele tinha Beka e ela precisava de todo o conforto que aquele dinheiro iria lhe oferecer.

— Oi, Fred! — Atendi meio sonolenta, mas com meu cérebro ligado, processando as informações que rondavam minha cabeça.

— Bom dia, dorminhoca.

— Bom dia.

— Liguei para saber como minhas prin... é... para saber como a Beka está?

— Ela ainda está dormindo, Fred, mas está bem...

— Sophia, pela sua voz, você parece cansada.

— Não dormi direito essa noite.

— Por quê? Aconteceu alguma coisa? Você não é de perder o sono.

— Não aconteceu nada, apenas problemas no hospital e isso me tirou o sono. — Não podia dizer a verdade.

— Entendo, fique tranquila, sei que tudo dará certo.

— Já estou melhor, obrigada.

— Mas me diz uma coisa, quem era na campainha ontem à noite? Fiquei aqui pensando quem seria.

E agora o que falaria para ele? Já era tarde para dizer que era o entregador de pizza, pois ele sabia que eu nunca pedia pizza tão tarde assim, odiava comer tarde da noite.

— Sophia, você está aí?

— Sim, estou.

— Então, quem era?

— Ah, não era nada demais... — Dei um bocejo alto tentando ganhar tempo para pensar em algo. — Era... a... o porteiro.

— O porteiro?

— Sim... Ele esqueceu... De me avisar.

— Avisar o quê àquela hora?

— Que hoje vai faltar força no prédio até às três da tarde, foi só isso — falei finalmente pensando em algo.

— Que estranho, ele nunca se esqueceu de avisar.

— Pois é, também achei estranho. Fazer o quê, deveria estar muito ocupado e acabou se esquecendo.

— Tá certo, então. Mas e aí, Diego ligou novamente?

— Ligou sim, mas não atendi, como sempre. Não entendo esse seu interesse em saber se ele me ligou — menti novamente para ele, pois Diego não havia simplesmente ligado, o infeliz apareceu em minha casa de corpo e alma para importunar.

— Ele não vai desistir, hein?! Eu já falei, eu me preocupo com você e não confio nele.

— Já disse que sei me cuidar, Fred, preciso desligar, já está na hora de me arrumar para ir trabalhar.

— Tá certo, vai lá, dá um beijo na minha princesa por mim.

— Darei sim, tenha um ótimo dia!

— Para você também, ligarei a noite beijos, linda — E desligou.

Mas eu tinha ouvido bem? Fred me chamou de linda? Não sabia se era impressão minha, mas estava começando a achar que ele, realmente, sentia o mesmo que eu sentia por ele... Ele andava me tratando com muito carinho e consideração.

“Para de fantasiar, Sophia!”, repreendi a mim mesma. Devia ser coisa da minha cabeça, estávamos juntos há onze meses e ele nunca tocou nesse assunto. Apesar de que nos últimos dias ele insistiu para que conversássemos várias vezes, mas sempre alguma coisa atrapalhava e acabava ficando para depois. No entanto, tinha certeza que o que ele queria tanto falar comigo era sobre o casamento que estava chegando ao fim. Sim, definitivamente devia ser apenas isso.

Todos ainda estavam dormindo, pelo visto Beka não havia acordado nenhuma vez durante a noite, dormiu bem, pois às vezes acordava assustada e chorando à noite. Então aproveitei que todos estavam dormindo, me troquei e depois preparei o café deixando a mesa pronta e fui trabalhar.

No hospital, foi tudo tranquilo, a hora passou que eu nem vi e já estava na hora de ir ao encontro daquele babaca. Nunca pensei que Diego fosse assim, pois nunca me mostrou esse lado quando namorávamos. Bom, ele também nunca conheceu meu outro lado... E se ele achava que era uma caixinha de surpresas, que esperasse para ver o que eu tinha reservado a ele!

No caminho do hotel onde Diego estava hospedado, fui pensando no que eu falaria. De uma coisa eu sabia: tinha que ser convincente.

Estacionei o carro e entrei, fui até a portaria e perguntei sobre o Diego, o rapaz disse que ele estava na suíte presidencial Encanto, no trigésimo andar, quarto dois. Agradeci e fui direto para o elevador observando o lugar. O hotel era lindo, a recepção onde eu estava era inteirinha de vidro, dava para ver o movimento da rua. Era definitivamente um hotel chique e moderno, luxuoso mesmo.

Enquanto o elevador não chegava, aproveitei para dar uma boa olhada na decoração do hotel. Ele era charmoso, elegante, fiquei me perguntando quando Diego havia se tornado esse homem tão mesquinho e imbecil. Será que ele sempre foi assim e eu nunca percebi? Depois, quando a campainha avisou que o elevador já havia chegado, um rapaz muito bonito que vestia o uniforme do lugar, me deu um sorriso acolhedor e deu sinal para que eu entrasse.

— Qual andar, senhorita?

— Trigésimo.

— Ah sim, o andar do senhor, Diego Vally, ele te espera. — Não entendi, por que o andar do Diego?

— Por que diz o andar do Diego?

— Você não sabe?

— Do quê?

— Senhor Diego Vally é o novo proprietário desse hotel, esse andar é todo dele.

— Você está querendo me dizer que Diego é dono desse lindo hotel e que mora aqui?

— Sim, é isso mesmo, faz onze meses que ele comprou esse hotel.

Nossa, eu sabia que o pai do Diego tinha muitos hotéis espalhados por três países. Um deles ficava em Londres, e por isso ele foi embora, para administrar o hotel do pai dele. No entanto, nunca imaginei que ele tivesse comprado um hotel, então foi por isso que voltou, não foi por mim como disse. Não queria admitir, mas senti uma pontinha de decepção com essa informação.

— Senhorita, chegamos — o rapaz falou, me tirando dos meus pensamentos.

— Obrigada.

— De nada, senhorita — Ele disse assim que a porta se abriu, e quem estava em frente à porta do elevador com uma rosa vermelha nas mãos? O próprio Diego.

— Boa tarde, senhor Vally, ela está entregue — falou o rapaz assim que saí do elevador.

— Boa tarde, Jonas. E obrigado.

— Disponha, senhor.

A porta do elevador se fechou e eu fiquei ali parada olhando para aquele babaca. Peguei a rosa que ele me entregou com certa frieza, mas se tinha que convencê-lo do que faria agiria naturalmente, sem demostrar raiva.

— Obrigada, senhor Vally, pela rosa — agradeci lhe dando um sorriso irônico.

— Engraçadinha, para você é Diego. Mas pensei que não viesse... Desculpe, na verdade, tinha certeza que vinha. — Dei um sorriso sem graça para ele, que o retribuiu. — Vamos entrar, linda. — Ele pegou em minha mão, e foi me puxando me guiando por um corredor todo branco, com quadros de paisagens de ambos os lados. Eram quadros bonitos e o lustre do corredor era em cristal, bem diferente de qualquer hotel que já havia ido.

Ele parou em frente a uma porta branca e dourada de duas folhas e abriu, na mesma hora soltei da mão dele.

— Chegamos. É aqui que eu estou morando, naquela noite que te procurei era sobre isso que eu queria te falar, por isso não te procurei antes, estava fechando um negócio, ou melhor, comprando esse hotel.

Quando entrei, fiquei maravilhada com o lugar, era tudo muito sofisticado e bonito. Grande demais para ser um quarto de hotel e, na verdade, se parecia com uma casa, pois na sala havia um sofá de canto muito grande e branco, parecia que o sofá era de pelúcia, com almofadas pretas, com bolas brancas, um tapete também branco mesclado de preto muito peludo. Havia uma mesa de centro de vidro, até os pés eram de vidro. Tinha uma televisão de plasma enorme na parede e embaixo uma prateleira de vidro, com muitos porta-retratos. No canto esquerdo da sala tinha uma escada com mais ou menos dez degraus, acho que dava nos quartos. Bom, a verdade era que eu não sabia e nem queria saber onde daria.

Nunca havia visto móveis tão diferentes e bonitos, pareciam casar perfeitamente com o resto do apartamento. Tudo em preto e branco, combinando com as mesas que eram de vidros. Tudo muito elegante e harmonioso! Para falar a verdade, ali era tudo tão bonito que em nada se parecia com a alma podre do dono.

— E aí, Sophia, gostou? Pois é aqui que vamos morar, quando você se divorciar.

— É lindo, mas não me acostumaria num lugar como este.

— Isso quer dizer que você topa casar comigo?

— Se você prometer que nunca mais irá se aproximar do Fred, me caso com você quando eu me divorciar.

— Claro que prometo, faço tudo para ficar com você! — Ele afirmou se aproximando de mim, levantou o meu queixo e me olhando, falou: — Prometo te fazer a mulher mais feliz desse mundo, e deixo você redecorar esse apartamento como preferir. — Então ele tentou me beijar, eu abaixei a cabeça e saí indo para perto da escada.

— Diego, me prometa uma coisa, não force a barra, eu ainda não me esqueci de você com outra mulher e ainda estou casada.

— Tudo bem, vou ser paciente — disse ele se aproximando novamente de mim e continuou: — Pois depois que nos casarmos, vou ter você só para mim — falou passando a mão em meu cabelo. — Mas quero te ver mais vezes antes disso.

— Não sei se será possível, pois posso pôr tudo a perder te encontrando. Estou casada, lembra?

— Sophia, ninguém sabe que sou dono desse hotel, somente quem trabalha para mim, que é da minha confiança, por isso podemos nos encontrar aqui.

— Vou pensar no assunto e te mando uma mensagem com a minha resposta. Agora preciso ir.

— Ok, mas se não me mandar, eu te ligo.

— Não precisa me ligar, eu vou te mandar, prometo — falei indo em direção à porta e ele a abriu para mim, na mesma hora pegou o celular e ligou para alguém.

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