Adeus, Sr. Rocha: A Vingança da Mulher Que Caminha de Novo romance Capítulo 3

As palavras calmas cortaram o coração de Júlia Nascimento como uma lâmina afiada.

Um lobo em pele de cordeiro.-

Arrogante quando tem poder.

Era exatamente esse tipo de pessoa que Sra. Rocha era.

No passado, Júlia salvara Sérgio Rocha, enquanto Mariana Dourado chorava copiosamente diante dela.

Prometeu que jamais esqueceria tamanha bondade.

Se não fosse por Júlia, talvez Sérgio Rocha já estivesse morto.

Foi algo tão comovente que tocou a todos ao redor.

Mas, quando a avó de Júlia sugeriu que Sérgio Rocha se casasse com ela,

As lágrimas de Mariana cessaram.

O olhar que ela lançou foi como uma faca cravada no peito de Júlia.

Parecia odiá-la a ponto de desejar sua morte.

Essas memórias voltavam vívidas à mente.

Sentada na cadeira de rodas, Júlia Nascimento fitava o céu escurecendo.

A transição da primavera para o verão em Cidade R trazia temperaturas instáveis; à noite, a brisa era gelada, e mesmo sob o beiral, o frio incomodava.

Uma manta repousava sobre seus ombros, enquanto Joana, em voz baixa, tentava acalmá-la:

— Não pense mais nisso.

— Difícil... — suspirou Júlia, relaxando um pouco a postura rígida.

Seus pais haviam morrido em um acidente de carro quando ela tinha quinze anos; criada pela avó, aos 22, Júlia voltou do exterior para Cidade R para visitá-la, que estava doente. Nunca imaginou que, por mero acaso, acabaria envolvida no sequestro armado pela família Rocha. Perdeu o movimento das pernas — e também seu futuro casamento.

— Vamos jantar, minha querida — disse Joana, que cuidava de Júlia desde pequena e, mesmo após o casamento, permanecia ao seu lado.

Joana empurrou a cadeira de rodas até a mesa e limpou cuidadosamente as mãos de Júlia com uma toalha morna.

Júlia pegou o garfo e a faca, com gestos elegantes, típicos de quem crescera em uma família tradicional.

Ela deveria ser uma estrela.

Mas havia caído.

Joana desviou o olhar, incapaz de suportar a cena.

Virou-se para arrumar a mesa silenciosamente.

O som da porta da frente interrompeu o silêncio.

Pelo que conhecia da rotina, Sérgio também não insistiria.

Mas, naquela noite, ele parecia mais inclinado a compartilhar:

— O Quan abriu um clube no oeste da cidade. Ontem foi a inauguração. Todos se reuniram; bebi demais e acabei não voltando.

Júlia assentiu:

— Entendo.

— Ficou chateada?

— Diretor Sérgio — Júlia largou os talheres e o fitou —, não vejo razão para me aborrecer com algo que já se tornou corriqueiro.

— Júlia Nascimento, não precisa ser irônica comigo — Sérgio, aborrecido, manteve o olhar pesado sobre ela, carregado de tensão —. Quando sua família me obrigou a esse casamento, já era de se esperar que chegaríamos a esse ponto.

— Não somos amantes, não há sentimento entre nós, só a dívida de um favor. Que bom resultado poderíamos esperar disso?

— Jamais esperei um bom resultado de você — Júlia respondeu, ressentida.

Se não fosse por ele, provavelmente estaria agora no topo da sede do Grupo Nascimento — não presa a uma cadeira de rodas.

— Estou cansada, vou descansar.

Júlia acionou o botão da cadeira de rodas, preparando-se para sair.