Amaldiçoado romance Capítulo 65

Alexandre Monte Negro

Alguns meses depois...

_ VOU ENTRAR NA DESGRAÇA DESSE QUARTO E NINGUÉM NESSE INFENRO DESSE MUNDO VAI ME IMPEDIR! QUERO VER SE ALGUÉM VAI TER PEITO PARA ME BARRAR!

__ calma senhor Monte Negro! Logo sua filha virá ao mundo!

Antônia tenta me acalmar e eu estou a ponto de explodir, quero entrar na desgraça desses aposentos, quero saber se a minha mulher está bem, quero segurar meu filho nos braços, quero matar o doutor, quero explodir tudo a minha volta nesse inferno, estou pior que uma dinamite, uma fagulha e eu explodo!

__ menina desgraça nenhuma! A Kassandra está parindo um filho macho, meu filho homem, o Alexandre II!

__ desculpe sr Monte Negro, só falei menina por costume de tanto ouvir a Kassandra falar que era uma menina, uma ursinha como ela costuma chamar!

__ meu cipó só faz filho macho nessa desgraça!

__ agora preciso retornar aos aposentos SR Monte Negro, preciso auxiliar o doutor, não se preocupe a minina é forte, ela está lutando bravamente para trazer o filho de vocês ao mundo!

Passo aos mãos pelos cabelos querendo arrancalos, faço o mesmo com a barba, ando de um lado para o outro e sou capaz de jurar que estou sentido o chão rachar sob meus pés de tanto que já andei em círculos!

O maldito do doutor me expulsou dos aposentos após meu terceiro berro, ele disse que eu estava atrapalhando e deixando a Kassandra agitada,

olhei a nanica e a vi se contorcer de dor, ela gemia, se contorcia, seu corpo miúdo estava tremendo, seus olhos molhados de lágrimas, sua testa suada, eu quis pegar aquela dor para mim, quis arrancar tudo aquilo dela e jogar em cima de mim,

eu aguento! sou casca grossa, sou forte, ela não! ela é frágil, pequena, delicada, me senti pela primeira vez de mãos atadas!

__ fora senhor Monte Negro, fora! Preciso de silêncio, o senhor é uma fanfarra encarnada, uma algazarra em forma de homem, Fora desses aposentos!

O olhei com rancor, com ódio, mas ele me olhou pela primeira vez de queixo erguido como um doutor deve olhar!

__ eu sou o doutor, eu sei o que faço, eu mando nesse momento! Saia, está me deixando nervoso!

O segurei pelo Jaleco e o suspendi do chão!

__ se algo acontecer a minha mulher ou ao Alexandre II sua alma já terá uma passagem garantida ao inferno, irá conhecer Lúcifer o meu pai!

Olhei mais uma vez a nanica sofrendo tão pequena para suporta tanta dor e sai deixando meu coração com ela!

Kassandra Monte Negro

__ Vamos senhora empurre, faça força, seu filho precisa de você!

Ouvia a voz do médico com uma miragem distante, queria fazer como ele pedia, mas não estava conseguindo, a dor era demais, me deixava mole, me tirava tudo, até o ar.

Nunca senti uma dor igual, nem quando fui castigada por meu esposo em dias ruins, nada se comparava a isso, nada!

__ abra mais as pernas senhora, empurre pense no seu filho, faça força ele precisa nascer, ele quer nascer!

__ minha ursinha...

Pensei nela e dei tudo de mim, fechei os olhos, gritei empurrei, ardeu, queimou, me rasgou,

chorei, pensei em desistir, pensei em me entregar, mas a vontade de ter minha ursinha nos braços era maior, empurrei de novo, me contorcir, fui assim mesmo sem puder, mais fui.

__ isso senhora, assim mesmo você esta indo muito bem, vamos!

__ AAAAAAAAAAAHHHHHHHHH

Gritei quando senti algo me rasgando, me partindo ao meio,

__ já estou vendo a cabecinha, bem cabeluda por sinal, empurre senhora vamos!

Empurrei, dei mais do que tinha dentro de mim, mais do supus ser capaz, me entreguei inteira, até ouvir um choro alto, fino estridente, reclamando, exigindo, desabei, vivi, renasci, chorei, berrei.

__ nasceu, minha nossa senhora como é grande, o maior bebê que já vi! Não acredito, o que é isso? Senhora faça força tem outro bebê vindo ao mundo.

Outro? Renasci, fiz força, lutei, me entreguei novamente buscando algo no meu interior como nunca fiz na vida,

__ isso senhora, isso, vamos só mais uma vez, empurre, força!

__ esse saiu mais fácil, o primeiro abriu caminho!

Outro choro, outro grito, outro berro fino, não restava dúvidas que eram filhos de Alexandre o gigante,

mesmo acabando de nascer tinham vozes potentes como se fossem eles que mandassem no mundo e nós fossemos seus suditos, exigindo tudo!

__ minina que preciosidade, meus Deus obrigada! Obrigada!

Antônia estava aos prantos em cima de mim, agradecendo, me beijando no rosto, sorrindo e chorando ao mesmo tempo, ela estava totalmente em êxtase,

__ que preciosidade minina, são dois! Dois bebês!

__ mãezinha quero ver, me deixe vê-los!

__ sim minina, vou pegar eles, me dê cá doutor!

Antônia coloca uma coisinha miúda nos meus braços, depois da a volta no leito e coloca algo no outro braço,

Olho e vejo os olhos de Alexandre me olhando, verdes, firme, profundo, viro para o outro bebê e lá esta os mesmos olhos verdes, penetrantes iguais ao do pai, lábios rosados, uma fina pelagem loira na cabeça, me apaixonei a primeira vista, me vi encantada com tanta perfeição,

__ doutor os bebês são meninas?

micro infarto 1

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Amaldiçoado